Revista Exame

Proibido para menores

Sexo continua sendo o melhor negócio do mundo até na Internet

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 11h35.

Última atualização em 5 de abril de 2021 às 16h29.

Se você tem menos de 18 anos ou se ofende com cenas de sexo e nudez, então

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Quantas vezes, ao navegar na Internet, você deparou com uma mensagem parecida? Resposta provável: muitas.

Quantas vezes clicou em CAIA FORA? Resposta provável: nenhuma (ou quase).

Sexo é, hoje, o tema que atrai mais audiência e inspira mais temor na Internet. Não se trata apenas de uma diversão para adolescentes tímidos ou retraídos. Não se trata da profusão de imagens ginecológicas, mastológicas, esteatopígicas ou andrológicas ao alcance dos dedos da mão de zoófilos, pedófilos, coprófilos, escopófilos - e uma centena de outras proparoxítonas menos publicáveis. Não se trata tampouco de filmes perversos a corromper a mente de crianças ou de videoconferências ao vivo para satisfazer toda sorte de fantasia e perversão. Nem, com o perdão do trocadilho, de mera masturbação.

Trata-se, acima de tudo isso, de um negócio milionário. Espalhado por cerca de 28 000 sites na rede, ele atrai, além de adolescentes sem um tostão no bolso, adultos que pagam caro para ver o que desejam. Em 1997, o faturamento total com anúncios, assinaturas e videoconferências dos chamados sites para adultos chegou a quase 1 bilhão de dólares no mundo todo, de acordo com a revista americana Inter@ctive Week. Uma estimativa mais conservadora, da empresa de pesquisa Forrester Research, fala num total de 137 milhões de dólares em 1997. Pouco, se você levar em conta que a mesma Forrester diz que as vendas pela Internet movimentaram 2,4 bilhões. Muito, se considerar que todo o setor de entretenimento on-line faturou 298 milhões. Mais ainda, porque a Forrester prevê um crescimento de 35% este ano. Serão 185 milhões. Dois anos atrás, eram 101 milhões. Cinco anos atrás, zero.

A importância crescente dos negócios relacionados ao sexo foi reconhecida recentemente em uma reportagem de capa na sóbria revista britânica The Economist, que estimou em 20 bilhões de dólares o mercado global do setor. No Brasil, só os produtores de vídeos eróticos ou pornográficos estimam ter faturado 30 milhões de dólares no ano passado (nos Estados Unidos, esse número chegou a 2,5 bilhões). Isso corresponderia, de acordo com especialistas, a 40% da movimentação do ramo. Sex shops teriam faturado outros 30%, ou 22,5 milhões de dólares. Serviços de sexo por telefone ou via Internet responderiam pelo restante de um mercado que passou dos 75 milhões de reais em 1997 e beira os 100 milhões este ano, em números conservadores. Há quem fale em até 500 milhões de reais, incluindo as atividades ilegais de rufiões e prostitutas. Tais números são confiáveis?

Se alguém sabe a verdade, decerto não vai contar.

Nesse terreno algo viscoso, uma coisa é certa: a Internet está provocando uma transformação jamais vista. Só a rede mundial é capaz de aproximar num mesmo negócio garotas de programa, ratos de computador e empreendedores arrojados com MBA no exterior. Para os habituais compradores de artigos ou préstimos sexuais, a Web pode ser a garantia do ano-nimato. Afinal, quem está realmente por trás dos pseudônimos nas salas de bate-papo sexual? Loira exuberante ou homossexual gordo e baixinho? Ninfeta fogosa ou mulher de meia-idade inconformada com a menopausa? Impossível saber. Fantasia é a regra. Só que a Web também permite ver e ouvir o que - ou quem - é anunciado. Gente que quer se encontrar pode, portanto, fazer uma prévia virtual. Só não dá para um tocar o outro. Ainda.

Com paciência ao navegar na rede, encontra-se de graça uma verdadeira pornucópia de imagens ou filmes de baixa resolução e curta duração. Para prestadores de serviços sexuais, do sex shop ao peep show interativo, isso significa que é hora de enfrentar o barateamento das mercadorias, a concorrência global e a cobrança dos consumidores por maior qualidade. Soa familiar? Sim. É a boa e velha globalização. Mas há um adendo: quem vende ou veicula coisas ilegais, como sexo com crianças, animais ou imagens religiosas, pode cair em desgraça em questão de segundos. Basta uma mensagem revelando sua identidade ser postada nos grupos de discussão ou sites especializados na avaliação de agências de acompanhantes, sex shops ou peep shows. Fica mais difícil vender gato por lebre sem ser desmascarado em escala mundial. E, se a rede serve sem dúvida para a disseminação de imagens para pedófilos, ela também é o melhor meio para localizar e depois prender essas pessoas. Para além dos juízos de valor, o mercado de serviços sexuais floresce na Internet por um motivo bastante simples: sexo atrai. Em qualquer parte do mundo e também no Brasil. Eis alguns dados sobre o interesse de brasileiros por sexo na rede:

Excluindo artigos e preposições, o tema sexo está presente em oito das 10 palavras mais procuradas no RadarUOL, programa de busca na rede do Universo Online (o UOL é a joint venture para a Internet dos grupos Folha e Abril, que edita EXAME).

No Cadê?, outro mecanismo de busca, apenas a palavra sexo responde por 5% dos 12 milhões de consultas mensais. De um modo geral, sexo é o tema mais pesquisado em todos os sites de busca.

Funcionam diuturnamente no UOL 136 salas de bate-papo dedicadas a temas sexuais, 80 delas com imagens (cada sala comporta 25 pessoas).

O site da revista Playboy envia diariamente uma média de 280 000 páginas com fotos e reportagens a computadores distantes. Isso corresponde a 7,5% da audiência total do UOL. O da concorrente Sexy envia 245 000 páginas. Já o de EXAME, 13 000.

O site Globo na Copa, no dia em que foi anunciado ao vivo na Rede Globo, teve um índice de 20 000 páginas enviadas a outros computadores. Um site de temática sexual que ficava no mesmo provedor registrava na época 40 000 páginas vistas.

Se há tanta gente atrás de sexo na Web, quem ganha dinheiro com isso? Nos Estados Unidos, muitos. A Penthouse, por exemplo, diz faturar 20 milhões de dólares por ano vendendo acesso à revista na Internet. Sites mais populares que vendem imagens não chegam a tanto. O Danni Hard s Drive, operado por uma ex-atriz de filmes pornográficos, teve faturamento da ordem de 2,5 milhões de dólares em 1997. O PersianKitty, considerado por muitos o melhor guia de sexo na rede, chegou a ganhar quase 1 milhão no ano passado, só com a veiculação de anúncios de outros sites.

No Brasil, também há quem fature bem, mas os números são mais modestos. "Não espero ganhar dinheiro com isso. Não preciso disso para comer, mas me divirto muito", diz João Carlos Carvalho, criador e administrador do site Peladas. Assim como Carvalho, dono de uma loja de informática no bairro de Santana, Zona Norte de São Paulo, muita gente montou sites com fotos eróticas por brincadeira. Além do Peladas, surgiram também por aqui coisas como o Gostosa (que originou uma meia dúzia de homônimos) e um sem-número de home pages mantidas por adolescentes, que costumam ter duas mercadorias mais escassas em outras faixas etárias: hormônios à flor da pele e tempo disponível.

LUCROS PORNOGRÁFICOS - Empresas que já estavam envolvidas com negócios sexuais também começaram a usar a Internet para vender produtos. Um exemplo: a Loveland, rede de sex shops que surgiu há 18 anos e hoje só vende por catálogo, oferece pela Internet uma linha com 300 vídeos pornográficos e produtos eróticos. Do faturamento total da Loveland, 5% já vêm das vendas feitas pela Web. Outro exemplo: a revista Planet Sex, que nas bancas sempre é acompanhada de um vídeo ou CD pornô e tem uma tiragem de 30 000 exemplares. "Montamos um site para divulgar a revista e vender fitas", diz o webmaster Cristiano Gamero, da Planet Sex. Na Internet, a venda de números atrasados não chega a 1% do faturamento, cerca de 300 000 reais por edição. Mas o negócio todo tem uma margem de lucro literalmente pornográfica, de uns 50%.

