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Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 13h15.
Pouco mais de uma semana depois de anunciar o aporte de capital de 150 milhões de reais, realizado pelo fundo americano Capital Group, o Grupo Abril já trabalha na nova etapa de sua estratégia empresarial: a abertura de seu capital na Bolsa de Valores de São Paulo. O cronograma de abertura ainda não foi definido, mas a direção da Abril informa que, num prazo máximo de três anos, empenhará seus melhores esforços para que as ações da companhia sejam negociadas no pregão. Ao longo dos anos, a Abril vem adotando uma série de práticas de boa governança corporativa, entre as quais se destacam a profissionalização da direção da empresa e a criação de um conselho de administração, com acesso a todos os números estratégicos da companhia.
Entre os integrantes do conselho estão Fábio Barbosa, presidente do ABN Amro Real, Cláudio Haddad, presidente do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), e Marcel Telles, co-presidente do conselho de administração da Ambev, além de Guilherme Lins e William Parker, os dois últimos do Capital Group. O aporte de capital referenda as opções feitas. A ida à bolsa, num passo seguinte, é a consolidação do processo. "Essa é uma idéia que acalentamos há algumas décadas", diz o presidente do Grupo Abril, Rober to Civita. "Temos consciência de que a empresa dará um salto qualitativo em seu crescimento via mercado de ações", complementa Maurizio Mauro, presidente executivo da Abril.
O Capital Group é o terceiro maior administrador de fundos dos Estados Unidos, e a operação realizada é a primeira entrada de capital estrangeiro numa empresa brasileira de mídia. Pela transação, o Capital Group passa a deter 13,8% das ações do grupo que controla a Editora Abril, responsável pelas mais importantes revistas brasileiras, entre as quais Veja e EXAME. A entrada de capital estrangeiro na mídia brasileira só se tornou possível depois de uma mudança na Constituição, ocorrida em 2001, que passou a permitir até 30% de participação externa nas empresas nacionais de comunicação -- mas continua proibindo a gestão do conteúdo.
Como sempre ocorre em operações entre grandes empresas, a venda foi precedida por uma detalhada análise nos números da Abril -- um processo conhecido como "due diligence". Normalmente essa análise começa depois que as duas partes concordam com as linhas gerais do negócio. A partir daí, os investidores "mergulham" na empresa e recebem uma enorme quantidade de informações. É uma espécie de auditoria, que termina com a interrupção das negociações ou com sua confirmação. O resultado positivo da transação com o Capital Group, portanto, pode ser lido como uma aposta consistente no futuro da Abril.