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No Cel.Lep, os idiomas do futuro

Com foco na preparação para o mercado de trabalho, redes de cursos livres crescem. É o­ caso do grupo paulistano Cel.Lep, de ensino de inglês e codificação

Garcia, presidente do Cel.Lep: investimento em novas metodologias (Germano Lüders/Exame)

Garcia, presidente do Cel.Lep: investimento em novas metodologias (Germano Lüders/Exame)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 9 de maio de 2019 às 05h36.

Última atualização em 24 de julho de 2019 às 16h37.

Enquanto setores inteiros ainda estão torcendo pela aceleração da atividade, numa economia tão grande quanto a do Brasil há segmentos mantendo um ritmo forte. Um exemplo é o da educação dedicada à preparação para o trabalho. Em 2018, quando o produto interno bruto evoluiu apenas 1,1%, o número de franquias no setor de serviços educacionais — que inclui treinamentos, cursos livres e profissionalizantes — cresceu 6,5%, para quase 16.000 unidades. O faturamento dessas redes subiu 5,2%, para 11,4 bilhões de reais, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Os dados da entidade são o melhor termômetro do mercado, mas relatos de avanço estão por toda parte, com destaque para o ensino de idiomas e de computação. Apostando que a maré favorável vai perdurar, o Cel.Lep, maior grupo de línguas e informática do país em número de escolas próprias, com 115 unidades, quer dar um salto. Nascido na capital paulista como escola de inglês e controlado pelo fundo americano H.I.G. Capital desde 2012, o Cel.Lep investiu 20 milhões de reais nos últimos quatro anos e pretende aplicar mais 30 milhões de reais até 2022 na criação de novas metodologias e na expansão para outros estados.

Os esforços já começaram a dar resultado. Em 2018, o Cel.Lep teve o melhor ano de sua história: a receita chegou a 70 milhões de reais, com margem de lucro de 20% e um aumento de 42% no número de escolas, para 85 unidades. No primeiro trimestre, aumentou em 17% a quantidade de adultos matriculados e em 6% a de crianças. Agora tem cerca de 15.000 estudantes. “Notamos um aumento da confiança. As empresas investem mais em seus colaboradores e os profissionais estão investindo mais na própria formação”, diz Alexandre Velilla Garcia, nomeado presidente do grupo Cel.Lep em 2017 depois de cinco anos atuando como diretor financeiro.

Tradicional no mercado premium de São Paulo, o Cel.Lep cobra mensalidade média de 950 reais nos cursos de inglês para adultos e de 500 reais nos módulos para crianças, competindo, principalmente, com as redes Cultura Inglesa, Alumni, Yázigi e Berlitz. Em 2014, começou uma reformulação e uma ampliação dos serviços. A principal modernização se deu nos cursos corporativos — com custo médio de 550 reais por funcionário —, os quais ganharam um aplicativo que permite praticar conversação usando dispositivos móveis. O grupo passou também a explorar novos nichos, fornecendo material didático e treinando professores que dão aulas de inglês no turno regular das escolas de ensino fundamental e médio.

Antes, o foco era nos cursos extracurriculares. Foi em 2017 que o grupo entrou no ramo da computação, ao comprar a rede de escolas de codificação MadCode, que ensinam programação segundo o método da americana Apple. Neste ano, o Cel.Lep pretende desembarcar nos demais estados da Região Sudeste e no Distrito Federal. No ano que vem, parte para o Sul e o Nordeste e pretende começar uma plataforma digital de ensino de inglês. O restante da América Latina e da Europa está nos planos para o futuro, e o H.I.G. não descarta fazer aquisições para acelerar o processo. “Não apareceu uma oportunidade que fizesse sentido ainda, porém estamos atentos”, afirma Felipe Franco, diretor do fundo no Brasil.

A nova estratégia do Cel.Lep reúne as principais tendências que vêm sendo observadas no mercado de cursos de idiomas e informática no Brasil nos últimos anos: integrar o ensino presencial com o online, ampliar as parcerias com escolas do ensino fundamental e médio, diversificar a gama de serviços oferecidos e migrar das capitais para as cidades menores. “Todas as grandes redes têm acompanhado o crescimento, no interior do país, da demanda por cursos de idiomas por motivos profissionais”, diz Vanessa Bretas, gerente de inteligência de mercado da ABF. Codificação também virou febre recentemente porque especialistas vêm incluindo cada vez mais a língua dos computadores no rol de conhecimentos fundamentais para o trabalhador de um número crescente de atividades.

No primeiro trimestre, as receitas das cadeias franqueadas devem ter subido de 7% a 9%, nas contas preliminares da associação de franchising. Essa alta significa que, se o Cel.Lep tem a vantagem de contar com o apoio de um sócio financeiro que lhe permite jogar em várias frentes ao mesmo tempo, os concorrentes também vêm ganhando fôlego. “Há muitos nomes fortes que vão defender seu território. O Cel.Lep é famoso em São Paulo, mas praticamente desconhecido em outras regiões e terá de fazer propaganda maciça para espalhar a marca”, diz Julio Vieitas, consultor especializado em escolas de idiomas. É o tipo de boa disputa que uma aceleração da economia pode estimular.

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