Futuro da profissão passará por mudanças na medida em que os profissionais de finanças vão depender cada vez mais de habilidades comportamentais (CSA Images RF/Getty Images)
A carreira em finanças é, digamos, uma panelinha no Brasil. É o que mostra uma pesquisa feita pela Assetz, consultoria de recrutamento e seleção de líderes financeiros, em parceria com o Insper, que mostra que o desejo das 500 maiores empresas do Brasil é recrutar justamente os antigos talentos da área. Os dados da pesquisa, conduzida com 128 executivos, indicam uma busca por estabilidade, já que as empresas procuram por diretores que já exerciam a mesma posição em companhias anteriores — e preferencialmente no mesmo setor.
Cerca de 75% dos diretores financeiros do Brasil ocupam o mesmo cargo que tinham em empresas anteriores, e a maioria das contratações acontece nos setores em que os profissionais já trabalhavam, ou em similares, especialmente na indústria (70%) e no agronegócio (43%).
“O racional é que as empresas preferem depositar as fichas internamente, em vez de trazer novos nomes do mercado”, diz Felipe Brunieri, sócio-fundador da Assetz. “Isso é um reflexo do interesse em mais expertise e em passar uma mensagem clara de segurança ao mercado.”
A pesquisa também apontou para desafios de diversidade. Somente 11% dos executivos de finanças entrevistados eram mulheres; não havia negros. A mesma busca por estabilidade é o que leva 34,4% dos executivos a enxergar uma posição no conselho administrativo de empresas como a melhor saída para o futuro da carreira.
Na visão de Marcelo Pierri, líder de avaliação e sucessão da Assetz, o futuro da profissão passará por mudanças na medida em que os profissionais de finanças vão depender cada vez mais de habilidades comportamentais, como pensamento estratégico, adaptabilidade e comunicação. “Um bom CFO nada mais é do que também um bom líder. É aquela pessoa que sabe se comunicar, desenvolver seus times e passar a melhor mensagem”, afirma Pierri.