Em Recife, o estoque passou de 8.000 unidades no momento mais agudo da crise de 2015 a 2018 para 2.300 unidades no fim do ano passado (Leonardo Yorka/Exame)
Marcelo Sakate
Publicado em 19 de agosto de 2021 às 05h40.
O mercado imobiliário em Recife atravessa uma das maiores reviravoltas do país. Um ano atrás, os preços dos imóveis negociados estavam em queda; neste ano, estão em aceleração e já acumulam uma alta de 7,60% nos 12 meses até julho. Trata-se da maior variação na cidade desde 2013, antes da crise que abateu todo o setor a partir de 2015.
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A razão é o descompasso entre uma oferta limitada, principalmente por causa da legislação municipal considerada restritiva para a construção de empreendimentos, em especial no centro da cidade, e uma demanda que voltou com força graças à redução acentuada dos juros habitacionais. Diante desse quadro de desequilíbrio, houve forte queda das unidades disponíveis à venda.
Em Recife, o estoque passou de 8.000 unidades no momento mais agudo da crise de 2015 a 2018 para 2.300 unidades no fim do ano passado. Parte do mercado migrou para cidades vizinhas, como Paulista, a despeito do perfil de renda média menor.
“Não temos apartamento pronto em estoque. Os últimos lançamentos venderam 100% depois de uma semana, às vezes até antes”, diz Diego Villar, CEO da Moura Dubeaux, a maior incorporadora do Nordeste. Segundo o executivo, “o tamanho do mercado está sendo ditado pela oferta”.
O quadro de oferta limitada tende a melhorar com a aguardada regulamentação do novo Plano Diretor aprovado no fim de 2020, afirma Avelar Loureiro, presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE). O novo plano flexibiliza a construção de empreendimentos em corredores com transporte urbano mediante pagamento de outorga e deve fazer deslanchar os lançamentos pelas incorporadoras, segundo o dirigente da entidade.
Mas, para Villar, o mercado na capital de Pernambuco deve demorar para reencontrar um equilíbrio entre oferta e demanda e, até que isso aconteça, os preços médios de imóveis devem continuar a subir. Por outro lado, ele aponta que o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) deve desacelerar até em razão do alívio sobre o câmbio e da estabilização da cotação do minério de ferro.
Segundo Villar, o mercado só deve estabilizar em três anos, e isso desde que as condições de taxas de juro e de oferta de crédito habitacional pelos bancos permaneçam nos patamares favoráveis em que estão desde o ano passado.
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