Revista Exame

As 21 startups brasileiras para ficar de olho em 2023

Embora a cidade de São Paulo concentre o maior número de empresas, outros polos, entre eles Piracicaba, Uberlândia e Amazônia, despontam em setores como agro e biotecnologia

AgTech Garage: localizado no Vale do Piracicaba (SP), maior hub de inovação aberta do agronegócio do Brasil acaba de ser comprado pela PwC. (Divulgação/Divulgação)

AgTech Garage: localizado no Vale do Piracicaba (SP), maior hub de inovação aberta do agronegócio do Brasil acaba de ser comprado pela PwC. (Divulgação/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2022 às 06h00.

Última atualização em 9 de janeiro de 2023 às 20h23.

Steve Jobs, fundador da Apple, Zhang Yiming, a mente criativa do TikTok, e Mark Zuckerberg, do Facebook, são alguns nomes por trás das startups mais impactantes do mundo. Eles também são a representação do que vem sendo desenvolvido na China e nos Estados Unidos, as duas potências com o maior número de unicórnios do mundo. O que nem todos sabem é que, além desses dois países, uma das regiões geográficas mais ativas em número de startups é a América Latina e, por consequência, o Brasil, onde, segundo um levantamento da empresa alemã especializada em dados Statista, 21% da população está envolvida no universo das startups.

Os estados onde elas mais se concentram, de acordo com a Liga Ventures, são: São Paulo, líder disparado, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Santa Catariana, com alta concentração nas capitais. Há ainda outras capitais e municípios menores pelo país em estágios variados de desenvolvimento — dos que engatinham aos que despontam. Cidades como Fortaleza, Porto Alegre, Uberlândia (em Minas Gerais) e Recife são destinos a serem observados com atenção, aponta Danilo Picucci, diretor de ecossistemas e comunidades da ABStartups. Já a Região Centro-Oeste tem uma concentração enorme de agtechs (ou agrotechs), startups com foco no agronegócio. “O motivo é óbvio. A região concentra grandes produtores de alimentos do mundo”, diz ­Picucci. Segundo ele, o Vale do Piracicaba (também conhecido como Vale do Agro ou AgTech Valley), no interior do estado de São Paulo, também vem despontando como “a capital do agro”, por reunir empresas, centros de desenvolvimento científico, incubadoras de startups e instituições de ensino, como o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada e a Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo. Segundo o Radar AgTech Brasil 2021, Piracicaba, inclusive, é a segunda cidade do país com maior concentração de startups de agro.

No Nordeste, Fortaleza tem avançado bastante em startups nos últimos três, quatro anos, por motivos socioeconômicos. “Tanto a cidade quanto o estado têm se destacado na criação de infraestrutura de suporte, no nascimento de aceleradoras e hubs de inovação e nos fundos de investimentos locais”, analisa Picucci. O movimento é grande e ascendente, o que leva mais suporte aos empreendedores e aumenta a chance de sucesso. Já no outro extremo, Porto Alegre voltou, de uns tempos para cá, a ganhar os holofotes graças ao nascimento e à expansão de seus hubs de inovação, a exemplo do Instituto Caldeira (sem fins lucrativos), que em julho ganhou o Campus Caldeira, nova plataforma voltada para a educação. A iniciativa que ocupa o segundo andar da sede do instituto já conta com residentes como a Fundação Dom Cabral e a GetEdu, parceira do Google for Education. Em Porto Alegre também funciona a Tecnopuc, Parque Científico e Tecnológico da PUCRS. “É um lugar com gente muito ativa”, diz Picucci.

(Arte)


FINTECHS

Principais estados: São Paulo (38,94%), Minas Gerais (5,98%) e Rio de Janeiro (5,29%).

Principais categorias: meios de pagamento, gestão financeira, conta digital, contabilidade e fiscal, e crédito direto.

Principais anos de fundação: 2017, 2018 e 2019.

