Revista Exame

Celulares 5G: assim como o coronavírus, o futuro chegou rápido

Com a demanda por telefone e internet inflada pela pandemia do coronavírus, operadoras discutem o leilão de frequências para implantação da rede celular 5G

 (Denis Freitas/Exame)

(Denis Freitas/Exame)

JE

Juliana Estigarribia

Publicado em 26 de março de 2020 às 05h40.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 14h56.

As operadoras de telefonia e internet no mundo inteiro estão preocupadas em ajustar o serviço à abrupta elevação da demanda conforme mais e mais usuários se isolam em casa para desacelerar a disseminação do novo coronavírus. Mas um debate decisivo para o setor no Brasil continua rolando em paralelo.

Está aberta a contribuições até 2 de abril a consulta pública da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) sobre o edital de leilão de quatro frequências da quinta geração de internet móvel (5G). O maior certamente já realizado pela Anatel pode render de 20 bilhões a 25 bilhões de reais ao governo federal. O setor espera que aconteça até o final deste ano, mas a falta de acordo sobre as condições do leilão pode atrasar a transação.

“O arcabouço regulatório precisa ser amplamente discutido. É melhor uma rodada bem feita, realizada com atraso de alguns meses, do que um leilão feito às pressas, que pode custar anos de problemas”, diz Leonardo Capdeville, diretor de tecnologia e informação da TIM. Para o executivo, o Brasil não está atualmente muito atrás de nações desenvolvidas, como os Estados Unidos, que ainda não têm uma cobertura contínua de 5G.

As vantagens da tecnologia 5G em comparação à 4G são duas: maior velocidade e capacidade para conectar mais dispositivos. Em um momento de crise como o atual, e considerando que daqui para a frente a vida vai ser cada vez mais digital, parece urgente acelerar a modernização da rede.

Usando 5G é possível transmitir volumes massivos de dados pela rede celular. As empresas de todos os setores terão mais conhecimento dos hábitos dos clientes, poderão atender o consumidor de maneira mais rápida e personalizada, com mais respostas em forma de voz geradas por inteligência artificial. O ensino à distância vai se enriquecer muito e a telemedicina ficará mais acessível.

Outros benefícios só vão aparecer com o tempo. Novos aplicativos terão de ser desenvolvidos para aproveitar plenamente essa tecnologia. Da mesma maneira que as redes 3G e 4G viabilizaram aplicações como Uber, Waze, WhatsApp e Spotify, surgirão ideias inovadoras, e que ainda não podemos prever, que vão explorar a velocidade 5G.

Mas, antes do surto da covid-19 estourar, as operadoras brasileiras — Vivo, TIM, Claro e Oi — não estavam com muita pressa na implantação. Como o alcance das frequências 5G é mais curto, vai ser necessário instalar muito mais antenas para oferecer o serviço a um grande número de clientes. Em grandes capitais, como São Paulo, nem existe mais espaço para novas torres.

Além disso, os usuários precisam trocar seus celulares por modelos mais modernos — um movimento que costuma ser lento. Assim, o investimento das operadoras é elevado e demora para dar retorno. O sucesso do leilão, esperado para o final deste ano, depende do formato final do edital. Primeiro, do preço a ser cobrado das operadoras.

Nos últimos certames desse tipo, o setor reclamou que sobraram poucos recursos para implantação das redes. “Temos de avaliar quais contrapartidas serão exigidas. O ciclo de renovação dessas tecnologias é muito rápido, de quatro anos, em média, e precisamos saber se vão se pagar”, diz Márcio Carvalho, diretor de mar­keting da Claro. Para fazer o negócio sair, o governo federal deve topar dar estímulos e rever a tributação do setor.

Acompanhe tudo sobre:5GInternet móvelOiTelecomunicaçõesTelefonia

Mais de Revista Exame

Invasão chinesa: os carros asiáticos que chegarão ao Brasil nos próximos meses

Maiores bancos do Brasil apostam na expansão do crédito para crescer

MM 24: Operadoras de planos de saúde reduzem lucro líquido em 191%

MM 2024: As maiores empresas do Brasil