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As práticas que toda empresa deve ter para empoderar mulheres na carreira

Líderes e aliados têm papel fundamental para desenvolver locais de trabalho em que as mulheres se sintam representadas

Diversidade na prática: arranha-céu de escritório da Salesforce no centro de São Francisco, na Califórnia (Divulgação/Divulgação)

Diversidade na prática: arranha-céu de escritório da Salesforce no centro de São Francisco, na Califórnia (Divulgação/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2022 às 06h00.

Última atualização em 30 de junho de 2022 às 15h00.

Ainda são incertos todos os impactos da pandemia para as mulheres no mercado, mas o ritmo de recolocação delas é preocupante. Um relatório da Organização Internacional do Trabalho aponta que, no Brasil, a taxa de emprego das mulheres em 2022 ficará, em média, 1,8 ponto percentual abaixo do nível pré-pandemia.

Além de estarem em empregos que perderam espaço na crise, elas são minoria em setores que devem crescer, como o de tecnologia, e também assumiram a maior parte das responsabilidades domésticas nestes últimos anos.

Dados assim mostram que nunca foi tão importante criar condições para que todos, independentemente do gênero, possam prosperar e equilibrar as oportunidades de desenvolvimento. Com foco na construção de uma sociedade mais justa, líderes têm hoje a responsabilidade de investir em melhores ambientes de trabalho para empoderar mulheres e possibilitar que consigam avançar em suas carreiras.

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Representatividade em todos os níveis

O maior desafio para avançar na equidade de gênero, principalmente na indústria da tecnologia, é abordar a sub-representação feminina em cargos emergentes, como os de computação e engenharia de nuvem, e os ligados à inteligência artificial e dados.

Mesmo sendo a maioria da população brasileira e quase metade (45%) dos trabalhadores formais no Brasil, as mulheres representam apenas 20% dos empregos especializados em ciência e tecnologia, segundo pesquisa do Cippec com apoio da Salesforce.

Para enfrentar isso, as empresas devem assegurar que mulheres estejam bem equipadas para tirar vantagem das oportunidades que a economia digital proporciona — com foco não só em aprimorar habilidades e em requalificação mas também em valorizar soft skills como escuta ativa e colaboração, tão importantes neste mundo pós-pandemia, com instabilidades e menos barreiras entre o mundo físico e o digital.

Para desenvolver um local de trabalho que verdadeiramente reflita a sociedade, mulheres precisam estar representadas em todos os níveis da empresa, incluindo conselhos e C-level. Apoiá-las por meio de programas de desenvolvimento de liderança, reconhecimento de talentos internos e processos inclusivos de promoção trará mais profissionais para as tomadas de decisão, inspirando outras mulheres a seguir o mesmo caminho.

Destaco a relevância de estimular a presença de aliados, profissionais que se identificam e lutam por uma causa de um grupo sub-representado mesmo quando não fazem parte dele, mas compreendem seus desafios e o valor da diversidade.

Colaboradoras da Salesforce no escritório da empresa em Chicago: a meta é ter, até 2023, 50% dos funcionários nos Estados Unidos de grupos sub-representados (Salesforce/Divulgação)

Suporte aos pais

Em um mundo prioritariamente digital e remoto, as empresas têm uma responsabilidade ainda maior de criar um ambiente de trabalho igualitário e inclusivo, tanto no espaço virtual quanto no físico. Elas precisam ter em mente que, se regimes flexíveis não forem implementados com cuidado, poderão colocar em risco o progresso duramente conquistado na luta por equidade de oportunidades.

Se mulheres seguem trabalhando de casa e homens voltam ao escritório, por exemplo, isso apenas reforça a pressão das responsabilidades domésticas sobre elas. Está na hora de normalizar também o conceito de homens em casa e divisão genuí­na de tarefas e responsabilidades — o que vai mais longe das metas corporativas do dia a dia.

Além disso, é necessário avaliar como fornecer apoio real para pais que trabalham, pois muitos não têm acesso a cuidados infantis. É preciso entender suas necessidades e desafios, e não puni-los, em seu período de licença, além de ajudá-los no retorno.

Líderes exercendo suas habilidades de escuta ativa e colaboração devem construir seus acordos de times, entendendo que a retomada ao trabalho presencial pode acomodar a nova rotina doméstica, não importando o gênero.

Vale analisar também as razões em torno do local de trabalho na adoção de um modelo híbrido. Faz sentido exigir o retorno presencial para passar o dia inteiro em calls e reuniões virtuais? O relacionamento face a face é insubstituível, mas, se estamos nos deslocando para passar a maior parte do tempo olhando para telas, a rotina merece ser revista.

Escritório da Salesforce em Sidney, na Austrália: 28,5% dos cargos globais de vice-presidência ou superiores são ocupados por mulheres (Divulgação/Divulgação)

Ambiente de trabalho flexível

A pandemia impôs a necessidade de criar ambientes de trabalho que promovam conexões, equilíbrio e igualdade. Reconhecendo as diferentes situações individuais de cada profissional, empresas podem hoje explorar as muitas possibilidades do regime remoto, com apoio das tecnologias colaborativas.

Algumas pessoas não precisam ir ao escritório diariamente, enquanto outras nem sequer precisam ter um como base. Os negócios devem avaliar como criar um ambiente adequado a essas novas necessidades, expectativas e hábitos dos profissionais. Já está claro que o escritório do futuro será um lugar voltado para facilitar conexões humanas e colaboração.

O fato é que, com tanta instabilidade e mudança, o sucesso do negócio dependerá cada vez mais de uma rápida adequação às demandas dos clientes — e não há lugar mais importante de estar do que próximo a eles. Portanto, mais do que ter “home office”, precisamos ser “customer office”.

Para haver organizações resilientes e que efetuem mudanças relevantes no pós-pandemia, a igualdade deve estar no centro da estratégia do negócio. Mas implementar políticas internas para funcionários não basta. Como líderes, temos a responsabilidade de ir além, engajando desde o nosso entorno até o poder público na construção de uma sociedade mais justa para as mulheres e para todos.

(Arte/Exame)

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