Lopes, da Embrapa: “Precisamos de mecanismos novos para fechar contratos com o setor privado” (Cristiano Mariz/Exame)
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2018 às 05h00.
Última atualização em 24 de maio de 2018 às 05h00.
Qual deve ser o foco da Embrapa?
Não faz sentido direcionar os recursos públicos e escassos para competir com o setor privado. Mas isso não significa que vamos sair de alguma cultura. Olhamos desafios de alto risco e longo prazo, como resistência a doenças ameaçadoras. O setor privado foca o curto prazo e o lucro.
A despesa com pessoal pressiona o orçamento da Embrapa?
Em razão da crise que vivemos, e com os salários crescendo conforme a inflação, houve compressão dos investimentos. Temos 80% do orçamento destinado ao pagamento de pessoal, o que não é absurdo, é o mesmo que faz o instituto de pesquisa francês. Mas queremos chegar a 70%.
Mesmo com o aperto, a Embrapa vai abrir uma nova unidade em Alagoas?
Há quem ache que temos de ficar parados esperando a crise passar. Não estamos numa posição passiva e conservadora. Não sabemos o potencial de retorno dessa unidade porque pesquisa não funciona assim. Mas ela pode dar resultado daqui a 15 anos e abrir caminhos inusitados.
Como acelerar as parcerias com o setor privado?
É comum negociar contratos por três anos porque eles envolvem propriedade intelectual e segurança, e não há como descentralizar esse trabalho para as unidades de pesquisa. Procuramos reduzir prazos, mas não temos meta. O que precisamos é de mecanismos novos, como a subsidiária Embrapatec.
A Embrapa se afastou do produtor?
Existia uma percepção de proximidade porque atuávamos num espaço em que o setor privado hoje atua. Estamos buscando novos caminhos. É insanidade pensar que 2 400 pesquisadores estarão em todo o Brasil.