Revista Exame

Biden deve superar crises com China e Rússia e controlar inflação em 2022

Presidente americano enfrenta duplo desafio para os próximos anos

Em relação aos acordos comerciais com os Estados Unidos, a má notícia é que a China parece ter falhado em cumprir a promessa de aumentar as compras de produtos americanos, em cerca de 30% abaixo da meta definida para 2021 (Chip Somodevilla/Getty Images)

Em relação aos acordos comerciais com os Estados Unidos, a má notícia é que a China parece ter falhado em cumprir a promessa de aumentar as compras de produtos americanos, em cerca de 30% abaixo da meta definida para 2021 (Chip Somodevilla/Getty Images)

CA

Carla Aranha

Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 05h58.

No início deste mês, o Comando Maior das Forças Armadas americanas se debruçou sobre uma série de mapas, pontuados com dados obtidos pelo serviço de inteligência, com movimentações de tropas russas na fronteira com a Ucrânia. Depois de uma reunião com o presidente Joe Biden, as informações foram compartilhadas com países aliados europeus. Os Estados Unidos avaliam que a Rússia tem planos de invadir a Ucrânia no início de 2022, em retaliação ao desejo de Kiev de se filiar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Como a política internacional impacta seu bolso e como sair ganhando? Descubra com um curso exclusivo da EXAME.

O ano deverá começar quente para Biden também em outro front internacional: a guerra comercial com a China segue em alta voltagem, enquanto Washington pressiona Pequim sobre temas como a repressão à minoria étnica uigur. O governo americano confirmou, em novembro, que o país deve boicotar parcialmente os Jogos Olímpicos de inverno em Pequim, em fevereiro, em razão do desrespeito aos direitos humanos.

Em relação aos acordos comerciais com os Estados Unidos, a má notícia é que a China parece ter falhado em cumprir a promessa de aumentar as compras de produtos americanos, em cerca de 30% abaixo da meta definida para 2021. Com isso, o governo americano não descarta a imposição de novas tarifas de importação à China, mesmo sob o risco de desgastar ainda mais as relações entre os dois países. “A política americana a respeito da China parece com os cinco estágios do luto: começou com negação, raiva, e agora estamos na fase da barganha”, diz o historiador Robert A. Manning, consultor do Atlantic Council, think tank de estratégia americano.

Dentro do país, os desafios não são menores para o governo de Joe Biden. No último mês, a inflação chegou a 6,8%, o maior valor nos últimos 39 anos, como efeito da crise de energia e abastecimento atrelada à recuperação econômica mundial no pós-pandemia. Somente o custo dos combustíveis subiu 30%, com o aumento da procura global por petróleo e gás natural.

Os preços do barril de petróleo podem passar de 80 dólares e, junto com a alta dos custos de energia e a inflação em todos os aspectos da vida cotidiana, dos alimentos ao material básico, isso significa que a inflação não deve ser um fenômeno transitório”, diz Matt Smith, analista de petróleo da consultoria de energia Kpler. “Até mesmo o Fed [o banco central americano] concorda com essa visão.”

O Federal Reserve retirou o termo “transitório” em seu comunicado sobre perspectivas econômicas de novembro, em um sinal de que os ventos mudaram. Com a inflação em alta, aumentaram as pressões para um reajuste na taxa de juro, na faixa entre 0% e 0,25%. Pode ser o início de um pesadelo político para Biden e o Partido Democrata, que, em 2022, enfrentará eleições legislativas. Biden deverá passar por seu primeiro grande teste de política monetária em meio à maior pressão inflacionária dos últimos 30 anos.

Acompanhe tudo sobre:ChinaEstados Unidos (EUA)InflaçãoJoe BidenRússia

Mais de Revista Exame

Invasão chinesa: os carros asiáticos que chegarão ao Brasil nos próximos meses

Maiores bancos do Brasil apostam na expansão do crédito para crescer

MM 24: Operadoras de planos de saúde reduzem lucro líquido em 191%

MM 2024: As maiores empresas do Brasil