Paulo Câmara, presidente do Banco do Nordeste: próxima aposta da instituição é levar IA para o pequeno e o médio agricultor (Fernando Cavalcante/Divulgação)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 31 de julho de 2025 às 20h00.
A agricultura tem papel estratégico no Banco do Nordeste, instituição presidida há dois anos por Paulo Câmara, economista e ex-governador de Pernambuco. Em 2025, serão destinados 21,9 bilhões de reais ao setor, em um contexto de crédito escasso, especialmente para micro e pequenos agricultores, principal foco da instituição.
Em entrevista à EXAME, Câmara fala sobre como pretende impulsionar o Agroamigo — programa do banco voltado para a agricultura — na safra 2025/26, e afirma que a tecnologia será a próxima fronteira para o agro nordestino.
Qual é a importância da agricultura na carteira do banco?
Adotamos uma política de investimentos agressiva, com uma carteira ativa de 15,4 bilhões de reais no Agroamigo. Em 2024, o programa gerou 9 bilhões de reais em Valor Bruto da Produção (VBP). Além disso, o aumento nos financiamentos, impulsionado pelo Plano Safra, fortaleceu a agricultura familiar. Para o ciclo 2025/26, o programa contará com 9 bilhões de reais, além de 300 milhões de reais destinados à construção de banheiros e quintais produtivos.
O Agroamigo, que completa 20 anos em 2025, é a principal bandeira do banco no agro. Como ganhar mais capilaridade com o programa?
O Agroamigo está em expansão na safra 2025/26, com 80 novos pontos de atendimento nos municípios e unidades móveis, buscando levar informações a cada vez mais pessoas — além do acompanhamento, que é seu grande diferencial. Também estamos investindo em tecnologia, na melhoria da conectividade no campo e na implementação de placas solares nas propriedades.
Conectividade e energia são duas questões que pesam no bolso do agricultor...
O acesso à internet permite que o agricultor tenha acesso a informações e ferramentas que podem ajudá-lo em seu negócio. Estamos fazendo isso em parceria com o governo federal. Quanto ao projeto das placas solares, financiamos a instalação de sistemas de energia solar nas propriedades rurais, o que ajuda a reduzir os custos. Em alguns casos, a energia excedente pode até ser vendida.
O que vem a seguir na questão da tecnologia para o agro?
Estamos desenvolvendo um projeto com inteligência artificial, e a expectativa é que seja anunciado no próximo Plano Safra 2026/27. A IA funcionará como uma ferramenta de consulta, semelhante a um ChatGPT, em que os agricultores poderão obter informações sobre técnicas de cultivo e orientações sobre crédito. O objetivo é que, no futuro, os produtores utilizem a inteligência artificial para esclarecer dúvidas e aprimorar suas práticas agrícolas.