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Notebooks têm pico de venda na quarentena e superam previsões

Com a pandemia do novo coronavírus, os notebooks tornaram-se mais importantes do que nunca para trabalhar e estudar

Fábrica de computadores da Positivo: com crescimento do home office, houve uma corrida das empresas e dos consumidores para comprar notebooks para trabalhar | Marcelo Almeida (Marcelo Almeida/Exame)

Fábrica de computadores da Positivo: com crescimento do home office, houve uma corrida das empresas e dos consumidores para comprar notebooks para trabalhar | Marcelo Almeida (Marcelo Almeida/Exame)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 16 de julho de 2020 às 05h57.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 12h00.

A quarentena que começou em março no Brasil já dura mais de 100 dias. Com profissionais e estudantes em casa, o notebook virou ferramenta essencial para trabalhar ou estudar. Com lojas fechadas, as vendas desses eletrônicos via internet tiveram uma alta inesperada em 2020.

Segundo dados da empresa brasileira de inteligência de mercado Compre & Confie, o faturamento do setor de notebooks no comércio eletrônico no Brasil foi de 2,1 bilhões de reais entre os meses de março e junho de 2020, um crescimento de 85,2% em relação ao mesmo período no ano passado.

O preço médio dos produtos também subiu. Passou de 1.943 para 2.092 reais, um aumento de 7,1% no período. A consultoria de mercado americana IDC estima que o segmento de notebooks tenha crescido 18,8% no Brasil durante o primeiro trimestre de 2020. A maior parte das vendas não foi para empresas, mas para pessoas físicas.

Uma das empresas que mais cresceram no setor foi a Multilaser. A companhia registrou um aumento de 60% nas vendas de notebooks de janeiro a junho deste ano.

Os produtos mais vendidos pela empresa custavam até 1.500 ­reais, como os aparelhos da linha ­Legacy. Fernando Nogueira, gerente de produtos da Multilaser, conta que a quarentena diminuiu os gastos dos consumidores.

“Como as famílias estão mais em casa, passou a haver um percentual maior de gastos com produtos que equipam os lares”, afirma.

A curitibana Positivo Tecnologia também registrou um crescimento relevante durante a pandemia da covid-19. No primeiro trimestre, a empresa vendeu 18,6% mais notebooks do que no mesmo período do ano passado.

“A demanda foi tão alta que as empresas compraram computadores pelo varejo”, diz Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Tecnologia.

Além das brasileiras, a sul-coreana Samsung também viu uma alta significativa nas vendas de notebooks. As vendas de computadores da empresa subiram 26% entre a segunda quinzena de março e o início de junho. Segundo o comparador de preços Zoom, no primeiro trimestre as linhas Expert, Essentials e Flash foram as mais buscadas na internet.

“Primeiro, vendemos mais notebooks com configurações avançadas. Depois, o mercado voltou ao mix normal, mas mantendo alto volume de vendas”, diz Luciano Beraldo, gerente sênior da divisão de notebooks da Samsung no Brasil.

Já para Ricardo Bloj, presidente da Lenovo no Brasil, a necessi­dade de usar os notebooks em casa para atividades importantes pode mudar a forma como o consumidor vê esse tipo de produto.

“A pandemia fez com que surgissem novos padrões de comportamento e consumo, além de acelerar a transformação digital nas empresas. Modelos híbridos mesclando trabalho presencial e remoto, por exemplo, podem estimular o segmento corporativo e áreas como educação e saúde”, diz Bloj.

A pergunta que fica agora é se a alta do mercado é ou não uma onda passageira. Além da demanda elevada, o que puxa para cima os números do mercado de notebooks neste ano são a antecipação e a estocagem de varejistas antes da alta do dólar, que já era prevista no começo do ano por causa da pandemia.

Rodrigo Pereira, analista de mercado da IDC Brasil, acredita que a adesão do comércio às vendas online seja um movimento positivo no longo prazo, mas a consultoria prevê uma queda no setor de notebooks ainda neste ano.

“O boom do mercado nos faz esperar uma retomada ao patamar normal, mas devemos ter uma queda no terceiro trimestre no Brasil. Outros mercados também se comportaram assim. Após a queda, é esperada uma retomada gradual”, afirma Pereira. Com mais notebooks e hábitos de consumo de eletrônicos via internet, o “novo normal” deverá ser mais conectado para todo o mercado.

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