Revista Exame

Setor de franquias fatura R$ 200 bilhões no ano e espera quebrar recordes em 2023

O setor de franquias voltou a crescer dois dígitos e deve se manter aquecido, mas o cliente ficou mais exigente

No terceiro trimestre, o faturamento das redes de franquias brasileiras bateu os 56 bilhões de reais, alta de 18,7% sobre o período anterior (siraanamwong/Getty Images)

No terceiro trimestre, o faturamento das redes de franquias brasileiras bateu os 56 bilhões de reais, alta de 18,7% sobre o período anterior (siraanamwong/Getty Images)

Isabela Rovaroto

Isabela Rovaroto

Publicado em 15 de dezembro de 2022 às 06h00.

Embalado pela manutenção dos programas de transferência de renda no próximo governo, o que deve estimular o consumo, o setor de franquias espera quebrar recordes no ano que vem. O humor das lideranças mudou radicalmente ao longo de 2022.

No início do ano, muitas redes de franquias ainda sofriam o espectro do abre e fecha imposto ao comércio de rua e aos shoppings em razão das medidas de isolamento social. O fim da fase aguda da pandemia e a concessão de 600 reais pelo Auxílio Brasil melhoraram as coisas.

No terceiro trimestre, o faturamento das redes de franquias brasileiras bateu os 56 bilhões de reais, alta de 18,7% sobre o período anterior. Uma expansão nesse ritmo não era vista desde 2014, pouco antes de o Brasil mergulhar na crise econômica causada pela desconfiança com as políticas fiscais do governo Dilma Rousseff. A julgar pelo clima de oba-oba de agora, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) projeta um faturamento recorde de 207 bilhões de reais neste ano — e algo bem acima disso em 2023. 

O otimismo generalizado mascara uma porção de desafios para conquistar o cliente. A pandemia fez o comércio eletrônico bombar como nunca antes. Agora, com brasileiros circulando tanto quanto faziam antes da pandemia (vide o trânsito engarrafado em metrópoles como São Paulo), a venda presencial voltou ao centro das atenções. Ainda assim, o online deve influenciar o offline, com tendências como compra online e retirada em lojas físicas ou ofertas personalizadas de acordo com o histórico de compras ganhando força.

Para isso, tecnologias de banco de dados, experiência do cliente e mar­keting digital devem ser empregadas com força em 2023. “A pandemia não alterou a direção na qual o varejo caminhava, o que mudou de forma brutal foi a velocidade do percurso”, diz Marcelo Cherto, consultor pioneiro em franquias há mais de 30 anos. “A digitalização será muito rápida.”

A boa notícia é que o acesso a tecnologias para conhecer o cliente está cada vez mais fácil — e mesmo pequenas e médias empresas, perfil típico das franquias, já estão adotando. “Hoje pequenas empresas conseguem usar dados para realizar campanhas de mar­keting mais assertivas por um valor baixo”, diz Cherto. Numa pesquisa recente com 1.700 PMEs feita pela Fundação Getulio Vargas e a ABDI, agência do governo federal para desenvolvimento industrial, 55% dos empreendedores disseram já ter uma rotina de monitoramento de dados de clientes. O uso de ferramentas de experiência do cliente, como sites para gerar cupons de descontos personalizados, já é realidade para 38% deles.

O que pode azedar o humor do setor em 2023 é a volta da escalada da inflação vista no meio de 2022 e a escassez de crédito. “A manutenção do protagonismo dos bancos públicos para estimular o franchising é vital neste bom momento”, diz Antonio Moreira Leite, CEO do Grupo Trigo (Spoleto e China in Box) e novo presidente da ABF.

Acompanhe tudo sobre:FaturamentoFranquias

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda