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Que tal bicicletas que armazenam energia das pedaladas?

Uma empresa americana está lançando uma nova tecnologia para transformar bicicletas comuns em um modelo elétrico, capaz de armazenar a energia gerada pelas pedaladas

A Copenhagen Wheel, tecnologia desenvolvida pelo MIT: permite transformar qualquer bicicleta comumem elétrica  (Divulgação)

A Copenhagen Wheel, tecnologia desenvolvida pelo MIT: permite transformar qualquer bicicleta comumem elétrica (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2013 às 18h58.

São Paulo - Na Europa, 30% dos trajetos feitos por carros dentro das cidades têm, no máximo, 2 quilômetros. Nos Estados Unidos, 10% das viagens urbanas de automóveis têm menos de 1 600 metros. Dados assim estão no radar da startup americana Superpedestrian, com sede em Massachusetts, que aposta que uma parcela crescente de pessoas vai fazer esses pequenos trajetos sobre duas rodas.

A empresa lançou no início de dezembro um sistema que transforma qualquer bicicleta em um modelo elétrico, movido por uma bateria de lítio. A roda traseira de uma bicicleta comum é trocada pelo pneu fabricado pela Superpedestrian. Nele, está acoplado um motor capaz de armazenar a energia gerada pelas pedaladas. Esse estoque é acionado para impulsionar os pedais quando o ciclista precisa de ajuda, por exemplo, para vencer uma subida. 

A engenhoca, batizada de Copenhagen Wheel, foi desenvolvida dentro do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e já faz sucesso. Em novembro, recebeu um aporte de 2,1 milhões de dólares do fundo americano Spark Capital, do investidor David Karp, criador do Tumblr, plataforma de criação de sites comprada em maio pelo Yahoo! por 1,1 bilhão de dólares.

“A tecnologia foi concebida com dois objetivos: ser uma opção muito mais barata do que as que existem no mercado e acessível a qualquer pessoa que tenha uma bicicleta”, afirma o americano Assaf Biderman, presidente da Superpedestrian. O preço da Copenhagen Wheel é 700 dólares, enquanto uma bicicleta elétrica simples nos Estados Unidos custa, em média, 1 500 dólares. 

Biderman, que também é diretor do laboratório SENSEable City, do MIT, centro cujo objetivo é estudar o impacto das tecnologias na vida urbana, afirma que há um renascimento do ciclismo em várias partes do mundo. Na Europa, as vendas de bicicletas comuns ultrapassaram recentemente as vendas de carros.

Nos Estados Unidos, em 1998, mais de dois terços das pessoas com 19 anos tinham carteira de motorista. Hoje, elas são menos da metade. Segundo a consultoria americana Navigant Research, as vendas de bicicletas elétricas crescerão 23% até 2020, formando um mercado de 10,8 bilhões de dólares. 

Biderman diz que pretende trazer a Copenhagen Wheel para o Brasil em breve. A Caloi, recentemente comprada pela canadense Dorel, também estuda um modelo elétrico, mas só o lançará quando forem feitas mudanças na lei federal, que coloca as bicicletas elétricas na mesma categoria das motos.

“No Brasil, a venda de bicicletas elétricas é muito desestimulada pela legislação”, diz Eduardo Musa, presidente da Caloi. A falta de infraestrutura viária nas grandes cidades brasileiras é outro obstáculo. Mesmo com todas essas dificuldades, os fabricantes estão confiantes de que as barreiras serão vencidas.

A seu lado estão especialistas em mobilidade urbana, que veem as bicicletas como uma ferramenta para diminuir os problemas do trânsito. “Em Amsterdã, a bicicleta substitui boa parte da frota de ônibus”, diz Adalberto Maluf, diretor do grupo C40, que reúne representantes de cidades de todo o mundo para discutir as mudanças climáticas. Em tempos de aquecimento global e engarrafamentos, a Copenhagen Wheel acha que chegou a hora de dar um empurrão na alternativa em duas rodas.

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