Revista Exame

Como pequenos produtores de Bordeaux estão crescendo

Os rótulos de Bordeaux, sinônimo de tradição, ganham frescor nas mãos de pequenos produtores

Vinhedo em Bordeaux: tradição com renovação (Anton Petrus/Getty Images)

Vinhedo em Bordeaux: tradição com renovação (Anton Petrus/Getty Images)

No mundo do vinho, rituais centenários são essenciais para definir a qualidade — e, principalmente, o preço — da bebida. Um desses costumes é, a cada dez anos, saber quais châteaus de Saint-Émilion terão a pontuação máxima em Premier Grand Cru Classé A. Com essa regra, é de imaginar que dessa região da França não surjam rótulos que representem grandes novidades para o paladar. No entanto, essa não é mais a regra. Pelas mãos de produtores menores, de perfil familiar e persistente à expansão das terras de vizinhos, Bordeaux nunca esteve tão fresco.

Château Lafleur, juntamente com renomadas propriedades, como Pétrus e Trotanoy, tem produções caçadas por degustadores e colecionadores devido não só às garrafas caras mas também à fama que ganhou entre os críticos, como Robert Parker. Já em Pomerol, terra de pequenas propriedades controladas por vignerons — aqueles que cultivam as uvas e fazem a bebida —, existem algumas joias menos conhecidas. Uma delas é o Château Bourgneuf, que tem produzido um vinho mais acessível no preço, com garrafas a 100 dólares, de maturação fenólica, e não apenas de concentração de açúcar nas uvas, comum do “sabor mais fácil de entender” do Bordeaux.

Outro tesouro escondido é Clos Saint-­André, uma propriedade minúscula e sem a tradicional arquitetura das vinícolas como apelo para o turismo. Seu proprietário, Jean­-Claude Desmarty, cuida de um cultivo em uma área menor do que 1 hectare sozinho e há pouco mais de cinco anos permitiu-se entrar na rota dos viajantes. A produção tem sido premiada por publicações especializadas por causa de seus vinhos de sabor, sobretudo, preciso. E, nesse caso, o controle de sabor é uma vantagem justamente dos pequenos, garantido por uma produção de apenas 2.400 garrafas por ano .

Há também aqueles que são vistos como possíveis chamarizes para um público apreciador mais jovem, pelos valores, e que justamente ajudam a renovar o olhar sobre Bordeaux. Preocupados com a sustentabilidade, os vinhos de Château Gombaude-Guillot carregam na produção artifícios como o método de produção biodinâmico, que exige atenção aos ciclos da natureza ao redor do vinhedo, e uma preo­cupação com os efeitos das mudanças climáticas no sabor da uva. Para quem quiser desbravar esses novos aromas, as pequenas produções de Bordeaux podem ser encontradas no mercado brasileiro em importadoras como World Wine, Clarets e Cellar.  


(Publicidade/Divulgação)

Acompanhe tudo sobre:Vinhos

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda