Revista Exame

Dados & Ideias — Programas tipo Bolsa Família dão resultado no longo prazo

Um estudo mostra que há impactos positivos, sim, nos programas de transferência de renda no longo prazo

Mais de 80 países têm políticas públicas de transferência de renda a jovens de famílias carentes, como o Bolsa Família no Brasil (Ana Nascimento/Ministério do Desenvolvimento Social/Divulgação)

Mais de 80 países têm políticas públicas de transferência de renda a jovens de famílias carentes, como o Bolsa Família no Brasil (Ana Nascimento/Ministério do Desenvolvimento Social/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2018 às 05h00.

Última atualização em 19 de julho de 2018 às 10h22.

TRANSFERÊNCIA DE RENDA

 

Os resultados vêm no longo prazo

Mais de 80 países têm políticas públicas de transferência de renda a jovens de famílias carentes, como o Bolsa Família no Brasil. Aqui e acolá, trata-se de um benefício que vem gerando debates acalorados entre defensores e críticos desde as primeiras experiências desse tipo nos anos 90. Uma das dúvidas é que são escassas as evidências do efeito, na vida adulta, de quem recebeu o benefício da transferência de renda quando criança. Um trabalho de economistas das universidades de Maryland e Princeton, nos Estados Unidos, mostra que há impactos positivos, sim. Os pesquisadores analisaram o histórico escolar de moradores de 2,9 milhões de domicílios beneficiados pelo Progresa, um dos primeiros programas do gênero, criado no México em 1997 para garantir recursos a jovens carentes de até 13 anos. O estudo comparou o desempenho escolar de mexicanos nascidos antes de 1984 — e que, portanto, já tinham passado da idade de entrar no Progresa — com o de jovens que tiveram acesso à política pública. O resultado: três décadas depois, a escolaridade média de mexicanos nascidos de 1986 em diante e beneficiados pelo Progresa é de até dois anos a mais que a de jovens que não receberam recursos do programa. Em 2014, o Banco Mundial calculou, cotejando dados de 139 países ao longo de quatro décadas, que cada ano a mais de educação formal aumenta em 10% a renda do trabalhador no futuro.

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INOVAÇÃO

Quem cria mercados para si

Varejo: inovações para vender mais | Sean Meyers/CVS Health/AP Images

Virou um mantra em empresas de todos os tipos mundo afora: na era da inovação, quem não se mexe corre um risco enorme de ser engolido por startups que inventam tecnologias disruptivas. Uma pesquisa da consultoria Accenture com 1 300 altos executivos de grandes empresas de 12 países, inclusive do Brasil, mostra que, de fato, as companhias tradicionais estão dispostas a se mexer. A expectativa em 54% delas é que, até 2020, mais da metade da receita venha de mercados em que não atuam hoje. O problema é que uma fatia bem menor está fazendo a lição de casa. Apenas um terço dos entrevistados declarou que a maior parte do faturamento nos últimos três anos veio de mercados inovadores. Quem de fato conseguiu mudar a cara do negócio recentemente, como a rede americana de farmácias CVS, colheu bons resultados: seis em dez empresas que elevaram a receita nos últimos três anos foram as que tiraram mais de 75% do faturamento de mercados inovadores.

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ENERGIA

Livre escolha

O Brasil está em penúltimo lugar — só à frente da China — num ranking de nações segundo a liberdade de seus moradores para escolher o fornecedor de energia elétrica. É o que diz um ranking inédito feito pela Abraceel, a associação brasileira de comercializadoras de energia. Nas variáveis levadas em consideração, estão o grau de autonomia dos consumidores conferido pela legislação e o tamanho do mercado de energia em 56 países — quanto maior a nação, mais bem colocada ela está na lista. Em primeiro lugar está o Japão, onde 127 milhões de habitantes e 5 milhões de empresas, de todos os tamanhos, têm liberdade para escolher a fonte da eletricidade que consomem. No Brasil, apenas empresas com consumo de potência acima de 3 quilowatts podem pleitear o benefício da livre escollha.

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TECNOLOGIA

O custo dos ataques cibernéticos

 

Sede do Yahoo, nos Estados Unidos: o ataque de hackers custou caro à empresa | Noah Berger/Getty Images

Os hackers são uma ameaça crescente às grandes empresas mundo afora. Segundo um levantamento do Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, centro de estudos do governo americano, só em três setores — varejo, serviços e bancos — os casos triplicaram nos últimos 13 anos. De 2010 a 2015, foram 95 casos, incluindo o da empresa de tecnologia Yahoo, o maior da história em dados pessoais roubados: estima-se que pelo menos 500 milhões de pessoas tenham sido afetadas. Revelada no ano passado, em meio à venda do Yahoo à operadora de telefonia celular americana Verizon, a falha diminuiu em 350 milhões de dólares o preço da gigante de tecnologia, vendida por 4,4 bilhões de dólares. Até que o rombo saiu barato para o Yahoo. Em média, as empresas atacadas desde 2010 perderam 607 milhões de dólares em avaliação de mercado, equivalentes a 1% do valor delas em 2018. A paranoia das empresas motiva os investimentos em segurança digital. Em uma pesquisa recente da consultoria EY com 1 200 executivos de tecnologia da informação em grandes empresas de 20 países, 59% afirmaram que o orçamento para o tema aumentou nos últimos 12 meses. No mundo, quase metade já dispõe de equipes dedicadas anti-hackers. No Brasil, terreno fértil para esse tipo de problema, a fatia é maior: 60%.

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