Revista Exame

O sonho e os sonhos

A Ambev está levando a cabo a maior transformação de sua história. Quem escolhe o que consumir, agora, é o consumidor

Jean Jereissati, presidente da Ambev, com funcionários da companhia: aposta na transformação (Germano Lüders/Exame)

Jean Jereissati, presidente da Ambev, com funcionários da companhia: aposta na transformação (Germano Lüders/Exame)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 05h14.

A cervejaria Ambev é a maior história de sucesso do capitalismo brasileiro para o mundo nas últimas décadas. Vinte anos após a fusão das cervejarias Brahma e Antarctica, dominou o mercado global e exportou para outros países e para outras indústrias um estilo de gestão para lá de vitorioso.

Num país que até hoje se debate com responsabilidade fiscal e com boas práticas na gestão pública, a ­Ambev é um símbolo de excelência. Mas a pandemia acelerou a transformação digital e escancarou o descompasso do mundo em que a Ambev prosperou com o futuro.

    Com os consumidores constantemente conectados, os canais de venda mudaram definitivamente. A forma de divulgar, vender e testar os produtos, também. Não é mais possível controlar os canais de marketing, as prateleiras dos supermercados, os menus dos bares. São os consumidores que decidem o que querem consumir e de que forma.

    Para dominar esse novo jogo, a Ambev está levando a cabo a maior transformação de sua história. Alguns dos pilares da companhia seguem firmes e fortes, como a crença na meritocracia, o sentimento de dono dos funcionários e a promoção de talentos internos. Mas há muita mudança na gestão de pessoas.­ Jovens brancos e bem formados nas melhores escolas continuam importantes, mas apenas se conseguirem trabalhar com novos funcionários que tragam experiências diversas à companhia.

    A estratégia de crescer com grandes aquisições também já era, e dá lugar a um plano de expansão orgânica, com parcerias cada vez mais frequentes com milhares de startups. Já são 13.000 empresas inovadoras em contato frequente com a Ambev, para os mais variados projetos. Algumas podem vir a ser adquiridas, mas outras terão mais serventia se permanecerem onde estão.

    Como contou o presidente da Ambev, Jean Jereissati, a companhia tem 170 pessoas dedicadas apenas a monitorar os comentários em redes sociais, criando conteúdo digital e levando insumos para a criação de novos produtos e serviços. O aplicativo da cervejaria, o Zé Delivery, virou um dos principais canais de venda durante a pandemia.

    Jorge Paulo Lemann, o investidor que simboliza a cultura da Ambev, deu voz a esse novo momento da empresa em uma live em agosto. Lemann disse que, se pudesse começar a carreira agora, escolheria uma startup e afirmou que seu próximo sonho grande é reformar o sonho grande do passado — ou seja, voltar a fazer da Ambev uma referência num mundo em transformação. A live, transmitida pela EXAME, foi organizada pela Brasa, uma associação de estudantes brasileiros no exterior. Mais uma mostra de que, para se manter relevante, é preciso se conectar a quem está movendo o mundo — vale para a Ambev, vale para a EXAME.

    Acompanhe tudo sobre:AmbevBebidasbebidas-alcoolicasCervejasJorge Paulo Lemann

    Mais de Revista Exame

    Invasão chinesa: os carros asiáticos que chegarão ao Brasil nos próximos meses

    Maiores bancos do Brasil apostam na expansão do crédito para crescer

    MM 24: Operadoras de planos de saúde reduzem lucro líquido em 191%

    MM 2024: As maiores empresas do Brasil