E também há uma boa dezena de empreendedores brasileiros apostando em negócios voltados exclusivamente para o sexo na Internet. O maior deles se chama Nahun Novak. Casado pela segunda vez, pai de quatro filhos, todos menores de 18 anos, Novak trouxe para o Brasil em 1995 o Sexysite, primeira tentativa de profissionalizar no país o negócio de sexo na rede mundial. No começo, teve árduas discussões com os provedores de conteúdo mais populares para colocar no ar páginas e anúncios com mulheres nuas e sexo explícito. Hoje, o Sexysite está em cinco provedores diferentes. "Isso torna o acesso mais rápido", diz Novak. "A Internet brasileira ainda é muito deficiente na velocidade de transmissão necessária para vídeo em tempo real."

Novak representa no Brasil uma rede presente em 28 países e está atualmente implantando um dos cinco centros mundiais para veiculação de videoconferências e material erótico na Internet. "Não adianta ter só texto bonito. O que vende são imagens, daquelas que fazem o internauta sentir uma coceirinha", diz ele. "O camarada paga então para ver mais." Mais o quê? Bem. O que quiser. O empreendedor tem sob seu comando um vasto harém com 150 garotas, que exibem dotes e talentos diante das câmeras em 49 salas privativas, localizadas em bairros como o Morumbi, região nobre na Zona Sul de São Paulo. Elas atendem na hora aos desejos que o internauta transmite por mouse, teclado e até pelo telefone.

"Não são prostitutas", afirma Novak. De acordo com ele, são profissionais que chegam a ganhar até 6 000 reais por mês para seguir um rígido código que proíbe fumo, álcool, drogas e, naturalmente, qualquer contato com clientes fora do local de trabalho. Hummmm. "Todas elas têm carro próprio", diz o empresário. Só com a remuneração dessas profissionais, o Sexysite gasta mais de 400 000 reais por mês. "Não adianta dar batom barato que elas reclamam. Gasto o equivalente a uma perua Kombi, uns 9 000 reais, todo mês só em maquilagem", afirma. Novak não revela quanto ganha com os serviços prestados pela Web. Só diz que, por enquanto, todo o lucro é reinvestido em marketing na própria rede e fora dela, inclusive na TV, para tornar o Sexysite cada vez mais acessado.

SHOW PARTICULAR - De uns seis meses para cá, surgiu uma enxurrada de concorrentes de Nahun Novak. "Investimos 150 000 dólares para entrar no ar", diz Ubirajara Teodoro, dono da Auvinet, uma empresa de informática que mantém um desses concorrentes, o site Planeta Virtual. Teodoro está se preparando para oferecer 20 salas de videoconferência, 12 femininas e oito masculinas. Hoje o internauta já pode controlar a distância o movimento de três câmeras, dirigindo uma espécie de show particular. Com a remuneração de 20 modelos, Teodoro gasta cerca de 20 000 reais por mês. Mas ele só está faturando 12 000, por enquanto. Seu plano de negócios: primeiro, investir pesado em marketing para multiplicar o faturamento por 10 e atingir uma rentabilidade de 60%; depois, usar a mesma tecnologia das salas de sexo para oferecer serviços esotéricos, como leitura de búzios e tarô, ou ajuda psicoterápica pela Web. Para chegar lá, os gastos com marketing farão com que os custos mensais dobrem.

Todos os empreendedores digitais parecem buscar na Internet uma espécie de pedra filosofal: um modelo de negócios viável e lucrativo para vender exclusivamente conteúdo informativo pela rede mundial. A novidade é que, antes de jornais, TVs, revistas ou publicações, os sites de sexo parecem estar encontrando o malfadado bit filosofal. Chegou então a hora de conhecer alguém que ganha dinheiro na Internet. Temos o prazer de apresentá-lo a Mr. Secret. Mr. Secret, que prefere não ser identificado pelo nome, é um executivo formado em engenharia, casado há mais de 10 anos, pai de três filhos, com vasta experiência editorial e MBA no exterior. Desde março, oferece a cerca de 1 000 assinantes - metade de fora do país - um serviço de sexo interativo. Ele investiu cerca de 100 000 dólares para montar seu site, com apenas uma sala de peep show situada no Brooklin, Zona Sul de São Paulo. Mensalmente, tem custos fixos orçados em 37 000 reais e fatura uns 58 000. Rentabilidade: 36%. "É um bom negócio? Claro que ", diz Mr. Secret.

