Revista Exame

O big data chega à geladeira

CyberCook usa arsenal digital para incentivar a alimentação saudável

Alexandre Canatella, fundador do site, comprado pelo varejista francês Carrefour: comer bem é para todos | Germano Lüders /  (Germano Lüders/Exame)

Alexandre Canatella, fundador do site, comprado pelo varejista francês Carrefour: comer bem é para todos | Germano Lüders / (Germano Lüders/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de março de 2020 às 05h00.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 15h02.

O CyberCook, site de culinária criado em 1997 no Brasil e adquirido pelo gigante varejista francês Carrefour em 2018, tem mais de 1 milhão de usuários cadastrados e um banco de dados com 100.000 receitas. Agora, está se munindo de inteligência artificial para oferecer mais informações sobre pratos e receitas e, assim, participar mais da decisão de compra dos consumidores.

Depois da aquisição pelo Carrefour, o CyberCook passou a oferecer dados como as calorias e os nutrientes de cada receita e o preço de cada porção. O CyberCook passou a incluir códigos QR nas embalagens de produtos de marca própria do Carrefour, com receitas e informações nutricionais — já são 33 produtos com o código. “Essas informações sensibilizam os consumidores e só são possíveis de apresentar com o uso de muita tecnologia”, diz Alexandre Canatella, presidente e fundador do CyberCook, que se tornou diretor de negócios digitais do Carrefour.

A novidade mais recente é o aproveitômetro. Segundo pesquisas da plataforma, cada família desperdiça, em média, 1.000 reais por ano com alimentos que estragam. A ferramenta “Aproveite o que sobrou”, ligada ao programa Desperdício Zero do Carrefour, estima que tenha gerado uma economia de até 2,5 milhões de reais para os clientes, se todos os ingredientes de uma receita foram reaproveitados, em janeiro de 2020.

Para o gigante varejista, a aquisição é uma tentativa de estar mais próximo dos consumidores e entender, com dados, sua jornada de compra. A aquisição também faz parte do Plano de Transformação 2022, projeto global do Carrefour que compreende, entre outras ações, investir 2,8 bilhões de euros na transformação digital entre 2018 e 2022 e multiplicar por 6 as vendas online, para 5 bilhões de euros até 2022.

No Brasil, o comércio eletrônico de alimentos é cada vez mais relevante para o grupo. No segmento alimentar, as vendas digitais alcançaram 209 milhões de reais em 2019, um crescimento de quase 400%. A pandemia do coronavírus vai impulsionar ainda mais as vendas online. A Zaitt, de mercados autônomos, a colombiana de entregas Rappi e a Propz, de análise de dados, também são parceiras do Carrefour no Brasil. Em outubro do ano passado, o Carrefour anunciou a compra de 49% da fintech Ewally.

O setor de alimentação registou crescimento no uso de aplicativos de delivery, como iFood, UberEats e a própria Rappi, assim como aumento na venda de alimentos prontos nos mercados. Mesmo assim, Canatella aposta no ato de cozinhar como forma de revolucionar a alimentação. “O ato de comer saudável precisa ser para todos”, diz. Para ele, pedir comida por delivery ou comprar um prato pronto não é algo que toda a população possa fazer com regularidade — cozinhar o próprio alimento é muito mais barato. Preparar o alimento em casa deve continuar relevante para o CyberCook e para o Carrefour, mas, agora, com muito mais influência de dados e da internet.

Acompanhe tudo sobre:Big datacomida-e-bebidaInteligência artificial

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda