Revista Exame

Melhores do Mercado 2025: os vencedores do ranking de fundos em 7 categorias

Ranking traz os depoimentos dos gestores que se saíram melhor em cada um das categorias, desde a renda fixa até a renda variável

 (Victor Vilela/Exame)

(Victor Vilela/Exame)

Publicado em 14 de fevereiro de 2025 às 06h00.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2025 às 14h32.


Renda fixa | Crédito privado

Investe em títulos de dívida de empresas bem avaliadas por agências de classificação de risco (alto grau de investimento)


Flexibilidade da gestão de crédito

Para 2025, o foco do BTG Pactual Crédito Corporativo Plus é uma gestão mais conservadora; o BTG Pactual é o vencedor da categoria renda fixa crédito privado

“Este é um mandato que nos permite ter bastante flexibilidade em um mundo de gestão de crédito. O fundo permite que nosso time de gestão de crédito olhe ao longo do tempo onde estão as oportunidades. E daí, de forma dinâmica, o time vai procurando essas oportunidades e migrando entre ativos internacionais, empresas de capital fechado, empresas de capital aberto, permitindo mais caixa e o melhor aproveitamento no mercado de infraestrutura. Mesmo que nosso produto não tenha isenção, às vezes o retorno, incluindo o ganho de capital, compensa essa falta de isenção. Ao longo do tempo temos feito uma gestão desse negócio e aproveitado essas oportunidades.

Fora isso, temos uma estrutura bastante robusta. Somos nove pessoas apenas no time de gestão, mas temos acesso também a toda uma equipe por trás, que é muito maior. Isso inclui a equipe de risco de crédito do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), a equipe de renda variável da própria Asset, e a área de research de renda fixa do banco, que é muito reconhecida no mercado. Temos mais de 100 bilhões de reais sob gestão por aqui, o que nos ajuda a ter um bom acesso às contrapartes. Para ter uma gestão ativa, é importante conversar com quem realmente toma as decisões nas empresas.

Para 2025, dado o nível de Selic que deveríamos observar neste ano, de 15% a 16%, é um período para pensar em uma gestão mais conservadora e rodar o fundo com um caixa um pouco mais alto em relação à média histórica. Fora isso, vamos esperar oportunidades que vão aparecer ao longo do ano.” Eduardo Arraes, sócio e responsável pelos fundos de crédito privado da BTG Pactual Asset Management.

OS MELHORES DA CATEGORIA

Vencedor:
BTG PACTUAL CRÉDITO CORPORATIVO PLUS

SULAMÉRICA CRÉDITO ESG IS

AMW VÊNUS

COMPASS YIELD 30

BRADESCO ULTRA


Renda fixa | Debêntures incentivadas

Focados na compra de debêntures com incentivos fiscais, como as voltadas para o financiamento de obras de infraestrutura


Momento oportuno

“O fundo tem quase nove anos, segundo o IMA-B5, índice das NTN-Bs mais curtas, atuando em juros e crédito. O ano de 2024 termina diferente de como começou, mas desde 2023 já considerávamos possíveis desancoragens econômicas. Em 2023, eventos como a recuperação judicial da Light e da Americanas pressionaram o mercado, elevando os spreads. Ainda assim, acreditávamos na saúde das empresas, especialmente no mercado de debêntures incentivadas. Posicionamos o fundo para um ciclo positivo, aproveitando o fluxo de recursos e mantendo uma duration maior. Projetávamos juros reais entre 4,5% e 5,5%, mesmo com CDI a 9%. A Selic caiu, mas os juros reais continuaram altos, sustentando a demanda por crédito. Em 2023, spreads elevados e juros sem direção clara confirmaram o interesse nessa classe de ativos ao longo de 2024.

Nossa estratégia envolvia manter mais ativos do que o patrimônio efetivo, aproveitando oportunidades. A tributação dos fundos isentos, anunciada em 2024, levou a um colapso dos spreads. Como já estávamos bem posicionados, capturamos esse movimento e ajustamos a carteira, equilibrando risco entre juros e crédito. Em abril, o mercado percebeu que os juros poderiam subir. Com a carteira ajustada, aproveitamos o fechamento de spreads. No terceiro trimestre, reduzimos a alocação, já que o esgotamento das estratégias se aproximava.

Para 2025, esperamos um cenário conservador, alinhado ao benchmark, com atuação tática diante de deslocamentos. O crédito perdeu gordura, os juros seguem elevados, mas podem mudar rapidamente. Nossa prioridade será a disciplina na alocação e a busca por oportunidades seletivas para garantir um portfólio equilibrado e rentável.” Laurence Mello, sócio e gestor responsável pelos fundos de Crédito Privado na AZ Quest.

OS MELHORES DA CATEGORIA

Vencedor:
AZ QUEST DEB INC

SPARTA DEB INC INFLAÇÃO

JGP DEB INC JUROS REAIS

ARX ELBRUS

BRADESCO DEB INC INFLAÇÃO


Multimercado | Macro

Investe em diferentes classes de ativos (como renda fixa, ações, câmbio, juros e derivativos) com estratégia focada em indicadores e cenários macroeconômicos de curto e médio prazo


Juros como estratégia

Em 2025, o JGP Strategy vê espaço para obter um bom retorno bem acima da questão tributária; a gestora é a vencedora da categoria multimercado macro

“Temos dez gestores, cada um com um pedaço do risco do fundo. Não há um gestor soberano em relação à alocação de risco, e nenhum deles se sobrepõe ao outro. Mesmo do ponto de vista da gestão, você já tem uma diversificação natural dentro do portfólio. Costumamos dizer que fazemos as reuniões todas abertas, para quem quiser participar, e as informações são divulgadas para todo mundo. Esse modelo traz o melhor da capacidade de análise e de troca, e o melhor do envolvimento individual das posições. Das estratégias usadas, a principal para o bom resultado foi a tomada em juros no Brasil. Na época, não víamos um ciclo tão abaixo dos 10,5% e achávamos que, na eventualidade do fim do ciclo de juros, o mercado trabalharia com um prêmio de alta. Achávamos que o Banco Central teria de voltar a subir os juros ou no final do ano passado ou no começo deste ano. Achávamos que havia um excesso de precificação, então mantivemos tomadas em juros durante a maioria do ano. Esse é um bom exemplo de como fazemos as coisas, identificando possíveis assimetrias e reavaliando as novidades econômicas e políticas ao longo do caminho.

No ano passado, tivemos no setor uma ‘tempestade perfeita’. Houve aumento da facilidade na compra de fundos isentos de imposto de renda, que competem com a classe de multimercado. Cito também a reforma dos fundos exclusivos. Junto com isso, houve também uma performance ruim. Mas olhando para a frente vejo com bons olhos a capacidade de, adiante, gerar alfa bem acima da questão tributária e com um nível de risco muito diferente do nível de risco do crédito.” Evandro Mota, sócio e gestor da JGP.

OS MELHORES DA CATEGORIA

Vencedor:
JGP STRATEGY

ARMOR AXE

GENOA CAPITAL RADAR

CAPSTONE MACRO

KAPITALO K10


Multimercado | Macro Previdência

Possui premissas semelhantes às de um fundo multimercado macro, mas com benefícios fiscais voltados para a aposentadoria do investidor. Está sujeito às regulações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), como todos os fundos, e da Superintendência de Seguros Privados, pelo caráter previdenciário


Apostas globais em meio à incerteza fiscal

A Kapitalo aproveitou as oportunidades em commodities e mercados internacionais e é a vencedora da categoria multimercado macro previdência

“Nossa estratégia de buscar oportunidades nos mercados globais permitiu bons resultados em um ambiente macroeconômico instável. Os anos pós-pandemia foram de grandes oscilações. Entre 2020 e 2022, tivemos forte rentabilidade, enquanto 2023 e 2024 foram anos menos intensos, mas positivos. O destaque em 2024 foi o mercado de commodities, com ganhos em grãos (soja e milho) e energia (petróleo e gás natural). Também tivemos retornos no mercado internacional, com posições compradas no dólar versus moedas de países desenvolvidos, e em bolsas americanas. No entanto, o principal detrator foi o mercado local. Iniciamos 2024 otimistas com o Brasil, mas o aumento na percepção de juros reais, impulsionado pelas políticas públicas, surpreendeu negativamente. O arcabouço fiscal se mostrou frágil, e o Banco Central precisou elevar a Selic além do esperado, impactando nossas posições em juros reais e moeda local.