Outro que está ganhando dinheiro, com um negócio um pouco diferente, é Ricardo Luís Mattos Neno, da 3R Consultoria, em Belém do Pará. Ao lado da empresa que presta serviços de informática, Neno montou o site Swingers do Brasil, em que é possível colocar anúncios pessoais para marcar encontros. O Swingers tem cerca de 3 100 anúncios. Os 9 000 assinantes pagam 7 reais por mês (ou 70 por ano) para ter acesso às fotos e ao endereço eletrônico ou telefone de quem anuncia. Além disso, podem participar de bate-papos. Uns 350 assinantes têm câmera no computador e podem usar uma das mais modernas técnicas de videoconferência, o chamado refletor. Com ele, até 20 participantes (a maioria casais) conseguem ver o que acontece enquanto, por assim dizer, conversam.

Trata-se, de acordo com Neno, do único refletor brasileiro instalado fora de uma universidade. Ele investiu algo como 13 000 dólares para pôr o site no ar, em maio de 1996. Entrou no azul em outubro, dois meses depois que instalou um sistema automático de verificação de cartão de crédito (que garante inclusive a idade de quem está pagando). Hoje, fatura 25 000 reais por mês e tem despesas de 19 000 reais com a instalação e os seis funcionários. Rentabilidade: 24%. Pode parecer ironia, mas o modelo de negócios que traz dinheiro para gente como Neno, Novak ou Mr. Secret é típico da Era do Capital Intelectual: une a mais moderna tecnologia às profissões mais antigas. Eis suas principais características:

Comparativamente, não exige muito capital, apenas o investimento em equipamento e infra-estrutura básica. Algo que pode variar entre 80 000 e 900 000 dólares. De acordo com alguns, quem quiser sobreviver deve ficar mais próximo da segunda cifra e tem chance de estar faturando mais de 10 milhões de dólares daqui a cinco anos. O maior custo: mão-de-obra e capital humano.

É preciso gastar muito em marketing, seja na própria Internet, seja em sites, seja em revistas especializadas. Para ter sucesso, os gastos em marketing devem corresponder a 45% do investimento inicial.

É absolutamente essencial estar na dianteira tecnológica. Investimentos constantes em atualização de software e hardware correspondem a uns 30% do total. Por sinal, sites eróticos são os principais difusores de tecnologia na Internet. Coisas como vídeo em tempo real, cópias de sites em diferentes locais para tornar o acesso mais rápido ou as modernas técnicas de videoconferência foram primeiro adotadas por sites de sexo.

De acordo com Mr. Secret, trata-se de um negócio em tudo similar ao das TVs por assinatura. Oferece-se um pacote básico (fotos, textos e alguns vídeos) a preço fixo e cobra-se uma taxa extra a cada atração adicional (peep show interativo ou vídeos de maior duração).

É preciso inovar sempre. Com o tempo e a concorrência, o preço das atrações básicas cai. É preciso então inventar novas atrações para ganhar mais dinheiro.

Pensando em entrar no ramo? Então pense duas vezes. Também há gente que ainda não viu a cor do lucro. "Sexo dá é trabalho pra burro. Só dá dinheiro se o sujeito tiver uma estrutura de tecnologia e divulgação", diz João Costabile, sócio do site Nitelite. O Nitelite se define como um jornal da noite, em que é possível encontrar bares, restaurantes, motéis, vídeos eróticos e acompanhantes. Entrou no ar em abril de 1997 e, desde novembro, cobra de quem anuncia e de quem lê. Só que, até hoje, o Nitelite comeu uns 100 000 reais em investimentos e ainda não se pagou. Costabile já tentou vários métodos de cobrança: de um disque-0900 para conseguir a senha de acesso até depósito bancário. Só agora, com o sistema de cartão de crédito, começa a ampliar seu faturamento. Costabile também tentou um sistema de peep show, mas acabou desistindo: "Era muito caro manter aquilo. E minha mulher começou a ficar com ciúmes". (Sim. Ele é casado. Tem três filhos menores.) Outra dificuldade do Nitelite foi convencer as garotas de programa a anunciar no site. No início, Costabile saía à noite, notebook a tiracolo, para explicar às clientes em potencial, no meio da rua, que tipo de vantagem elas poderiam tirar da Internet. "Era uma espécie de marketing corpo a corpo", diz ele. "Hoje algumas garotas me agradecem porque o perfil da clientela mudou. Elas saem com executivos que têm dinheiro e formação para navegar na Web. Uma até ganhou uma viagem para Miami."

