Revista Exame

Estes três amigos saíram do emprego na pandemia. Hoje fazem R$ 39 milhões com vans elétricas

Em um ano, três gaúchos tiraram do papel o projeto de construir um veículo elétrico do zero dentro do Brasil. E tudo isso durante a pandemia

Jocelei Salvador, Marcelo Simon e Julio Balbinot, da Arrow: tirando o motor e a bateria, praticamente tudo no veículo é nacional (Arrow/Divulgação)

Jocelei Salvador, Marcelo Simon e Julio Balbinot, da Arrow: tirando o motor e a bateria, praticamente tudo no veículo é nacional (Arrow/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 06h00.

Segure-se na cadeira, caro leitor, a informação a seguir é um tanto quanto chocante: a crise sanitária de coronavírus completa meia década em 2025. Pode até parecer ontem, mas já se passaram cinco janeiros desde que a Organização Mundial da Saúde caracterizou o surto de covid-19 como emergência de saúde pública e, depois, como pandemia.

Só no Brasil, foram 700.000 mortes e estragos em várias searas, da educação à economia. Em 2021, no ápice da crise, a taxa de desemprego no país atingiu a máxima histórica de 14,7% da população.

Para quem perdeu o emprego ou resolveu dar um chacoalhão profissional durante a crise sanitária, uma saída foi empreender. Veja o caso dos gaúchos Júlio Balbinot, Jocelei André Salvador e Marcelo Simon. Os três saíram, por diferentes motivos, do gigante de ônibus Marcopolo em 2020. A opção encontrada foi juntar os conhecimentos de cada um e se aventurar no mundo do empreendedorismo. A primeira empreitada foi uma consultoria de engenharia de ônibus para empresas internacionais. A segunda — e atual — foi produzir vans elétricas ali mesmo onde moravam, no interior do Rio Grande do Sul. O e-commerce estava bombando e os três pensaram em lançar um novo veículo mais espaçoso e sustentável para realizar as entregas.

Nascia assim a Arrow, uma empresa que, desde 2022, fabrica seus próprios veículos elétricos numa fábrica em Caxias do Sul, na serra gaúcha.

Por ali, as vans são montadas numa linha que mistura processos tecnológicos e automatizados com etapas manuais, num quê de artesanal. Cerca de 50 pessoas atuam na fabricação dos veículos, quase todos vendidos para empresas como Mercado Livre e parceiros logísticos da Amazon. No ano passado, 50 vans foram comercializadas, cada uma por 750.000 reais. Para 2025, a meta é dobrar a produção, mas mantendo as características locais. Tirando o motor e a bateria, praticamente tudo no veículo é nacional — e de Caxias do Sul.

Quais foram os desafios no caminho

Nem tudo foram flores, porém, na história da Arrow. Para tirar a primeira van do papel, os três sócios precisavam de uma grana que não tinham. E estava difícil conseguir dinheiro na pandemia. A estratégia foi montar uma apresentação e bater na porta das grandes empresas de varejo e de logística, em busca de alguém confiante no projeto a ponto de comprar as vans antes de elas ficarem prontas. Encontraram-se com um diretor da locadora Unidas, depois comprada pela Localiza. “Ele visualizou uma demanda e decidiu comprar 100 unidades num prazo de 12 meses. Aceitamos o desafio.”

A Arrow passou a ter 12 meses para tirar do papel uma van existente, até então, nos cálculos dos engenheiros e no -PowerPoint dos vendedores. Missão dada, missão cumprida. A empresa utilizou o aprendizado na Marcopolo, encontrou fornecedores e mobilizou um time de engenharia enxuto, mas eficiente para o projeto. “Conseguimos lançar o Arrow One em 12 meses. Finalizamos ele em setembro de 2022 e o lançamos em novembro”, afirma Júlio. “Hoje, dois anos depois, somos uma empresa com investidores, conselho de administração e estruturada para crescer.” Nas próximas páginas, você lerá a história de empreendedores que, assim como Júlio, Jocelei e Marcelo, também encontraram novos caminhos profissionais durante a pandemia.

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