(Divulgação/Divulgação)
Rodrigo Caetano
Publicado em 29 de abril de 2021 às 05h13.
Última atualização em 29 de abril de 2021 às 08h41.
A economista ítalo-americana Mariana Mazzucato não costuma dourar a pílula. À parte de seu profundo conhecimento sobre as relações entre os setores público e privado, Mazzucato, professora de economia da inovação na Universidade College London, no Reino Unido, é conhecida pela assertividade. Sua capacidade de descrever cenários complexos em poucas frases rendeu admiradores como Bill Gates, fundador da Microsoft, e o papa Francisco, para quem a visão da economista é “interessante para o futuro”.
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Em seu novo livro, Mission Economy: A Moonshot Guide to Changing Capitalism, a economista compara o momento atual com a corrida espacial da década de 1960. Mazzucato lista “20 coisas que não existiriam sem as viagens espaciais”, entre elas tênis esportivos, papinha para bebê, isolamento térmico e tomografia. Seu principal argumento é que um grande projeto governamental, como a missão Apolo, que levou os seres humanos à Lua, é necessário para movimentar as engrenagens da inovação e do desenvolvimento.
A palavra “liberalismo" significa muitas coisas. Mas talvez não represente com exatidão o conceito econômico que a fez se tornar um mantra empresarial. Em The Lost History of Liberalism, a historiadora Helena Rosenblatt reconstitui a origem do termo, no Império Romano. O livro se torna mais interessante a cada período. A partir do século 17, os planos dos liberais para promover seu estilo de vida se repetem como tragédia e farsa. Os avanços liberalizantes são permeados pelo culto quase fanático ao laissez-faire, pela postura das igrejas cristãs, ora atribuindo o liberalismo ao demônio, ora se associando a ele para combater o ateísmo e as relações entre liberais, populistas e ditadores.
A quebra do banco Lehman Brothers, em 2008, provocou a chamada “crise do subprime”, em referência ao mercado de hipotecas de alto risco que foi o gatilho para a quebradeira. O historiador financeiro Adam Tooze tem uma visão um pouco mais abrangente. Para ele, foi na Europa, e não nos Estados Unidos, que aconteceu a gestação do problema. Em Crashed, Tooze remonta cada passo da crise, revelando a trilha de dinheiro, apostas arriscadas e efeito cascata que arrasou economias do mundo inteiro. Em 2008, bancos europeus operavam em solo americano como se fossem locais, e ainda mais expostos ao “seguro” e gigantesco mercado de hipotecas. O livro não deixa dúvidas: o planeta é um só.
O livro de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt se tornou um clássico em tempos de ascensão da direita radical. O Brexit, a eleição de Donald Trump e a ascensão de regimes populistas com viés autoritário em todos os continentes geraram temores de ruptura democrática na sociedade. Como as Democracias Morrem ajudou a fomentar esse medo. Alarmista ou não, a obra analisa com profundidade o aumento da insatisfação com a democracia nos últimos tempos. Segundo Levitsky, um regime democrático requer que as pessoas com diferentes crenças e visões políticas convivam e dialoguem em outras esferas. Crises econômicas, no entanto, são o ambiente perfeito para o cultivo da intolerância, um dos prenúncios de uma crise democrática.