Revista Exame

O carro da princesa Kate

...dos bilionários, mas também de um número crescente de gente mais modesta, com apenas alguns milhões para gastar. Nunca os automóveis da marca Rolls-Royce foram tão “populares”

Em Londres, a noiva vai de Rolls-Royce: Kate Middleton escolheu um Phantom VI 1977 (Martin Bureau/AFP Photo)

Em Londres, a noiva vai de Rolls-Royce: Kate Middleton escolheu um Phantom VI 1977 (Martin Bureau/AFP Photo)

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2011 às 10h12.

Que ninguém se engane quando o objetivo é ter um carro símbolo de status, elegância e glamour. Foi a bordo de um Rolls-Royce, um dos veículos mais caros do mundo, que a plebeia Kate Middleton chegou à milenar Abadia de Westminster, em Londres, para se unir ao príncipe William, naquele que se tornou o mais comentado casamento deste início de século.

Como num conto de fadas, Kate podia ter o carro ou a carrua­gem que desejasse. Optou pelo modelo Phantom VI, de 1977, um dos veículos oficiais da rainha Elizabeth II. O Rolls-Royce vintage da realeza britânica mostrou ao mundo que, quando o assunto é carro de altíssimo luxo, o lugar da centenária marca de origem in­glesa está intacto.

O que tem mudado nos últimos tempos é o público-alvo. Reis, rainhas, príncipes, princesas, líderes políticos e bilionários em geral ganharam a companhia dos emergentes. Isso porque a alemã BMW, que comprou a Rolls-Royce no final da década de 90, decidiu lançar o Ghost, um modelo mais acessível.

Presente nas concessionárias há cerca de um ano e meio, o carro é vendido na Inglaterra por “apenas” 250 000 dólares, bem mais em conta que os 380 000 dólares cobrados pelo Phantom, até há pouco tempo o único modelo.

O Ghost e os clientes que ele trouxe fizeram com que, no ano passado, a marca Rolls-Royce registrasse um faturamento recorde. Um total de 2 711 veículos foi vendido, 170% mais do que em 2009. Quatro em cada cinco compradores nunca haviam tido um modelo da marca antes.

Um dos objetivos dos criadores do Ghost foi dar um ar de jovialidade à marca, sem perder a identidade. Seu design respeita as linhas que tornaram clássicos os carros da Rolls-Royce, como o capô longo, mas ele tem um sistema de som com 16 alto-falantes e 600 watts de potência, além de opcionais, como teto solar.


As mudanças atraíram as mulheres. Elas são uma em cada dez clientes do novo modelo, participação até então inédita para a Rolls-Royce.

Tradição

Mas quem gostou mesmo do Ghost foram os novos magnatas das economias em ascensão, sobretudo as asiáticas. Em 2010, a China ultrapassou o Reino Unido e se tornou o segundo maior mercado da marca, atrás só dos Estados Unidos.

Segundo previsão da consultoria americana IHS Automotive, neste ano o segmento de automóveis ultraluxo, que inclui marcas como Ferrari, Bugatti e Rolls-Royce, venderá no mundo 31 447 veículos. Desse total, os países do Bric representarão quase 10% das vendas, com viés de alta nos próximos anos. Estima-se que a fatia dos emergentes deva chegar a 16% em 2020.

No Brasil, a presença da Rolls-Royce ainda é tímida. Desde 2005, apenas quatro unidades do modelo Phantom foram entregues, e a BMW não tem registro da venda de nenhum Ghost. Devido ao altíssimo imposto de importação, um Ghost custa o equivalente a 600 000 dólares no Brasil. Um Phantom não sai por menos de 850 000.

Numa época em que as montadoras automatizam boa parte da produção, os carros da Rolls-Royce continuam sendo feitos artesanalmente em Goodwood, na Inglaterra. (Sim, a BMW produz parte das peças na Alemanha, mas faz questão de montar o carro no seu país de origem.)

Um Ghost passa pelas mãos de 60 profissionais, durante 20 dias, até ficar pronto. Só a pintura consome uma semana, pois, entre cada uma das cinco camadas de tinta, o carro é lixado à mão. “Todos os veículos desvalorizam com o tempo.

Um Rolls-Royce se converte num clássico”, diz Milton Pedraza, prin­cipal executivo do Luxury Institute, instituto americano especializado no mercado do luxo. Um Phantom igual ao que levou Kate Middleton à Westminster vale mais que um Rolls-Royce zero-quilômetro recém-saído da fábrica.

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