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MM 2025: O 'olho de dono' levou a uma virada histórica na BRF

A recuperação dos preços do frango ajudou, mas foi a busca por eficiência em cada etapa do processo fez a dona da Sadia e da Perdigão sair de prejuízo para o maior lucro da história

BRF: Programa de eficiência já gerou mais de 4,2 bilhões de reais em economias desde o fim de 2022 (Germano Lüders/Exame)

BRF: Programa de eficiência já gerou mais de 4,2 bilhões de reais em economias desde o fim de 2022 (Germano Lüders/Exame)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do Exame INSIGHT

Publicado em 25 de setembro de 2025 às 22h00.

Na BRF, 2024 foi o ano da virada. A dona da Sadia e da Perdigão saiu de anos no vermelho para o maior lucro de sua história, de 3,69 bilhões de reais. A receita também foi recorde, com alta de 11,4%, para 61,4 bilhões de reais.

A melhora dos preços do frango após um 2023 terrível para o setor em meio a um cenário de sobreoferta global deu uma força para os resultados. Mas a diferença mesmo veio de um processo que começou a ser construído dois anos antes, quando a Marfrig assumiu o controle, colocando fim na jornada errática da companhia como uma corporation.

O olho de dono deu foco para extrair eficiência em cada pequena etapa. Um programa batizado de BRF+, criado no fim de 2022, já gerou mais de 4,2 bilhões de reais em economias até o fim do primeiro semestre deste ano.  Não houve nenhuma bala de prata. No campo, a mortalidade de aves caiu de 6,5% em 2022 para 4,5% neste ano, e a de suínos, de 4% para 3%. A quantidade de ração necessária para converter em 1 quilo de carne recuou 5%.

Na indústria, o rendimento animal aumentou mais de 4 pontos percentuais: ou seja, o mesmo animal se converte em mais carne. “Quando se combina tudo isso, é o equivalente a dizer que a BRF ganhou nesse tempo uma fábrica nova, de grande escala, sem gastar um real”, afirma o CFO Fabio Mariano.

O mesmo aconteceu na logística, aumentando o nível de entrega dos pedidos para os clientes, e na redução dos descontos concedidos para produtos mais próximos do vencimento, que já chegaram a representar 6% da receita no Brasil e caíram para menos de 1%.

“Os resultados recordes que conquistamos em 2024 refletem a consistência de um trabalho que iniciamos há mais de dois anos, sob um novo direcional estratégico, com foco em eficiência, aproveitamento de oportunidades de mercado e disciplina financeira", diz o CEO Miguel Gularte. "Os números são consequência da melhoria contínua dos indicadores operacionais e da consolidação da nossa cultura de alta performance com a dedicação de um time de excelência.”

Num setor naturalmente cíclico, a filosofia é focar os processos que se consegue controlar para suavizar o vaivém das commodities. Neste ano, o que nasceu como investimento se transformou numa fusão integral com a Marfrig, para formar a MBRF, um gigante de mais de 150 bilhões em faturamento e portfólio diversificado entre proteínas e geografias que traz ainda mais resiliência.

"A fusão entre a Marfrig e a BRF marca o início de um novo capítulo da nossa história. Com a MBRF, estamos pavimentando um futuro promissor, avançando na ampliação nossos negócios pelo mundo, com sinergias estratégicas, mantendo a disciplina financeira e o foco em valor agregado", afirmou o controlador e chairman da nova companhia, Marcos Molina.

Na nova empresa, o olhar de longo prazo permanece, mas sempre com pé no chão. Ou, como diz o lema de Gularte, “o futuro começa toda segunda-feira”.


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