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Nara Roesler aumenta visibilidade da arte brasileira com galeria em Nova York

Com galeria em NY, a marchand Nara Roesler amplia a visibilidade do país lá fora

Berna Reale, foto com pigmento mineral: no catálogo da Nara Roesler (Divulgação/Divulgação)

Berna Reale, foto com pigmento mineral: no catálogo da Nara Roesler (Divulgação/Divulgação)

DS

Daniel Salles

Publicado em 17 de dezembro de 2020 às 05h36.

Última atualização em 17 de dezembro de 2020 às 10h51.

Fundada em 1989, a galeria de arte Nara Roesler está presente em Nova York desde 2015, quando inaugurou uma representação na cidade. Com matriz em São Paulo e uma filial no Rio de Janeiro, esta última em atividade desde 2014, o espaço deu mais um passo rumo à internacionalização há três anos ao transformar o escritório nova-iorquino numa pequena galeria, com a possibilidade de montar exposições.

Funcionou até abril deste ano no terceiro andar de um prédio no Upper East Side. Ganhou um ponto final, em parte pela pandemia, por motivos óbvios, em parte pelo plano que será concretizado no próximo dia 12 de janeiro. Nesse dia Nara Roesler vai inaugurar sua nova galeria na cidade, no bairro do Chelsea.

É um upgrade e tanto. Se a antiga sede somava 80 metros quadrados, o novo espaço se espalha por uma área cinco vezes maior. Mais: ocupa o térreo de um prédio e está voltada para a rua, o que favorece o entra e sai de pedestres. “Não tínhamos como atrair passantes no Upper East Side”, reconhece Alexandre Roesler, um dos diretores da galeria fundada pela mãe dele.

A localização é estratégica: a poucos passos do High Line, o parque suspenso que corta um trecho de Manhattan, virou ponto turístico e abriga duas das galerias de arte mais conhecidas dos Estados Unidos — logo, do mundo todo. Falamos da ­Gagosian e da David Zwirner, ambas com unidades em outras cidades e países.

Quadro de Tomie Ohtake em tinta acrílica sobre tela: exposição em Nova York a partir de fevereiro (Divulgação/Divulgação)

“Agora temos espaço para retribuir, apoiar e nos conectar mais profundamente com a enorme infraestrutura de artistas, colecionadores, curadores, instituições e amantes de arte em Nova York”, afirma Nara Roesler. Projetada pelo arquiteto Miguel Pinto Guimarães, de cuja prancheta saiu, por exemplo, o sofisticado restaurante Xian, no Rio de Janeiro, a novidade dispõe de salas expositivas e de um viewing room. Nele será possível conferir obras que não estão fisicamente em Nova York — pouco mais de 300 são mantidas na cidade, em um storage, enquanto o acervo em São Paulo soma mais de 4.000 peças.

Diretor artístico da Nara Roesler desde o ano passado, o venezuelano Luis Pérez-Oramas, ex-curador da divisão de arte latino-americana do MoMA, idealizou cinco mostras curtas, cada uma delas com duração de uma semana, para a estreia do novo espaço.

Alguns dos artistas selecionados, todos comercializados pela Nara Roesler: Cristina Canale, Artur Lescher, Berna Reale, Milton Machado, Antonio Dias (1944-2018) e Tomie Ohtake (1913-2015). O nome escolhido para a primeira exposição individual, prevista para fevereiro, é o da escultora­ Amelia Toledo (1926-2017).

Com a nova filial, a expectativa é que o braço internacional fature, em algum ponto, mais que o brasileiro (o antigo e acanhado endereço nova-iorquino já respondia por 25% das vendas). “O novo espaço fará toda a diferença. Estaremos de fato integrados ao principal mercado de arte do mundo”, acredita Alexandre, que não descarta fincar raí­zes também na Europa, onde desembarcaram outras galerias brasileiras.

A arte brasileira conquistou respeito internacional na última década principalmente em razão das feiras internacionais, as grandes vitrines desse mercado. Mas a presença física externa garante uma visibilidade ainda maior. Fora de nossas fronteiras, as galerias entram no radar dos colecionadores estrangeiros. Existe também uma tendência global de valorização das manifestações regionais. E isso é bom para o Brasil.

A pandemia, é de imaginar, pôs em dúvida o novo endereço americano da Nara Roeler — a inauguração estava prevista para maio. “Nos primeiros dois meses da quarentena no Brasil, as vendas caíram pela metade”, conta o diretor. Mas foi um baque passageiro. Tudo somado, a galeria vai fechar 2020 com um faturamento 15% maior do que o do ano passado. Detalhe: 2019 foi o melhor ano da história da Nara Roesler. Em 2021 haverá mais dólares na equação.

(Arte/Exame)

 

 

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