Revista Exame

Os novos mercados e ativos dos brasileiros para investir no exterior

O mundo vai além da Apple: fundos de gestoras globais, ETFs e BDRs com exposição à Ásia entram na carteira do investidor

Brasileiros buscam produtos que vão além de ações para fazer a diversificação geográfica do portfólio (Kenzo Hamazaki/Exame)

Brasileiros buscam produtos que vão além de ações para fazer a diversificação geográfica do portfólio (Kenzo Hamazaki/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 15 de julho de 2021 às 05h41.

A onda do investimento fora do Brasil, que ganhou força no último ano, experimenta agora seu momento 2.0: a descoberta do investidor de varejo de que a recomendação da diversificação geo­gráfica vai além das bolsas americanas.

É um movimento que se dá tanto pelo lado da demanda como pelo da oferta de produtos que antes não estavam ao alcance do investidor, em especial daquele que não tem milhões de reais para aplicar. Fundos que replicam fundos das principais gestoras do mundo, ETFs (os fundos passivos de índice) do mercado global e BDRs (recibos de papéis listados no exterior) de ações asiáticas e europeias ganham destaque nas prateleiras das corretoras.

“Antigamente era muito difícil fazer investimento no exterior. Era necessário ter conta lá fora e fazer a remessa do dinheiro. A democratização do mercado passa pela existência de veículos que possibilitem esse investimento”, diz Phylipe Corsini, sócio do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) e responsável pela área de fundos feeders, os fundos que investem em determinado fundo, replicando sua rentabilidade.

A diversificação geográfica reduz a dependência do investidor ao mercado doméstico ao mesmo tempo que oferece acesso a empresas que estão na vanguarda da inovação e traduzem isso em crescimento acelerado. Entre os produtos recentes que o BTG decidiu disponibilizar no Brasil há fundos que investem em ações de empresas de tecnologia da China (da gestora americana Invesco) e de companhias europeias (da gestora britânica Fundsmith, de Terry Smith, o “Buffett inglês”).

É um investimento que acontece também por meio dos BDRs listados na B3, de empresas como Tesla e Alibaba. Já são cerca de 250.000 investidores. No fim de 2019, eram 3.000 pessoas. Foi preciso que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) atendesse ao pleito dos atores do mercado e flexibilizasse o acesso do investidor de varejo a BDRs para que a demanda reprimida começasse a ser atendida.

A explosão da demanda é atendida também pelos ETFs. O “campeão de audiência” é o IVVB11, que replica o S&P 500 e tem 150.000 investidores: ele só decolou de verdade no último ano, conta Daniel Lobo, vice-presidente da gestora americana BlackRock no Brasil. Mas a nova fronteira se faz presente também nessa classe de ativos.

O XINA11, que replica o índice MSCI China, foi lançado pela XP no fim de 2020 e já é o quarto maior do mercado doméstico, com mais de 51.000 investidores. O BAAX39, disponibilizado pela BlackRock em novembro passado, engloba ações asiáticas em geral (exceto do Japão) e já tem o terceiro maior patrimônio líquido do segmento, com 164 milhões de reais. 

Vale lembrar que a onda da diversificação da carteira no exterior se dá também por via direta: já são 56,5 bilhões de dólares em investimentos internacionais em carteira, segundo dados do Banco Central para maio. Trata-se da maior marca da série histórica, com uma alta anual de 28%. É um caminho sem volta, para o bem da democratização do investimento no país.

Acompanhe tudo sobre:BDRDiversificaçãoETFsInvestidoresInvestimentos-pessoais

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda