A família Temperani: o grupo começou no bairro com um restaurante de comida sertaneja e outro uruguaio (Eduardo Frazão/Exame)
Matheus Doliveira
Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 05h24.
Os foodies paulistanos podem se preparar para mudar sua rota habitual. A maior parte dos restaurantes incensados de São Paulo fica hoje entre o centro, a zona sul e a zona oeste. O percurso passa por Jardins, Pinheiros, Vila Madalena, Praça da República, Ipiranga e vai até a Vila Medeiros, onde fica o Mocotó. Mas é a zona leste que promete sacudir o segmento nos próximos meses. O novo complexo Vila Anália contará com cinco restaurantes de nacionalidades variadas, confeitaria clássica francesa, empório com curadoria para vinhos e produtos diversos de gastronomia, além de uma loja de cafés e charutos, em um investimento de 13 milhões de reais.
O Grupo Vila Anália nasceu em 2015 com o Macaxeira, restaurante de cozinha sertaneja que hoje tem cinco franquias. Em 2019, os primos Guilherme, Danilo, Vitor e Marcus Temperani apostaram no URU Mar y Parrilla, casa dedicada à culinária uruguaia, todos no Jardim Anália Franco, na zona leste da capital paulista. Agora o grupo se prepara para abrir o enorme complexo gastronômico Vila Anália. “Quis trazer para a zona zeste algo que fosse raro não só na região mas em toda a cidade”, afirma Guilherme Temperani.
O estilo do negócio lembra os mundialmente famosos Time Out Markets, mercados que levam o nome da revista em cidades como Lisboa e Nova York. A diferença do novo polo é que, em vez de todos os restaurantes compartilharem a mesma praça de alimentação, cada um terá o próprio salão. O Temperani Cucina, na esquina do complexo, é inspirado nas tradicionais trattorias e servirá dos pratos clássicos aos mais modernos. O bar Tapas 93, no centro da Vila, será conectado ao bar de entrada com o renomado bartender Márcio Silva. Por lá, uma dupla de chefs comandará pratos compostos de tapas e pratos típicos da Espanha perfeitos para compartilhar.
O restaurante francês Merci trará referências dos bistrôs parisienses. A cozinha será aberta ao público e de lá sairão pratos clássicos e revisitados. O restaurante japonês Susume trará um toque contemporâneo. E o rooftop receberá o restaurante grego Mll, o maior de todos, num ambiente com uma vista de 360 graus do Jardim Anália Franco. A cozinha será conectada com o bar, que contará com um expositor dos frutos do mar, um aquário de ostras e um varal de polvos.
Serão centenas de pratos à disposição, dos mais democráticos aos mais sofisticados. Os menus incluirão os clássicos italianos carbonara e papardelle de ragu de ossobuco, rã e sopa de cebola da culinária francesa, croquetas e foie gras com figos, moussaka de cordeiro e saganaki de frutos do mar, além de shot de vieiras e ussuzukuri de peixe do dia com molho ponzu. Um hub de delivery entregará os pratos para toda a região da zona leste.
A pâtisserie e gelateria oferecerá um mix de gelatos, doces clássicos da tradicional pâtisserie francesa e bolos, entre outras sobremesas. E o Empório Vila Anália abrigará mais de 200 rótulos de vinhos selecionados pelo sommelier do grupo, cujo nome está sendo mantido em sigilo, além de saquês, destilados, cervejas especiais e produtos variados, como cafés, chás, azeites, massas e molhos.
A maior parte do complexo deverá ser inaugurada ainda em março. A gestão ficou a cargo de Thiago Ramos, ex-Kinoshita. E o projeto da Vila Anália é assinado pelo arquiteto Otavio de Sanctis, autor de restaurantes paulistanos como o italiano Modern Mamma Osteria e o japonês Nōsu. Ao todo, são três andares para receber o público e dois pisos subterrâneos para guardar os carros dos clientes. Os números da empreitada da zona leste impressionam: o centro gastronômico consegue receber 1.000 pessoas simultaneamente. Quantos funcionários para dar conta? Inicialmente, 200. Uma curiosidade: no restaurante grego do rooftop, cinco palmeiras de 4 toneladas foram trazidas do Uruguai para ornamentar o ambiente. O preço de cada uma? 30.000 reais.
Informalmente conhecido como Jardins da zona leste, devido ao poder aquisitivo dos moradores, o Jardim Anália Franco se tornou reduto de jogadores de futebol e artistas. A comparação não é à toa. O metro quadrado útil da região vale, em média, 14.000 reais, enquanto no Jardim Europa o preço fica em 16.000. Mas os empreendedores pretendem atrair gente de muito mais longe. “Quero que a pessoa desça em um aeroporto de São Paulo e já procure pela Vila Anália”, afirma Guilherme Temperani.