Permanecer na legalidade é a maior preocupação de quem tem um site de sexo. Para isso, é preciso não criar nenhum vínculo com garotas de programa que possa ser associado a rufianismo, lenocínio e quejandos. O Nitelite ou o Swingers, por exemplo, apenas vendem anúncios. Novak ou Mr. Secret se dizem empresários de entretenimento. Este último chegou a enfrentar uma garota que marcava programas na saída do trabalho, usando seu telefone. "Ela e seu rufião acabaram extorquindo da gente 20 000 reais", diz Mr. Secret. "Hoje tomo cuidado até com quem entrega pizza na minha porta."

(Mr. Secret ainda conta histórias mais prosaicas, como a de duas garotas que se apaixonaram e atingiam o orgasmo no meio do peep show. Isso obrigou-o a instalar um poderoso revestimento acústico de fibra de vidro, espuma, madeira e areia. Só assim o vizinho aposentado parou de reclamar de que era acordado às 2 da manhã. Atenção: casos de tamanha animação são raros. Normalmente, as garotas passam o show conversando sobre coisas como o competitivo preço da maisena no supermercado Pastorinho.)

ÍMÃ DE AUDIÊNCIA - A lei também obriga prestadores desse tipo de serviço a garantir que todos os seus empregados e clientes sejam maiores de idade. Com empregados, resolver o problema é fácil (bastam garantias contratuais como as do Sexysite). Com clientes, é mais complicado. O meio mais seguro são os programas que verificam a validade de cartões de crédito e, simultaneamente, a idade do dono do cartão. Mas alguns donos de sites de sexo não escondem que usam outros meios de pagamento, como depósito bancário, justamente para atrair adolescentes com menos de 18 anos. "Quando há dúvida sobre a idade de quem está anunciando, chegamos a pedir cópia da carteira de identidade pelo correio", diz Ricardo Neno, do Swingers do Brasil. Nesses casos, o anúncio recebe inclusive um selo de qualidade que garante a idade verificada.

Esse problema também é enfrentado pelos grandes provedores de acesso. Mas eles têm estratégias diferentes para garantir a legalidade do que fica em seus computadores. "Não armazenamos fotos pornográficas ou criminosas, como as de menores", diz Caio Túlio Costa, diretor do UOL. "Quando um assinante faz isso, o contrato nos permite retirar as imagens do ar." Só que o sexo atrai público. No UOL, com suas 136 salas de bate-papo sexual, os chats são 43% da audiência. No concorrente ZAZ, onde foram banidas as salas de conteúdo sexual, a audiência dos chats é apenas 30% do total. Isso gera uma posição ambígua. De um lado, o sexo é um ímã de audiência que pode valorizar o preço dos anúncios. De outro, pode prejudicar a imagem do provedor. "Jamais colocaria um anúncio de conteúdo sexual na minha página principal", diz Aleksandar Mandic, dono do provedor Mandic. Mas ele não impõe obstáculo a armazenar o Nitelite ou o Sexysite.

E seus filhos, navegam muito pela Web? Há muitos programas que pais podem instalar nos computadores para tentar controlar o que eles acessam. Mas de pouco adiantam (veja quadro na pág. 99). "Nada impede de fato que menores entrem em uma sala de bate-papo sobre sexo", diz Costa, do UOL. "É tecnicamente muito difícil fazer isso." Nahun Novak, por exemplo, já pegou seu filho de 10 anos procurando meninas de 15 ou 16 numa sala de bate-papo do UOL. E ele também se preocupa com isso. "Só quando meus filhos completarem 18 anos vou autorizá-los a acessar sites de sexo", diz Novak. Serve de consolo? Claro que não. Mas lembre que, na Internet, qualquer um só vê o que quer. Sempre dá para clicar em CAIA FORA.

e-mail: helio.gurovitz@email.abril.com.br

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