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CEO da Pirelli: a primeira moto foi aos 27 anos, hoje pilota em altas velocidades em pista fechada

Para Cesar Alarcon, CEO da Pirelli na América Latina, trabalho e hobby se cruzam na pista

Cesar Alarcon: CEO da Pirelli na América Latina. (Leandro Fonseca/Exame)

Cesar Alarcon: CEO da Pirelli na América Latina. (Leandro Fonseca/Exame)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 26 de outubro de 2023 às 06h00.

Última atualização em 23 de agosto de 2024 às 17h01.

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São poucos os trabalhos que permitem aprimorar um ­hobby. Esse é um privilégio de Cesar Alarcon, CEO da Pirelli na América Latina, que desde a adolescência é fascinado por motos. Antes de ingressar na empresa italiana, o executivo argentino passou pelos mercados de moda e de perfumaria, na multinacional Puig, e pelo de telecomunicações, na Telecom Itália. Mas em casa, na infância, a empresa de pneus era presença constante, visto que o avô foi distribuidor Pirelli com um negócio de bicicletas na Argentina. “Na loja dele havia uma placa da Pirelli e o sobrenome dele, Stefani, embaixo. Então sempre identifiquei a Pirelli como parte da minha família”, lembra.

Ainda que o encanto pelas motocicletas fosse antigo, a primeira moto foi comprada somente aos 27 anos, quando ele foi diretor financeiro da empresa na Austrália. “Na Argentina eu não tinha condições de ter uma moto, mas quando cheguei à Austrália comprei uma Ducati, isso há quase 20 anos”, diz o executivo. “Toda a vida me senti seduzido pela estética e pela experiência de liberdade que a moto pode trazer, e isso só cresceu. Estar na Austrália me afastou muito de tudo, pois é um país bem longe da Argentina, e eu sentia isso até para coisas simples, como fazer uma ligação e ter um fuso diferente. Então a moto foi um canal para eu me reencontrar.”

Sobre duas rodas, Alarcon fez viagens memoráveis, como à Nova Zelândia, ainda que o trajeto tenha sido descoberto de carro, com o pai. “No caminho, eu só pensava que gostaria de voltar de moto, porque o país tem paisagens extraordinárias, com o mar de um lado e as montanhas do outro, muitas curvas e poucas pessoas na estrada”, diz.

Alarcon também viajou sobre duas rodas por Austrália, China e Singapura, sempre acompanhado de amigos. O próximo destino da lista é a Patagônia. Para além das amizades que fez acompanhado das motos, também conta com a companhia do filho, que parece seguir o caminho do pai, mas no motocross.

“O motocross precisa muito mais de habilidade técnica para pilotar do que uma moto comum, por isso o início tem de ser cedo. Quero mostrar para ele a importância do controle e das escolhas, para que no futuro ele faça menos bobagens que seu pai”, conta rindo. O filho tem 8 anos de idade e cinco de prática. “Essa é a paixão que compartilhamos, é um modo de encontrar o espaço só nosso”, comenta Alarcon, que passa a semana em São Paulo e os fins de semana em Buenos Aires. Para além da ligação familiar, estar em cima de uma moto também é uma terapia para o executivo, que canaliza toda a concentração para o presente.

Cesar Alarcon no circuito da Pirelli, em São Paulo: primeira moto somente aos 27 anos. (Leandro Fonseca/Exame)

Pista de teste

No Brasil, Alarcon costuma pilotar no Circuito Panamericano, complexo inaugurado em 2020 para testes da Pirelli na cidade de Elias Fausto, a 130 quilômetros de São Paulo. Em uma área de 165 hectares estão sete pistas entre asfalto seco e molhado e terra, totalizando 22 quilômetros de extensão. No espaço também acontecem eventos, treinamentos, testes e apresentações de novos produtos. “É mais divertido pilotar aqui, pois não há limite de velocidade, e é mais seguro também. Tento vir quando há algum evento com fornecedores, mas piloto com menos frequência do que gostaria.”

A Pirelli global fechou o primeiro semestre com faturamento de 3,44 bilhões de euros, 7,5% mais do que no mesmo período do ano passado. No Brasil, está presente desde 1929. Do lazer para a profissão, Alarcon leva outras percepções dos pneus de suas motos. “Estou convencido de que quem não está na indústria vê apenas duas características dos pneus: um objeto redondo e preto. Só que eu consigo perceber a beleza dentro do contexto industrial porque sei tudo aquilo que há por trás. É um trabalho, e um resultado, de time e muito tempo de desenvolvimento até chegar à moto. Gosto de testar diferentes pneus, combinar o desenho com a performance do veículo que eu vou usar, tanto na moto quanto no carro”, diz. Entre as tecnologias mais recentes usadas no desenvolvimento dos produtos está a inteligência artificial, resultando em menos protótipos e menor impacto ambiental. “Sobre duas rodas, trabalho, ­hobby e família acabam ­virando uma coisa só.”

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