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Opinião: O fim do surto de 13 anos de demência

A mais importante conquista do Brasil nos últimos anos tem passado quase despercebida: o fim da “política econômica” do ex-presidente Lula

Dilma e Lula: uma sucessão de fracassos, sobretudo nos últimos cinco anos, difícil de ser igualada em qualquer governo (Ueslei Marcelino/Reuters)

Dilma e Lula: uma sucessão de fracassos, sobretudo nos últimos cinco anos, difícil de ser igualada em qualquer governo (Ueslei Marcelino/Reuters)

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J.R. Guzzo

Publicado em 27 de julho de 2017 às 06h00.

Última atualização em 27 de julho de 2017 às 06h00.

São Paulo – No meio da gritaria sobre as denúncias do procurador-geral da República contra Michel Temer, os sucessivos anúncios de mais uma iminente derrota do governo na votação das reformas e outros exercícios de maciça perda de tempo, não tem chamado muita atenção a mais importante conquista do Brasil nos últimos anos: o óbito e o sepultamento de um surto prolongado de demência ao qual se deu o nome de “política econômica” do ex-presidente Lula, do PT e da esquerda nacional.

Lula não foi o único culpado. Foi, sem dúvida, o grande mestre de obras da coisa toda, mas seu partido mostrou-se indispensável para criar, executar e apoiar praticamente todos os disparates cometidos contra o progresso econômico do país durante os 13 anos e meio em que estiveram lá. E Dilma Rousseff, então? Trata-se de uma calamidade inventada unicamente por Lula, mas ainda assim a ex-presidenta tem direitos autorais indiscutíveis sobre os absurdos que saíram de sua cabeça.

São coautores destacados, também, os integrantes do habitual angu de empresários-escroques, intelectuais com diploma de economistas, empreiteiros de obras públicas, bispos da Igreja Católica, senadoras histéricas, gente que ganha a vida como chefe de “movimentos sociais”, e por aí afora. Somados, produziram as Dez Pragas do Egito na economia brasileira. Fora do governo, são um alívio — o simples fato de não estarem mais com a caneta e a chave do cofre na mão já faz uma diferença monumental para melhorar o presente e o futuro.

A expectativa no momento é que não voltem mais. As previsões sobre o que vai acontecer sempre são mais seguras quando feitas depois de ocorrerem os fatos previstos — razão pela qual é melhor não garantir nada, principalmente no Brasil. Mas é certo que todo mundo, hoje em dia, tem informações precisas sobre a real natureza da gestão econômica de Lula. Desse “todo mundo”, naturalmente, é preciso excluir os milhões de eleitores que não têm informação, nem interesse, nem paciência para pensar em coisas de governo; é um problema real, pois transforma o direito de voto numa questão de fé.

O ex-presidente já tirou todo o proveito possível dessa doença. Conseguirá de novo? Precisa, em primeiro lugar, ser realmente candidato, coisa que não é. Num país em que a maior parte da população pouco acredita na inocência de quem é condenado à prisão — considera–se, ao contrário, que haja gente demais fora da cadeia —, terá uma caminhada morro acima para vender o conto de que é uma vítima.

Também não tem mais o que prometer. Prometer o quê, a esta altura? Fazer o contrário, caso eleito, de tudo que fez quando mandava? Limpar o Brasil da corrupção? Investir na Petrobras para tornar o povão rico com o “pré-sal”? Chamar seus marqueteiros hoje na cadeia para inventarem outras bolsas-família? Na verdade, prometem que vão radicalizar — ou seja, vão cometer os mesmos erros, só que em dobro.

O fato é que a cada dia se fala mais abertamente nos resultados reais da “política econômica” Lula-PT-Dilma — uma sucessão de fracassos, sobretudo nos últimos cinco anos, difícil de ser igualada em qualquer governo. Estão em sua conta os 14 milhões de desempregados; eles não apareceram de repente, logo depois da deposição de Dilma. Conseguiram também jogar o país na maior recessão de sua história, quebrar boa parte da indústria, concentrar renda, arruinar o Erário, gastar como nunca antes na concessão de privilégios, falsificar contas e anular os “ganhos sociais” de que falam até hoje.

Gerir a economia, para eles, é inventar indústrias “nacionais” para vender “sondas” à Petrobras. É hostilizar o comércio com os Estados Unidos e achar que as economias realmente promissoras deste mundo são as de Guiné, Venezuela ou Faixa de Gaza. É entregar o governo e o Tesouro às empreiteiras e a empresários-modelo, como Joesley Batista, Eike Batista e assemelhados. Mais do que o erro, sua grande marca foi a estupidez. Terão agora de explicar esse prontuário. Não será fácil.

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