Revista Exame

Renner reutiliza materiais por uma moda mais responsável

A gaúcha Renner trabalha para criar uma cadeia produtiva sustentável desde o campo até as lojas — e agora procura engajar os consumidores

José Galló, presidente da Lojas Renner: a rede varejista está coletando roupas usadas para dar um destino adequado às peças | Jefferson Bernardes /

José Galló, presidente da Lojas Renner: a rede varejista está coletando roupas usadas para dar um destino adequado às peças | Jefferson Bernardes /

DR

Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2017 às 11h00.

Última atualização em 16 de novembro de 2017 às 11h16.

É inegável que o modelo de produção vigente é ditado, com frequência, por um tripé desfavorável do ponto de vista socioambiental — extração, transformação e descarte. Hoje, contudo, essa lógica começa a ser desafiada por alternativas com crescente viabilidade e robustez. Uma delas é a chamada economia circular. Nesse caso, o que se prega é uma vasta reutilização de materiais, a ponto de dar um caráter quase regenerativo à fabricação de bens e produtos. É nesse estágio que se encontra a Lojas Renner, maior varejista de moda do Brasil, dona das marcas Camicado (casa e decoração) e Youcom (moda jovem). A empresa montou a base de uma cadeia produtiva sustentável que começa no campo, com a certificação de produtores de algodão, passa pela indústria e atinge o consumidor — e já começa a fazer o caminho de volta nesse percurso. A parte mais visível desse ciclo está nas 321 lojas da rede (somadas às da Camicado e da Youcom, são 497). Desde setembro, elas vendem 130 modelos de roupas que usam fios recicláveis e fibra liocel. No primeiro caso, trata-se de resíduos têxteis provenientes de fornecedores. Eles são reduzidos a fibras e retornam ao processo produtivo. Já o liocel é um tipo de fio feito com a celulose extraída da polpa de madeiras certificadas. Neste ano, cerca de 500 000 peças de roupas serão confeccionadas com esse material. Tecidos menos nobres também são reaproveitados na produção das cortinas dos provadores e das sacolas usadas pelos clientes dentro das lojas.
Toque para ampliar
Os consumidores também começam a participar desse processo. Neste ano, eles descartaram roupas usadas em 15 lojas da rede, em cinco capitais. As peças tiveram três destinos. As que estavam em bom estado foram doadas. As que apresentavam condições precárias de conservação foram desfibradas e reutilizadas na produção de enchimentos ou redes de praia. As demais peças foram reconstruídas em organizações não governamentais lideradas por mulheres. As integrantes dessas entidades receberam treinamento em design de moda, com base no conceito de upcycling (transformação de resíduos ou material sem uso em algo de maior valor). Com as mangas fizeram cintos. Com as camisas, saias — e assim por diante. Os produtos, no final, foram vendidos pelas entidades. A empresa ainda não tem números para avaliar o impacto dessa iniciativa, mas planeja ampliá-la em 2018. “O objetivo é oferecer a nossos clientes a oportunidade de construir conosco uma moda responsável, com valor para a sociedade”, diz José Galló, presidente da Lojas Renner.
Acompanhe tudo sobre:EXAME 50 AnosRennerSustentabilidade

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda