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Embarques de soja para China devem atingir pico em maio

Expectativa é de que essa alta de exportações para a China se mantenha até o final de junho

Desembarque de soja na China: até abril, o país importou 27,7 milhões de toneladas de soja do Brasil, volume 8% superior ao mesmo período de 2024  (Xu Congjun/VCG/Getty Images)

Desembarque de soja na China: até abril, o país importou 27,7 milhões de toneladas de soja do Brasil, volume 8% superior ao mesmo período de 2024 (Xu Congjun/VCG/Getty Images)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 22 de maio de 2025 às 06h00.

Última atualização em 22 de maio de 2025 às 06h37.

Seja qual for o desfecho das negociações tarifárias entre Estados Unidos e China — que até o fechamento desta edição apontavam para uma trégua —, o setor exportador de soja brasileiro caminha para se beneficiar das incertezas geopolíticas. Pelo menos no curto prazo.

Estimativas de algumas consultorias revelam que o pico dos embarques brasileiros do grão para a China será em maio, com projeções de 14,5 milhões de toneladas (em maio do ano passado, o Brasil exportou 9,9 milhões de toneladas para o país asiático).

Embora esse número não seja um recorde para o mês de maio (em 2023, o Brasil embarcou 16 milhões de toneladas para a China), ele é considerado promissor.

E a expectativa é de que essa alta de exportações para a China se mantenha até o final de junho. Um dos motivos para esse otimismo em relação ao grão brasileiro é a própria China.

Com a guerra comercial desenhada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o gigante asiático adiantou suas compras de soja do Brasil para garantir bons preços, e temia ficar sem a oleaginosa.

O resultado é que, até abril, a China já importou 27,7 milhões de toneladas de soja do Brasil, montante 8% superior ao mesmo período de 2024. E não deve parar por aí.

Além dessa antecipação, os EUA estão em período de entressafra, o que faz de países como o Brasil e a Argentina opções para as compras chinesas.

“Esse cenário logístico e sazonal contribui para facilitar compras expressivas por parte da China e outros importadores, o que reforça a atratividade da soja brasileira no curto prazo”, afirma a Datagro Consultoria.

Historicamente, Brasil e Estados Unidos são os principais fornecedores de soja para a China. Em 2024, o gigante asiático importou 105 milhões de toneladas da oleaginosa. Desse total, 71% foram do Brasil, 21% dos EUA e 8% de outros países, segundo dados da Datagro.

As atenções, agora, devem ser para a próxima safra, 2025/26, avalia Rafael Silveira, analista da consultoria Safras & Mercado.

“Como a China já antecipou as compras, a disputa comercial não altera em nada as exportações brasileiras em maio e junho”, afirma. “Mas a safra de 2025/26 pode ser impactada.”

Segundo o analista, com receio de que Trump eleve novamente as tarifas, a China pode antecipar as compras de soja dos EUA e reservar parte do grão americano para garantir um bom preço — nos EUA, diferentemente do Brasil, a colheita da soja começa em outubro.

“Essa trégua pode incentivar a antecipação das compras chinesas via EUA e mudar o cenário que vinha se desenhando para o Brasil até o final do ano”, diz.

A estimativa de algumas casas de análise é de que, com a guerra comercial, as exportações brasileiras de soja para a China alcancem até 90 milhões de toneladas em 2025, ante 75 milhões no ano passado.

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