De todas as categorias de startups, o maior volume se encontra nas mãos de fintechs, como Nubank e Creditas. “Com boa parte da população desbancarizada, essas startups vieram para quebrar a lógica dos bancos tradicionais”, explica Luciana Leão, vice-presidente de produtos da Liga Ventures. Por outro lado, ela destaca que, depois de um pico, em 2018, as fintechs passam por um momento de desaceleração. “De oceano azul, elas se encontram agora em um oceano vermelho”, diz Leão, em menção ao livro A Estratégia do Oceano Azul, da americana Renée Mauborgne e do coreano W. Chan Kim, que chama de “oceano azul” os mercados ainda não explorados. Para a especialista, essa desaceleração faz parte do processo de amadurecimento do mercado, cujo crescimento deve vir agora de segmentos menos explorados.


EDTECHS

Principais estados: São Paulo (35,89%), Rio de Janeiro (8,19%) e Minas Gerais (7,67%).

Principais categorias: capacitação profissional, educação corporativa, formação tecnológica, infraestrutura digital e conteúdos educacionais.

Principais anos de fundação: 2016, 2017 e 2018.

O número de edtechs brasileiras — negócios que fazem uso da tecnologia educacional para melhorar a rotina de professores, alunos e administradores de negócios na área — cresceu 26% durante a pandemia, segundo um levantamento realizado pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira e pela ABStartup, com dados coletados entre 2019 e 2021. Hoje, há 574 edtechs em 129 cidades brasileiras atuando em 23 categorias — de capacitação profissional e educação corporativa a educação infantil, jogos educativos e novos formatos de ensino. 

Levando em consideração o indicador número de funcionários, algumas das maiores edtechs do país são a escola de negócios Conquer e a de aulas online Descomplica, segundo o Startup Scanner — ferramenta da Liga Ventures com o apoio estratégico da PwC Brasil para acompanhar o mapa das startups brasileiras.


RETAILTECHS

Principais estados: São Paulo (31,10%), Santa Catarina (8,66%) e Minas Gerais (5,12%).

Principais categorias: comunicação e relacionamento com o cliente, gerenciamento de loja, criação/personalização de e-commerce, análise de dados e experiência do cliente.

Principais anos de fundação: 2015, 2016 e 2017.

São Paulo é o estado com o maior número de retailtechs do Brasil — 566, de 31 categorias, localizadas em 130 cidades. Na sequência, aparecem Santa Catarina e Minas Gerais. De acordo com o Startup Scanner, que usa como indicador o número de funcionários, estão entre as maiores empresas ligadas ao setor de retailtechs as startups Loggi, de logística; Omie, de sistema ERP; e Olist, de soluções para vendas online.


HEALTHTECHS

Principais estados: São Paulo (41,25%), Minas Gerais (6,61%) e Rio de Janeiro (6,25%).

Principais categorias: buscadores e agendamentos, gestão de processos, bem-estar físico e mental, planos e financiamento, e exames e diagnósticos.

Principais anos de fundação: 2016, 2017 e 2019. 

Em quarto lugar no ranking do Startup Scanner encontram-se as healthtechs, voltadas para o setor de saúde, com quase metade delas concentradas em São Paulo. A categoria que mais desponta é a de agendamentos online de consultas médicas. Também chamam a atenção, mesmo que em número menor, as startups com soluções voltadas para desenho, projeto e impressão de modelos 3D para aplicações médicas, bem como tecnologias para realizar análise, mapeamento e sequenciamento genético. 

Entre os destaques do setor, de acordo com o Startup Scanner, estão a rede de academias, estúdios e apps de bem-estar Gympass, o Grupo 3778, de soluções em saúde corporativa, e a Psicologia Viva, de psicólogos online. “Já existia um número relevante de heathtechs. A pandemia fez esse montante triplicar em diferentes frentes — hospital, paciente, seguro de saúde, consulta, teleatendimento, terapia — e resultou no surgimento de tecnologias muito inovadoras”, destaca Picucci.


STARTUPS VERDES

Fora do ranking dos maiores setores de startups, mas em pleno crescimento na era do ESG, estão as cleantechs — formadas por empresas com soluções voltadas para o segmento de tecnologias limpas, como solar e eólica. O Mapeamento Cleantech 2021, da ABStartups, aponta que existiam, no ano passado, 177 startups verdes ou de tecnologia limpa ativas no país. O estado de São Paulo concentra o maior número (29,4%), seguido de Minas Gerais (12,7%) e Rio de Janeiro (10,8%). A média de fundação dessas startups é de 3,2 anos, sendo que 22,5% têm menos de um ano de existência.


