O Goldman Sachs estima, que todas as dez maiores economias do mundo crescerão (Getty Images/Getty Images)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 06h00.
A era de juros baixos e do excesso de dinheiro na economia global ficou para trás, após o aumento das taxas pelos bancos centrais para combater a disparada da inflação nos países desenvolvidos e nos emergentes. No mercado, os analistas mais pessimistas temiam que uma recessão mundial estaria no horizonte diante de uma política monetária coordenada para enfraquecer o nível de atividade e reduzir o preço de produtos e serviços. Tamanha era a preocupação entre os analistas que o Goldman Sachs estimava, em janeiro de 2023, uma probabilidade de 35% de recessão nos 12 meses seguintes nos Estados Unidos, a maior economia do mundo. Além disso, os sinais de desaceleração da China, a segunda maior economia global, eram fontes adicionais de preocupação. O cenário, agora, é outro.
A esperada recessão não se materializou. O que se viu foi uma resiliência das famílias e dos níveis de emprego que sustentaram o crescimento no mundo. Os dados divulgados ao longo do ano levaram o economista-chefe do Goldman Sachs, Jan Hatzius, a esperar um crescimento global de 2,6% em 2024, acima do consenso de 2,1% do mercado. A probabilidade de recessão nos Estados Unidos caiu de 35% em janeiro para 25% em fevereiro. Desde setembro, fixou-se em 15%. Segundo Hatzius, quatro fatores explicam esse otimismo em relação à atividade econômica mundial. “Esperamos várias forças favoráveis ao crescimento global em 2024, incluindo um forte crescimento real da renda das famílias, um menor impacto do aperto monetário e fiscal, uma recuperação na atividade manufatureira e uma maior disposição dos bancos centrais em fornecer cortes preventivos se o crescimento desacelerar”, diz, em relatório.
Na prática, brasileiros e americanos — e cidadãos das grandes economias globais — têm se beneficiado do mercado de trabalho aquecido, de um processo de desinflação e aumento da massa salarial. O Goldman Sachs estima, por exemplo, que todas as dez maiores economias do mundo crescerão em 2024. Ou seja, voltou à roda de conversas a ideia de um “pouso suave” — crescimento econômico com desaceleração inflacionária —, especialmente nos EUA. É um bom presságio para começar o ano.