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O desafio do sangue novo: como preparar os filhos para comandar uma franquia

Na família Polachini, a chegada da segunda geração melhorou a gestão de lojas do Bob’s, de fast-food, e abriu lojas de outras marcas

Grupo Polachini: segunda geração trouxe novas marcas para o portfólio (Leandro Fonseca /Exame)

Grupo Polachini: segunda geração trouxe novas marcas para o portfólio (Leandro Fonseca /Exame)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 22 de maio de 2025 às 06h00.

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O processo de sucessão em uma empresa familiar raramente é simples. Embora sejam a primeira opção natural para a continuidade do negócio, os filhos nem sempre estão preparados para assumir o desafio. Quem consegue preparar sucessores se torna referência no setor.

Esse foi o caminho trilhado pela família paulistana Polachini. Com a entrada da segunda geração à frente da gestão, o grupo, hoje liderado por Leonardo Polachini, deu um passo decisivo rumo à modernização e à diversificação.

Atualmente, o grupo conta com franquias de marcas como Bob’s, KFC e Casa Bauducco, totalizando 14 operações. O caso bem-sucedido atrai a atenção das franqueadoras, pois elas valorizam quem garante boa gestão e, consequentemente, longevidade às operações.

Luiz Carlos e Rosali Polachini entraram no mercado de franquias há mais de 20 anos, quando abriram uma unidade do Bob’s em um shopping center na zona norte de São Paulo, depois de anos administrando lotéricas. O Grupo Polachini chegou a operar 25 lojas do Bob’s.

O rápido crescimento, aliado a um cenário econômico desafiador, levou à necessidade de fechar unidades deficitárias para garantir a sobrevivência do negócio. Foi nesse momento que os filhos entraram para assumir os desafios. Leonardo e Caren (que já não está mais na empresa) passaram a cuidar da operação e do financeiro.

“A participação dos meus filhos foi fundamental para a sobrevivência e o crescimento da empresa. Quando o negócio começa a crescer, é impossível dar conta de tudo sozinho”, afirma Luiz Carlos Polachini, fundador da rede.

Segunda geração

A entrada de Leonardo foi gradual, e em 2022 ele assumiu o cargo de CEO, dando início a mudanças que profissionalizaram a gestão. Além da formação em engenharia civil, ele fez um curso de especialização que lhe deu uma base sólida em administração e gestão empresarial.

Na liderança, ele implantou governança e processos, estruturou a equipe de 130 funcionários e incorporou tecnologias para otimizar operações e reduzir custos. Também diversificou o portfólio ao incluir o KFC e a Casa Bauducco, fortalecendo o grupo e reduzindo a dependência de uma única marca. Luiz Carlos e Rosali passaram a atuar como conselheiros, melhorando a governança e dando mais clareza às decisões.

Nos últimos anos, o grupo abriu três novas lojas, com crescimento de 12% no faturamento e 15% no lucro líquido, além de avaliar a expansão para outros segmentos. “A sucessão não é sobre simplesmente herdar o negócio dos meus pais, mas sobre agregar valor e levar a empresa para um novo nível”, afirma Leonardo.

Assim como a família Polachini, outros franqueados do Bob’s estão passando o bastão para a segunda geração. Na rede com faturamento na casa de 1,5 bilhão de reais por ano, 75 dos 250 franqueados já estão nessa fase de sucessão. Para apoiar esse processo, o Bob’s criou um programa estruturado de preparação de herdeiros, com cursos de capacitação e mentoria para os filhos dos franqueados.

“Ter um plano de sucessão bem estruturado é essencial. Não se trata apenas de garantir a continuidade, mas de assegurar que o negócio continue crescendo com inovação e visão estratégica”, afirma Ricardo Bomeny, CEO do Bob’s. Por ali, o mantra é preparar novas gerações para garantir o futuro do negócio.

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