Criar condições para atravessar o inesperado implica foco no caminho de longo prazo (Jorg Greuel/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de janeiro de 2022 às 05h03.
Última atualização em 20 de janeiro de 2022 às 20h54.
Depois de vivermos um 2020 cheio de desafios e superações, 2021 foi — digamos assim — o ano da esperança, principalmente pela chegada da vacina contra a covid-19. Terminamos o ciclo de forma um pouco mais tranquila, ensaiando o que reconhecemos como normal, mas sem ser uma volta por cima. Convenhamos que as primeiras semanas de 2022 não têm sido das mais fáceis, mas o tão aguardado momento de “volta por cima” há de acontecer.
Ao longo dos últimos meses, acompanhamos o noticiário econômico informando que a redução dos juros foi demasiada, e estamos pagando por esse exagero com inflação anual acima de 10%. Esse é o pior dos impostos para os mais pobres, que tanto já sofrem com a falta de oportunidade de trabalho, poucos recursos para as necessidades básicas e outras mazelas. Para completar, temos um frágil equilíbrio fiscal ameaçado pelas eleições de outubro — que, como já é de esperar, serão novamente radicalizadas.
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O fato é que, com os dados disponíveis sobre algumas variáveis, o mercado, como sempre, antecipou resultados e, desta vez, precificou os ativos considerando o pior cenário para o Brasil. Assim, enquanto no exterior eles apresentaram valorização incomum, por aqui perderam valor real de forma pouco vista anteriormente e diminuindo o poder de compra do dinheiro.
O mercado projeta, precifica e oscila segundo a meia dúzia de variáveis que podem ser observadas a curta distância, enquanto a vida e a economia reais vão acontecendo a cada momento, segundo variáveis incontáveis e não sondáveis, que, no entanto, no longo prazo, submetem-se a leis gerais. Assim como os meteorologistas precisam refazer suas previsões quando identificam um fenômeno que não havia entrado nas contas, o mercado muda de ideia quando novos dados ou mesmo novas variáveis se impõem.
O fato é que o valor do tempo mostra-se cada vez mais importante nas finanças. Em minha jornada de trabalho de quase três décadas, ressalto, dia após dia, a importância de as famílias terem conhecimento de seu custo de vida mensal e formarem um bom colchão de liquidez (ou reserva de emergência, como é mais comum ser chamado) de, no mínimo, três anos de seus gastos, de maneira a não precisarem aceitar preços rebaixados. A pandemia — que já dura dois anos — é uma prova de que reserva de emergência de seis meses ou um ano, como muitos pregam, é pouco.
Daí, também, a importância de ter uma carteira de investimentos de longo prazo que siga critérios da economia real, investindo em empresas sólidas e com maiores perspectivas de resultados. Já ouviu a frase “não sabemos quando vai chover, mas sabemos que vai chover e que, quando chover, o vendedor de guarda-chuvas vai ganhar dinheiro”? É exatamente isso!
Manter-se fiel a essas filosofias cria condições para atravessar o inesperado. Em nosso país temos — infelizmente — pelo menos uma crise por década, já percebeu? O futuro é imprevisível, mas nem por isso você está condenado a viver ao sabor de imprevistos.
Diante de um planejamento financeiro bem-feito e com uma melhor proteção ao seu patrimônio, é possível dormir tranquilo, mas sem deixar de dar atenção a alterações estruturais. É preciso estender o olhar além das circunstâncias imediatas, pois temos razões para, mais do que apenas desejar, acreditar que dias melhores virão.