Revista Exame

Conheça Tijana Jankovic, CEO da Rappi no Brasil, e sua paixão por livros

Tijana Jankovic, CEO da Rappi no Brasil, aprendeu português lendo Machado de Assis e Graciliano Ramos e planeja traduzir clássicos da literatura brasileira para o sérvio

Tijana Jankovic: leitura em italiano, francês, inglês, português, sérvio e espanhol (Leandro Fonseca/Exame)

Tijana Jankovic: leitura em italiano, francês, inglês, português, sérvio e espanhol (Leandro Fonseca/Exame)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 19 de maio de 2022 às 06h00.

Última atualização em 23 de agosto de 2024 às 17h19.

Tudo sobreHobbies de CEOs
Saiba mais

O hábito da leitura sempre fez parte da vida de Tijana Jankovic, CEO da Rappi no Brasil. Durante a infância em Belgrado, na Sérvia, ela não tinha o costume de assistir à televisão, e sim o de mergulhar em livros de séries infantis.

O comportamento vem de gerações. A avó paterna era tradutora de livros do francês para o sérvio. “Tive muitas conversas com ela e sei que a tradução não é só uma técnica, mas uma arte, pois os tradutores têm um pouco de escritor também”, comenta a empresária, que diz ter preferência pela leitura de romances no idioma original. Já o pai possui há mais de 30 anos uma editora no país do Leste Europeu. “Cresci no meio dos livros e em várias línguas”, lembra Jankovic, sobre publicações suecas que bisbilhotava quando pequena.

Sérvio, italiano, francês, inglês, português e um pouco de espanhol são os idiomas que Jankovic domina e que aprimorou por meio da literatura. Na adolescência, ela se mudou para Milão para cursar economia. Para se preparar para morar no novo país, além de fazer aulas de italiano, leu e releu livros até que conseguisse entender o conteúdo. Hoje em dia, conserva o hábito da leitura para manter a fluência nas línguas. “Eu trabalhei em uma empresa francesa por muito tempo, então usava o francês no dia a dia de trabalho. Mas aqui no Brasil não uso mais.”

Já o português, falado com diversas gírias e quase sem sotaque, foi aprendido ao longo dos nove anos de residência no Brasil. “Não se pode viver aqui só falando inglês. Depois de dois anos morando no Brasil, entendi que ficaria estagnada com o idioma, a menos que eu fizesse alguma coisa.” Foi então que Jankovic buscou os clássicos brasileiros para aperfeiçoar o português, enriquecer o vocabulário e entender melhor a nova cultura em que estava inserida. Começou por Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e as obras de Jorge Amado.

“O país tem uma cultura que vem de uma história muito peculiar. É praticamente impossível para quem é de fora e não cresceu aqui olhar só o Brasil contemporâneo e entender de onde vêm certos hábitos, do passado colonial, da escravidão. É preciso olhar para trás e começar a juntar a origem das coisas”, diz.

Sua rotina de leitura mudou nos últimos meses. Com o nascimento da segunda filha, Íris, em janeiro, Jankovic começou a ouvir audiobooks nos momentos em que amamenta. “Acho que passo de 7 a 8 horas por dia amamentando, então dá para ouvir as histórias com o fone, é perfeito. Acredito que tenha zerado uns cinco livros”, diz a empresária, que ainda prefere ler a escutar as histórias. “Na minha visão, pela entonação que os narradores usam, há um pouquinho menos de espaço para a própria imaginação, os personagens já ficam um pouco mais definidos.” Durante a licença-maternidade ela costuma passear na Livraria da Vila com a filha no canguru. “Enquanto ela dorme, vou fazendo a lista dos próximos livros, e também tento ler um pouco.”

Já com a filha mais velha, Teresa, de 3 anos, há uma regra em casa: ler antes de dormir. Jankovic reveza a tarefa com o marido brasileiro: ele fica encarregado de ler os livros em português; e ela, em sérvio. “Só que, às vezes, minha filha acaba escolhendo algum livro em português, e nesse caso eu faço tradução simultânea”, conta, rindo. Na pequena biblioteca da filha estão três livros escritos pelo avô, com histórias baseadas na experiência dele com as netas.

O hobby contemplativo contrasta com o dia a dia na Rappi. Em abril, a startup colombiana começou a aceitar criptomoe­ 0das como forma de pagamento para entregas no México e passou a adotar medidas para garantir rendimentos adequados aos entregadores independentes. Até o final do ano estão previstos mais de 43 milhões de reais em investimentos para compensar o aumento do preço dos combustíveis. Além disso, no início do mês a empresa passou a alugar bicicletas elétricas para os entregadores independentes do aplicativo. Até o final do ano, a meta é ter 2.000 e-bikes circulando pelo país.

Para os planos pessoais futuros, Jankovic pensa em traduzir livros clássicos do português para o sérvio, para que sua família possa entender a realidade brasileira. Será uma tarefa familiar. “Estou discutindo com meu pai como faremos essa seleção dos clássicos da literatura brasileira”, conta, animada.  

LEIA TAMBÉM: O que é a 'licença menstrual' que pode ser aprovada na Espanha

yt thumbnail

As indicações da executiva em quatro idiomas

Português

Torto Arado, Itamar Vieira Junior ❝ Mostra a herança escravocrata no Brasil. Com uma prosa bonita e simples, conta a história de duas irmãs no sertão baiano ❞

Francês

O clube dos incorrigíveis otimistas, Jean-Michel Guenassia ❝ Sobre a França depois da 2a Guerra Mundial e os movimentos sociais que formaram uma geração ❞ 

Italiano 

Tetralogia Napolitana, Elena Ferrante ❝ Uma escolha mais clássica, mas que traz profundidade e delicadeza na descrição das relações femininas ❞

Sérvio 

Ponte sobre o Drina, Ivo Andric ❝ É um livro que descreve o encontro do oriente turco com o ocidente austríaco na região de onde sou, na Bósnia ❞

LEIA TAMBÉM:

4 CEOs mulheres pra você se inspirar e como elas construíram seus impérios

Bayer lança premiação para gestoras do agronegócio

Acompanhe tudo sobre:LivrosMulheres executivasRappiHobbies de CEOs

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda