Marina Sena: show no Audio, na Barra Funda (Divulgação/Divulgação)
Julia Storch
Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 05h09.
A música está presente na vida de Marina Sena desde a infância em Taiobeiras, norte de Minas Gerais. Aos fins de semana, ela assistia junto com o pai a outras crianças subindo ao palco de Raul Gil e sonhava em estar em frente às câmeras. “Eu dizia: ‘Papai, se eu for ao Raul Gil vou ficar famosa’”, conta Sena com seu sorriso largo em entrevista por videoconferência. Marina não precisou ir ao programa para atingir a fama.
Com apenas quatro meses do lançamento do álbum De Primeira, o hit Por Supuesto já conta com mais de 29 milhões de reproduções no Spotify e a colocou no top 5 mundial da plataforma de streaming. Além de ser o hit do aguardado verão da retomada de shows e festivais, a música viralizou organicamente em mais de 245.000 vídeos no TikTok.
“Alguém fez um vídeo com a música, e todo mundo começou a postar. Eu não fiz nenhuma estratégia [de marketing], eu tinha poucos posts no TikTok”, conta. Poucos sabem, mas Por Supuesto quase ficou fora do álbum. Escrita há seis anos, sua letra era imatura, na opinião de Sena. “Como a composição é mais antiga, de quando eu era mais jovem, eu achava que algumas palavras não se encaixavam”, afirma. Foi graças a Iuri Rio Branco, seu namorado e produtor, que a faixa fincou seu lugar no disco.
Sena está com agenda em festivais como Coala, em São Paulo, Rock the Mountain, em Itaipava, e Sarará, em Belo Horizonte. Ela concorreu com De Primeira nas categorias Revelação do Ano, Capa do Ano, Experimente, Álbum do Ano e Canção do Ano do Prêmio Multishow, e levou três troféus. Na premiação esteve ao lado de Anitta, uma de suas influências. “Me identifico muito com a Anitta, tanto no lado artístico quanto em gestão de carreira. Mas acho que dá para unir facilmente Gal Costa e Anitta nas minhas referências.”
O som do momento
Nascido em Salvador, o pagotrap une diferentes gêneros e vira febre
Junte a percussão, o pagodão baiano, a guitarrinha baiana, o trap e as gírias de Salvador e dê o play no pagotrap, gênero musical que está se popularizando para além das fronteiras da capital baiana. A cantora Maya é uma das mulheres que vêm se destacando nesse cenário ainda dominado por homens. “As letras tratavam muito da sexualização das mulheres, mas hoje isso está mudando”, diz a artista independente. Na música Faca Amolada, ela aborda as vivências de uma mulher preta e periférica com uma letra de empoderamento feminino, afirmando sua posição de luta.
A cantora, que iniciou a carreira no universo pop, migrou para o pagodão e agora se fixou no pagotrap. “Não sabemos quem iniciou o pagotrap, mas bandas como ÀTTØØXXÁ e BaianaSystem são marcos desse movimento”, diz. Cantoras de outros estados, como Anitta, Iza e Gloria Groove, vêm explorando o gênero. “O pagotrap está crescendo e seus criadores estão indo junto com o sucesso”, afirma Maya.