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A onda verde nos seguros

Em tempos de sustentabilidade, as seguradoras tentam ganhar dinheiro com o incipiente setor de apólices contra danos ao meio ambiente

Rio Tietê, em São Paulo: o descaso com a natureza pode custar caro às empresas

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Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2011 às 16h37.

Seguindo uma regra mundial da matriz, a operação brasileira da fabricante de pneus Michelin contratou em 2004 um seguro ambiental com a seguradora do Unibanco, até agora a única a lançar esse produto no mercado.

Mais do que se proteger de um acidente em uma de suas fábricas ou de incêndios em fazendas onde estão suas seringueiras, a empresa queria uma cobertura para danos ambientais que levam semanas, meses ou anos para aparecer.

Paga cerca de 200 000 reais anuais por isso. "Queremos proteção para casos como o de um vazamento não identificado inicialmente, mas que pode dar problemas no futuro", diz Gutenberg Sousa, diretor de meio ambiente e prevenção da Michelin na América do Sul.

O número de apólices ambientais no Brasil não passa de 20. Juntas, elas movimentam cerca de 20 milhões de reais por ano -- um grão de areia num mercado de 96 bilhões de reais. Mas o potencial de crescimento desse tipo de negócio parece enorme. Para 2010, o mercado acredita numa expansão de 30% dessa modalidade de seguro. Zurich, Liberty, Ace e Allianz, quatro das 20 maiores em operação no Brasil, prometem entrar nesse mercado nos próximos meses.

O foco serão os setores mais propensos a ter problemas ambientais, como o químico e o de energia, e as multinacionais -- tanto nas que já estão instaladas aqui como nas que estão por vir.

"Com o aumento dos investimentos em infraestrutura nos próximos anos, nenhuma empresa internacional vai querer ver seu nome envolvido em um caso de desastre ambiental sem ter certeza de que as despesas serão pagas imediatamente", diz Jeferson Bem, superintendente de seguros de responsabilidade civil da seguradora Ace.

Um levantamento realizado pela empresa de pesquisa Economist Intelligence Unit no ano passado com 320 empresas na Ásia, na Europa, na Austrália e nos Estados Unidos mostrou que quase um terço delas trata da questão do risco ambiental quando planeja uma expansão geográfica. Mais de 40% das companhias afirmaram que consideram o tema quando desenvolvem novos produtos e serviços.

A expectativa das seguradoras instaladas no Brasil é que todo o barulho em torno do conceito de sustentabilidade se traduza, no curto prazo, também em apólices de seguro ambiental.

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