Para 2025, o ambiente externo parece favorável, com inflação sob controle nos EUA e postura mais amena de Trump com a China. Porém, o cenário fiscal brasileiro segue incerto, o que pode manter os ativos locais voláteis. Diante disso, seguimos comprados em ativos americanos, incluindo moeda, bolsa e títulos de longo prazo. Também mantemos posições compradas em ações de tecnologia chinesas. Em commodities, estamos vendidos em soja e comprados em milho, além de apostarmos na queda do petróleo. Em metais, compramos ouro e vendemos alumínio e zinco. No Brasil, os ativos seguem baratos, e qualquer alívio pode gerar ralis pontuais. No entanto, enquanto não houver mudança de rota na política fiscal, seguimos cautelosos.” Bruno Cordeiro, sócio da Kapitalo Investimentos e gestor responsável pela estratégia K10.

OS MELHORES DA CATEGORIA

Vencedor:
KAPITALO K10 PREV

JGP PREV

KINEA PREV ATLAS

ITAÚ FLEXPREV OPTIMUS TITAN

ACE CAPITAL


Multimercado | Long & Short

Combina estratégias compradas (long) em ações, com ganho na valorização do ativo, com posições vendidas (short), que visam a queda de preços


Dinamismo na carteira

À medida que o cenário mudou, a Az Quest, vencedora na categoria multimercado long & short, ajustou posições para um ambiente mais adverso

“É um fundo de valor relativo. Temos posições tanto compradas quanto vendidas e uma exposição líquida [diferença entre compras e vendas] entre 10% e 25%, na média em 15%. Isso significa que, mesmo operando com vendas, mantemos leve predominância de compras, apostando mais na valorização dos ativos. Até temos alguma exposição direcional [posição que se beneficia da alta ou da baixa do mercado]. Operamos com ações, tanto do mercado doméstico quanto de empresas listadas no exterior, incluindo brasileiras negociadas fora do país e companhias estrangeiras. Ganhamos dinheiro com WEG, Embraer e Nubank, empresas que navegaram bem no ambiente macroeconômico. Nas posições vendidas, tivemos exposição a ações do mercado doméstico, mais afetadas por juros altos e câmbio valorizado. Essa estratégia funcionou muito bem.

Nosso diferencial foi a carteira dinâmica. Conforme o cenário mudou, ajustamos posições para um ambiente mais adverso. No começo do ano passado, discutíamos juros a 10%. Começamos mais otimistas, mas, com o tempo, o risco fiscal aumentou, impactando juros e câmbio. Adaptamos a carteira e nos beneficiamos disso.

Para 2025, esperamos um ano de volatilidade, com desafios no fiscal [equilíbrio entre receitas e despesas]. Hoje, a carteira está mais defensiva, com exposição ao câmbio, posições em Embraer e WEG, e menor volume de vendas, já que muitas ações caíram bastante. No varejo e no consumo agora somos mais seletivos, buscando empresas que ainda enfrentam dificuldades nesse cenário de juros elevados.” Welliam Wang, sócio e gestor responsável pelos fundos de Renda Variável na AZ Quest.

