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Carta de EXAME | O Brasil que não vemos

Mesmo com a enorme incerteza sobre a eleição presidencial de outubro, o investimento estrangeiro em infraestrutura está em alta

Bolívar Lamounier e Ricardo Sennes: debatera sobre o cenário do país no EXAME Fórum PPPs e Concessões (Flavio Santana/Exame)

Bolívar Lamounier e Ricardo Sennes: debatera sobre o cenário do país no EXAME Fórum PPPs e Concessões (Flavio Santana/Exame)

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Da Redação

Publicado em 12 de abril de 2018 às 05h41.

Última atualização em 7 de maio de 2019 às 14h57.

“Nós temos uma eleição rigorosamente incerta. Não sabemos nem o script nem os atores.” Assim, com uma tirada de humor, o cientista político Bolívar Lamounier resumiu o panorama que o país tem pela frente até outubro, quando se consumará a próxima disputa pela Presidência da República.

É fato que estar diante de um horizonte opaco não é nenhuma novidade em nossa história. Nos últimos anos, especialmente, nos acostumamos a conviver com a incerteza. Mas, a cada fato novo — e a recente prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o mais impactante deles —, renova-se a expectativa de que agora o nevoeiro vai se dissipar.

Mas é o próprio nevoeiro que, até aqui, tem teimado em se renovar. Malgrado tudo isso que está aí a turvar a visão do futuro, dezenas de milhões de brasileiros todos os dias trabalham, estudam, negociam, consomem, empreendem, enfim, tocam a vida com a disposição de melhorar.

Já eram quase 18 horas da segunda-feira 9 quando Lamounier soltou a frase acima no debate que concluía o EXAME Fórum PPPs e Concessões, tendo como interlocutor o também cientista social Ricardo Sennes. Com uma reflexão sobre o momento político, a dupla de intelectuais fechou um evento em que 280 empresários, executivos, consultores, autoridades e estudiosos estiveram reunidos desde 8h30 da manhã para tratar de como fazer avançar a tão necessária agenda de modernização da infraestrutura brasileira.

O encontro é apenas um exemplo de como existe perseverança na busca de saídas para o país. Não faltaram problemas colocados em discussão pelos especialistas — e dos mais complexos, como os de contratos encrencados, carência de garantias financeiras, insegurança jurídica e necessidade de conciliação entre controle oficial e celeridade dos negócios. Mas também não faltaram ideias, propostas e exemplos  que podem servir para chegar às soluções.

Ficou claro que, se o Brasil tem um extenso rol de entraves para remover e muito por fazer para elevar a qualidade de estradas, saneamento, equipamentos urbanos e outros itens da infraestrutura, há uma enorme oportunidade em aberto para atacar essa agenda contando com o setor privado como participante mais ativo.

Se para os brasileiros a percepção dessas oportunidades é prejudicada pela profusão de notícias turbulentas, para muitos estrangeiros a imagem do país é bem convidativa, em especial considerando o longo prazo.

Uma reportagem especial nesta edição, que reúne o melhor do encontro de debates, mostra que o investimento estrangeiro em infraestrutura está em alta, mesmo com todas as nossas indefinições. Os forasteiros aproveitaram as rodadas de leilões dos últimos dois anos em áreas como energia, aeroportos e petróleo, entrando com uma participação de 90% nos mais de 140 bilhões de reais de projetos e negócios anunciados. Quem está de fora, portanto, tem olhos para o Brasil do pós-crise. É nele que também temos de mirar.

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