Revista Exame

Para a Randon a salvação é ser mais simples e racional

Para enfrentar a situação adversa no mercado de equipamentos para transporte, a Randon concentrou esforços nos ajustes internos e na diversificação de produtos

David Randon: redução de 5% no custo com os fornecedores (Germano Luders/Exame)

David Randon: redução de 5% no custo com os fornecedores (Germano Luders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2015 às 04h56.

São Paulo — Não fosse o diversificado portfólio de produtos que possui, o grupo Randon teria tido um ano ainda mais difícil. O conglomerado gaúcho reúne oito empresas com atuação nas áreas de veículos especiais e equipamentos para transporte, autopeças e serviços financeiros. “É essa variedade de produtos que ajuda o grupo a contornar as adversidades do mercado”, diz David Randon, presidente da Randon.

“Quando um segmento não vai bem, o outro ajuda a equilibrar.” Foi assim no ano passado. Enquanto a venda de reboques e semirreboques caiu, a de vagões de trem e de autopeças cresceu. Em 2014, as receitas da Randon Implementos, a principal empresa do grupo, atingiram 782 milhões de dólares, com aumento de 14% em relação a 2013.

No mesmo período, a empresa lucrou 59 milhões de dólares, o que representou um retorno de quase 12% sobre o patrimônio líquido — um dos indicadores que fazem com que a Randon seja a melhor do setor de autoindústria. Boa parte do aumento da receita da Randon Implementos no último ano se deveu a uma reestruturação societária que simplificou a operação.

A mudança consistiu na incorporação da contro­lada Suspensys, uma espécie de fornecedora interna de conjuntos de eixos e suspensões. Antes, a Randon Implementos tinha 50% da Suspensys e o restante pertencia à empresa americana Meritor. A absorção trouxe ganhos de eficiência.

Ao deixar de fazer faturamento de uma empresa para outra do mesmo grupo e ao racionalizar processos tributários, gerenciais e comerciais, a Randon passou a economizar cerca de 1,5 milhão de reais por ano. Com várias frentes do mercado em retração, a empresa foi cautelosa nos investimentos em 2014: 125 milhões de reais, uma queda de mais de 50% em relação ao ano anterior.

Entre os projetos iniciados recentemente está a construção de uma fábrica em Araraquara, no interior de São Paulo. A nova unidade deverá ficar pronta em 2016 e produzirá vagões ferroviários e semirreboques para o setor canavieiro, uma área que volta a se tornar promissora. A estratégia da Randon é ficar mais perto do fornecedor de sua principal matéria-prima, o aço, e do mercado consumidor.

Das dez fábricas que a empresa tem no Brasil, seis estão em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. O grupo também tem unidades na China, nos Estados Unidos e na Argentina. “Hoje, ainda mantemos 80% dos ativos da Randon concentrados no Rio Grande do Sul”, diz David Randon. “Nossa meta é ficar mais próximos dos parceiros de mercado.”

No cômputo geral do grupo Randon, as receitas caíram em 2014, influenciadas pelo declínio da economia. Houve recuo nas vendas de caminhões e de semirreboques. Para enfrentar a queda, uma das medidas adotadas foi o corte de 20% na jornada de trabalho de agosto a outubro, dividindo a conta com os funcionários.

Com a meta de reduzir 5% os custos com fornecedores, a empresa iniciou um programa global de centralização das compras. “Se for necessário, vamos importar para ser mais competitivos”, diz Randon.

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