Simulação da plataforma Zwift: gráficos de alta resolução e resposta integrada ao desempenho do atleta | Divulgação (Zwift/Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 30 de julho de 2020 às 05h30.
Última atualização em 30 de julho de 2020 às 13h20.
Não é regra, mas é quase unânime: atletas amadores se mantêm motivados por meio das competições. Provas de rua de 10 quilômetros ou maratonas inteiras, triatlo ou tours de ciclismo, o que importa é competir e colocar a medalha no pescoço no fim de tudo. Mas a pandemia do coronavírus forçou o cancelamento de todos os eventos desse tipo mundo afora e jogou um balde de água fria em quem tinha provas agendadas — acompanhadas, é claro, de meses de investimento financeiro, treinamento físico e mental. Sem perspectiva de retorno, as organizações estão anunciando versões virtuais de seus eventos.
É o caso da Maratona de Boston e do Ironman, dois dos mais tradicionais eventos esportivos do calendário mundial. “Nossa prioridade é proteger a saúde da comunidade. O mundo não pode vir a Boston neste ano, então levaremos a Maratona de Boston ao mundo com uma experiência virtual que capta o espírito, a comunidade e a celebração da corrida”, disse Tom Grilk, CEO da Boston Athletic Association. As taxas foram reembolsadas e novos corredores puderam se inscrever. O atleta deverá completar o percurso de 42.195 quilômetros entre os dias 7 e 14 de setembro, dentro de um período máximo de 6 horas, e fornecer uma prova de tempo. Todos os que terminarem a corrida virtual receberão camiseta de participante, medalha, número de peito, entre outros suvenires.
O Ironman segue um formato parecido. “Na plataforma Ironman Virtual Club, os atletas competem, registram seus tempos e somam pontos, que podem ser trocados por produtos da linha licenciada e medalha”, explica Carlos Galvão, CEO da Unlimited Sports, organizadora de todas as etapas no Ironman no Brasil e do circuito de triatlo Triday Series. Os eventos estão acontecendo periodicamente, até o fim do ano.
Por aqui, competições de grande porte começam a trilhar esse caminho: as maratonas de São Paulo e do Rio de Janeiro já anunciaram que farão provas virtuais nas próximas semanas. “Recebemos pessoas de todos os cantos do país, e isso aumenta muito nossa responsabilidade. Em paralelo, observamos o interesse crescente do público brasileiro por corridas virtuais. Estudamos as plataformas e encontramos a que mais se conecta aos nossos objetivos”, explica Fernanda Cozac, diretora de marketing da Maratona do Rio de Janeiro. Todos os corredores que realizarem suas provas receberão medalha, e os quilômetros corridos serão revertidos em doações para ajudar no combate à covid-19.
O educador físico e diretor de assessoria esportiva Rodrigo Lobo estava inscrito em todas essas competições citadas. “Tinha pelo menos duas provas por mês planejadas para este ano e admito um pouco de preconceito com as provas virtuais”, diz. Como muitos, depois de perceber que não poderia voltar às provas de rua tão cedo, Lobo se rendeu e participou da L’Étape Virtual, uma das etapas do Tour da França de ciclismo. “Eu me senti na França, pedalando montanha acima junto com 4.000 pessoas do mundo todo”, diz. A prova acontece na plataforma Zwift, que pode ser conectada ao rolo de pedal indoor e a outros gadgets e garante, por meio de gráficos de alta resolução e resposta integrada com os acessórios do atleta, uma experiência extremamente realista. “Acredito que esse tipo de evento possa coexistir com os reais no futuro, funcionando como um simulador”, completa Lobo. Importante lembrar: segure a empolgação com as provas virtuais e participe de distâncias menores, além de não colocar muita expectativa na performance. Afinal, estamos todos longe de nossa melhor forma física.