OS MELHORES DA CATEGORIA

Vencedor:
AZ QUEST TOTAL RETURN

BRADESCO EQUITY HEDGE

ITAÚ HUNTER TOTAL RETURN

CONSTÂNCIA ABSOLUTO

REAL INVESTOR


Ações | Long Bias

Investimentos com estratégias entre long e short, porém com maior viés de posição comprada


Diversificação e inteligência artificial

Em 2024, a diversificação geográfica foi um pilar importante da nossa estratégia. Aprofundamos nossa análise de mercados fora do Brasil e percebemos que, em momentos de incerteza macroeconômica local, alocar em empresas internacionais pode reduzir riscos e gerar melhores retornos. Focamos especialmente as Américas, com ênfase nos Estados Unidos, onde identificamos empresas de tecnologia e energia com grande potencial de valorização, como a Meta. Esses papéis têm mostrado crescimento exponencial na esteira do investimento em inteligência artificial.

No Brasil, mesmo com as dificuldades fiscais e os juros elevados, encontramos algumas boas oportunidades, como Natura e PetroRio. Para 2025, mantemos um olhar atento ao cenário político, acreditando que qualquer mudança de rota pode destravar valor significativo, principalmente em setores como infraestrutura e consumo.

Além disso, temos investido fortemente em ferramentas de inteligência artificial para apoiar nossa equipe de analistas. Utilizamos IA para analisar transcrições de conferências de empresas, o que acelera a obtenção de informações e aprimora a precisão de nossas decisões.

Com essa tecnologia, conseguimos qualificar melhor as análises micro e macroeconômicas, tornando o trabalho mais eficiente e assertivo. Estamos confiantes de que essa tecnologia vai continuar a ser um diferencial na nossa gestão nos próximos anos.” José Luiz Torres, sócio e gestor do Genoa Capital Arpa.

OS MELHORES DA CATEGORIA

Vencedor:
GENOA CAPITAL ARPA

AZ QUEST TOP LONG BIASED

SPX FALCON

ICATU VANGUARDA
IGARATÉ LONG BIASED

DAHLIA TOTAL RETURN


Ações | Long Only

Aplica apenas com a posição comprada, apostando sempre na valorização das ações em que investe


Cautela sem preconceitos

Diferenciação do Kapitalo Tarkus em 2024 foi mirar potencial de valorização; a gestora é a vencedora da categoria ações
long only

“Nossa estratégia sempre foi buscar oportunidades sem preconceitos. Diferentemente de muitos gestores que evitam estatais ou empresas ligadas à China, preferimos avaliar cada caso com base no potencial de valorização. Em 2024, essa abordagem nos levou a uma posição cautelosa com o Brasil e otimista com o exterior. Vimos um governo disposto a aumentar impostos e elevar gastos, o que, combinado com juros altos, manteve nossa carteira mais exposta a exportadoras e commodities. Empresas como BRF e Embraer se destacaram, ambas com forte receita em dólar e pouco dependentes do mercado interno. Também tivemos bons resultados com mineradoras, como a Aura, que se beneficiou da valorização do ouro. Nos setores locais, erramos ao apostar em saúde, que enfrentou desafios operacionais e o impacto da política monetária. No lado das vendas, mantivemos posições short em varejo discricionário e construtoras, setores que sofrem com juros altos.

Para 2025, seguimos atentos ao cenário fiscal. O governo pode surpreender de forma positiva com reformas, mas, se o ajuste não vier, ativos locais continuarão pressionados. Mantemos uma visão favorável para commodities e exportadoras, com destaque para a BRF. Ela tem um perfil defensivo, com demanda resiliente e capacidade de capturar a inflação dos alimentos. Se houver mudança na diretriz econômica, os ativos domésticos podem destravar muito valor. Empresas de infraestrutura, bancos e setores ligados ao consumo podem se beneficiar significativamente. Estamos preparados para aproveitar o movimento, mas, por enquanto, seguimos com cautela.” Bruno Mauad, sócio e gestor de Renda Variável Brasil da Kapitalo.

OS MELHORES DA CATEGORIA

Vencedor:
KAPITALO TARKUS

ÁRTICA LONG TERM

TEMPO CAPITAL MANACÁ

REAL INVESTOR BDR NÍVEL I

CHARLES RIVER


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