TOP 21 startups brasileiras para observar em 2023

Levantamento da Startup Stash considera projetos promissores e/ou que tenham levantado fundos em rodadas de investimentos

1) Agrolend (SP)

2) 180o Insurance (SP)

3) Inventa (SP)

4) Piipee (SP)

5) Curseria (SP)

6) Galena (SP)

7) Nude (SP)

8) BotCity (SP)

9) Tabas (SP)

10) SkillCore (PR)

11) InHouse Market (CE)

12) Tractian (SP)

13) Moss.Earth (SP)

14) Gavea Marketplace (RJ)

15) iUPay (SP)

16) Digibee (SP)

17) Speedbird Aero (SP)

18) Beeva (AL)

19) Veroo (SP)

20) Brelo (SP)

21) Hauseful (SC)

Fonte: Startup Stash.


Felipe Rebelatto, da Novvo Bem-Estar: descoberta acidental e persistência para fazer o negócio dar certo (Divulgação/Divulgação)

UMA FÓRMULA CONTRA A RESSACA

A Novvo Bem-Estar, do empreendedor Felipe Rebelatto, tem chamado a atenção do mercado e da imprensa por causa de um suplemento que, tomado antes do consumo de bebida alcoólica, ajuda a evitar a ressaca. Considerada uma biotech, a startup nasceu sem querer, quando Rebelatto estava em uma happy hour. Ele acordou esperando a ressaca, que não veio. Intrigado, descobriu que o consumo de um suplemento manipulado no exterior ajudou a evitar o pior. Depois de contratar um cientista, soube que havia um ingrediente natural no suplemento e, a partir daí, iniciou os investimentos (de 1,5 milhão de reais) para aprofundar os estudos e entender a descoberta.

Em abril deste ano, depois de uma parceria com um laboratório americano e a anuência da Anvisa, o Novvo Pré-Drink foi oficialmente lançado, no Baile da Vogue. A estrutura por trás do negócio é enxuta. O time conta com nove profissionais. Do lado de fora, são mais quatro agências de marketing e tecnologia, além de um centro de distribuição, quatro transportadoras e duas fábricas parceiras. 

O próximo passo da marca é colocar o suplemento em 700 lojas de uma grande rede de farmácias. Um alívio, após uma longa caminhada em um mercado, até então, novo para Rebelatto. “Conhecer esse mundo exigiu muito estudo, conversas com especialistas, papos com mentores e empreendedores que já passaram por essa dor. Saber que não estamos sozinhos nessa luta é confortante.”


Sede do Gympass, em São Paulo: mais de 20 milhões de usuários em 11 países (Germano Lüders/Exame)

Gympass: bem-estar do Brasil para o mundo

Com dez anos de vida, o unicórnio brasileiro Gympass, plataforma de bem-estar para colaboradores, teve de queimar muitas calorias para acertar o formato atual. A startup nascida no Brasil foi obrigada a mudar cinco vezes de modelo de negócios e quase quebrou por duas vezes até chegar ao “modelo correto”. “Foi quando encontramos um modelo de ganha-ganha”, diz João Barbosa, cofundador e VP de parcerias. Cerca de 2,5 vezes maior do que no período pré-pandemia, a empresa opera hoje em mais de 7.500 cidades de 11 países. São mais de 10.000 clientes (empresas), 20 milhões de usuários e cerca de 50.000 academias parceiras. O Brasil segue como o maior mercado para o Gympass, enquanto os Estados Unidos são o que mais cresce. Em todos os países onde opera, há um time comercial e um serviço tailor made para fazer o cálculo do retorno do investimento. “Quero ajudar as pessoas a serem mais ativas”, diz Barbosa. “Quanto antes conseguirmos expandir e aumentar nossa penetração internacional, maior a possibilidade de sermos bem-sucedidos.”


(Publicidade/Exame)

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