(John Deere/Divulgação)
Chief Artificial Intelligence Officer da Exame
Publicado em 5 de agosto de 2025 às 06h00.
A internet das coisas (IoT) se tornou um sistema nervoso espalhado pelo planeta. São diversos sensores que, agora, contam com inteligência artificial (IA). Eles têm cérebro para se tornarem agentes no mundo e não apenas medirem o que acontece com ele. Cada sensor que mede temperatura, vibração ou nível de estoque alimenta modelos de IA, que devolvem decisões instantâneas. O hardware já responde sem pedir licença à nuvem. Escala não falta: são quase 20 bilhões de dispositivos conectados hoje e mais de 40 bilhões projetados para 2034. Cada novo nó acrescenta dados; cada dado refina o modelo; e o modelo, por sua vez, ajusta o próprio nó.
As “coisas” que antes só pingavam números agora devolvem ação.
A agricultura virou campo-escola. Na última CES, a John Deere apresentou um trator 9RX autônomo com 16 câmeras e visão computacional embutida. Ele lê o solo, ajusta torque e traça rotas sozinho, dispensando operador. O modelo roda em GPUs Nvidia instaladas na cabine. É a IA se fundindo com a IoT.
Conectividade fecha o ciclo. A TIM já cobre 20 milhões de hectares rurais com 4G/NB-IoT e mira 26 milhões até dezembro, o maior footprint agrícola do Hemisfério Sul. Sensores de umidade disparam pivôs de irrigação, coleiras inteligentes rastreiam rebanhos, e fazendas reportam cortes de dois dígitos no uso de água e antibióticos.
No varejo, a IA saiu da tela. A influenciadora virtual “Lu”, do Magazine Luiza, cruza cliques, estoque e preço em segundos. Quando detecta picos de demanda em Belém, agenda reposição automática no CD de Cabreúva. A rede atribui à combinação IoT + IA um ganho de 9% na conversão do e-commerce em 12 meses.
A manufatura segue a mesma lógica. Bombas monitoradas por sensores em uma concessionária de água enviam vibração e temperatura a algoritmos embarcados, que antecipam falhas e ajustam rotação. O projeto já reduz energia em 15% e prolonga a vida útil dos motores em 18%.
O padrão é claro: mais sensores geram dados melhores, dados melhores tornam a IA mais precisa, e a IA devolve decisões que mudam fisicamente o ambiente, produzindo novos dados num ciclo recursivo. A inteligência sai das telas e entra em tratores, prateleiras, motores e robôs. Investir em IoT sem IA, ou em IA sem sensores, tornou-se anacrônico. Conectá-los cria máquinas que aprendem fazendo e margens que aprendem a crescer. Quem liderar essa integração de IoT e IA vai ganhar em competitividade e crescimento sustentável nos próximos anos.