Revista Exame

"Os líderes de visão já estão na África"

O especialista em "negócios do futuro" da McKinsey diz que o continente africano é a nova grande oportunidade para o mundo dos negócios

Sven Smit, da Mckinsey (Divulgação/EXAME.com)

Sven Smit, da Mckinsey (Divulgação/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2013 às 12h32.

Nos últimos anos, os países do Bric despontaram como mercados com demanda capaz de alimentar o apetite por expansão de companhias dos mais diversos setores. Porém, segundo o diretor da divisão de estratégia de crescimento da consultoria McKinsey, o holandês Sven Smit, há grandes oportunidades hoje também na África - e os executivos de visão já perceberam isso.

1) EXAME - No futuro, os Bric ainda serão atrativos aos olhos dos grandes investidores?

Sven Smit - Com certeza. Quando as multinacionais pensam em estratégias de crescimento, são obrigadas a incluir os Brica em seus planos. Eu chamo de Brica porque considero que a África também tem um potencial enorme de crescimento. Os países africanos ainda não são estáveis como o Brasil ou a China, mas vêm crescendo muito nos últimos anos. O maior entrave ainda são os problemas políticos.

2) EXAME - A África pode ser o próximo passo das multinacionais depois dos Bric?

Sven Smit - Para alguns pode ser, mas para os líderes de visão a África já é uma realidade. Eles estão trabalhando lá agora. Trata-se de uma região pouco desenvolvida e, por isso, existem muitas oportunidades em setores como telecomunicações, estradas e infraestrutura em geral. Depois, com a infraestrutura pronta, surgirão outras oportunidades em setores ligados a serviços, por exemplo.

3) EXAME - Já existem casos de sucesso?

Um bom exemplo é a área de telecomunicações. Uma das empresas que mais cresceram no setor nos últimos cinco anos foi a Telecom África. Os celulares ainda têm potencial de crescimento enorme no continente. Existem companhias estrangeiras de vários setores se instalando por lá. É uma grande oportunidade, inclusive para empresas brasileiras.

4) EXAME - Mas investir na África não é arriscado?

Sven Smit - Existem vários riscos, é verdade, e é preciso se cercar de cuidados. Se você escolher apenas um país para se instalar, o risco é grande, mas se investir em 20 países o risco cai consideravelmente. Caso um país passe por problemas, os outros compensarão com crescimento.

5) EXAME - E sobre o Brasil, qual é a sua visão?

Sven Smit - O Brasil é um país grande, com muita gente disposta a consumir. O principal fator de crescimento de uma companhia é o crescimento total dos mercados em que atua. Se você está na China ou no Brasil, você cresce mais rapidamente, se está na Alemanha, a expansão é mais modesta. O Brasil de hoje faz parte de qualquer estratégia de crescimento.

6) EXAME - A política pode mudar essa perspectiva?

Sven Smit - O país só precisa se manter estável. Não ouço nada negativo sobre o Brasil em nenhum lugar. Nem as eleições presidenciais devem mudar esse cenário. O mundo não vê mais a economia brasileira como um risco.

7) EXAME - E como o senhor avalia o processo de internacionalização das empresas brasileiras?

Sven Smit - É muito positivo. O maior problema para uma empresa brasileira que queira se tornar global é a necessidade de ir para os Estados Unidos ou a Europa, mercados em que o o avanço da demanda ocorre em velocidade bem menor. É um desafio grande. Quando você sai de um lugar com um ritmo forte de crescimento, é difícil se acostumar com a realidade de mercados mais maduros.


Acompanhe tudo sobre:ÁfricaConsultoriasEdição 0977EmpresasMcKinseyServiçosTendências

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda