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O Brasil entra no currículo de MBA

Algumas das escolas de negócios mais renomadas do mundo incluem o país em suas disciplinas de MBA — em turmas cada vez mais disputadas

O professor Luiz Felipe Monteiro (ao centro) e alunos, em Wharton: “Muitos têm perspectiva imediata de realizar negócios no país” (Lia Lubambo/EXAME.com)

O professor Luiz Felipe Monteiro (ao centro) e alunos, em Wharton: “Muitos têm perspectiva imediata de realizar negócios no país” (Lia Lubambo/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 1 de julho de 2011 às 06h00.

São Paulo - À medida que o Brasil se torna cada vez mais atraente aos olhos de investidores estrangeiros, volta-se para cá também a atenção de alunos das escolas de negócios mais renomadas do mundo.

O primeiro efeito desse interesse acadêmico foi a vinda de pequenos grupos de alunos para realizar estudos de caso com empresas brasileiras ao longo da última década.

Mais recentemente, o país passou a entrar de maneira formal no currículo de cursos de MBAs como Wharton e Kellogg — em turmas cada vez mais disputadas. No caso de Wharton, da Universidade de Pensilvânia, 49 estudantes da primeira turma de um curso optativo dedicado exclusivamente ao Brasil chegaram ao Rio de Janeiro em fevereiro.

Com o tema energia e infraestrutura, o grupo composto de profissionais de 14 nacionalidades (entre as quais os americanos eram maioria) foi o mais concorrido entre os oito cursos optativos de imersão oferecidos pela escola em diferentes países neste ano. Cerca de 30 interessados ficaram em lista de espera.

Junto com os estudantes, vieram dois professores da Filadélfia, o brasileiro Luiz Felipe Monteiro e o espanhol Mauro Guillen, especialistas em estratégias globais.

“O volume de inscritos mostra que o Brasil está mesmo despertando um interesse cada vez maior dos alunos”, afirma o professor Monteiro. “Muitos têm perspectiva imediata de realizar negócios no país.”

Como parte da programação, o grupo assistiu a palestras e participou de mesas-redondas com executivos de grupos como Petrobras, Vale e EBX, do empresário Eike Batista. “Ele personifica as imensas oportunidades do país”, diz a americana Rachel Pacheco, de 30 anos, consultora do Banco Mundial em Dubai, nos Emirados Árabes. 

Assim como acontece em Wharton, outras escolas de negócios americanas incluíram o país em cursos optativos — o que dá uma medida clara do interesse espontâneo a respeito do tema. Para as que já oferecem cursos sobre o Brasil há mais tempo, houve um substancial aumento da procura.


No MBA da Kellogg School of Management, da Universidade Northwestern, um módulo do curso passou a ser oferecido no Brasil há três anos. Em 2011, a procura foi 48% maior em relação ao ano passado. Em março, 78 alunos estiveram no Brasil por duas semanas depois de passar um bimestre estudando a economia brasileira.

Na viagem de estudos, que integra o programa Global Initiatives in Management, o destino e os temas de estudo são definidos pelos próprios alunos.

Entre os temas escolhidos estavam as oportunidades oferecidas pelo setor imobiliário, a experiência brasileira na geração de energia hidrelétrica e as possibilidades decorrentes da descoberta de petróleo na camada do pré-sal.

“O Brasil oferece um universo amplo de possibilidades de estudo”, diz Paul Christensen, um dos professores do MBA de Kellogg que acompanharam a viagem. 

Sustentabilidade

No caso da Thunderbird School of Global Management, no Arizona, pela primeira vez neste ano a turma que veio ao país estudou um tema específico — em vez de ter apenas uma visão geral da economia brasileira. Em fevereiro, um grupo de 19 alunos do MBA seguiu um roteiro baseado no estudo do tema sustentabilidade no Brasil.

A viagem começou por São Paulo, onde os estudantes entraram em contato com ONGs, e passou por três cidades do interior do estado. Em Ribeirão Preto, por exemplo, eles conheceram iniciativas de agricultura sustentável.

“A viagem me deu muitas novas ideias sobre como aplicar sustentabilidade aos negócios”, afirma Lisa Spicka, gerente-geral de produção da Nutrilite, fabricante de vitaminas e suplementos alimentícios, na região de Portland, nos Estados Unidos.

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