Revista Exame

"O Brasil deixa tudo da Copa e da Olimpíada para a última hora"

Para o presidente da britânica JCB, maior fabricante de retroescavadeiras do mundo, os negócios relacionados à Copa e à Olimpíada vão decolar só em 2012

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 11h39.

Presente em 150 países, com fábricas em seis deles, incluindo o Brasil, a indústria de máquinas JCB é um termômetro dos investimentos em infraestrutura em todo o mundo. É a maior produtora global de retroescavadeiras, máquinas necessárias para obras que vão de mineração a estradas, passando pela construção de edifícios. Depois de ver suas vendas no mundo cair de 4,5 bilhões de dólares, em 2007, para 2,1 bilhões, no ano passado, os executivos da JCB decidiram reforçar a presença da empresa onde, na sua visão, os negócios tendem a crescer mais: China e Brasil.

1) Por que o senhor criou uma vice-presidência especial para China e Brasil?

Estamos há poucos anos nesses dois países, e eles são importantes demais em nossa estratégia para não ter voz na direção da empresa.

2) O Brasil tem uma Copa e uma Olimpíada no horizonte. O país já começou a comprar o maquinário necessário para as obras desses eventos?

O Brasil tem o estilo de deixar as coisas para a última hora. Temos certeza de que o mercado vai aquecer muito nos próximos anos, especialmente a partir de 2012. Não temos uma projeção porque o mundo ainda vive um momento de muita incerteza.

3) Essa incerteza pode afetar o otimismo existente em relação ao Brasil?

Acho que não. Todo mundo está animado com o Brasil, dentro e fora do país. E otimismo é um fator importante para o crescimento, faz as coisas acontecerem.

4) Quais são os principais problemas enfrentados por quem quer investir no Brasil?

Brasil e Índia têm semelhanças. Os aeroportos não estão preparados para lidar com a demanda. As estradas são horríveis, e isso acaba encarecendo o processo. O país está crescendo mais rápido que sua infraestrutura. Isso é bom para nós, que vendemos máquinas, mas é péssimo para outras empresas que querem investir no país.

5) Tudo se resume à infraestrutura?

Não, claro que não. Quer um exemplo? Vamos ampliar nossa fábrica no interior de São Paulo e queremos importar um novo sistema de computador. Mas a cobrança de impostos é tão confusa e cara que estamos pensando duas vezes. É por coisas assim que nosso setor administrativo é muito maior no Brasil do que em mercados que têm um volume superior de vendas.

6) Quais são os países que mais investem em máquinas hoje?

As nações do Oriente Médio, ligadas ao setor de petróleo, estão bem. As do Bric são as que mais crescem hoje, e as do Leste Europeu, em geral, estão indo melhor do que as do restante do continente.

7) Como será a recuperação econômica nos Estados Unidos e na Europa?

As economias americana e europeia estão se levantando muito lentamente e é provável que a recuperação ainda demore muito tempo. Infelizmente, não descartamos novas surpresas negativas, e nossos planos são bem defensivos nessas regiões.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCopa do MundoDados de BrasilEdição 0979EntrevistasEsportesFutebolOlimpíadas

Mais de Revista Exame

Invasão chinesa: os carros asiáticos que chegarão ao Brasil nos próximos meses

Maiores bancos do Brasil apostam na expansão do crédito para crescer

MM 24: Operadoras de planos de saúde reduzem lucro líquido em 191%

MM 2024: As maiores empresas do Brasil