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Não subestime os atletas brasileiros da internet

Como o fenômeno dos campeonatos de games está criando times profissionais nessa área no brasil

Atletas do CNB: investimento do ex-jogador de futebol Ronaldo (Alexandre Batibugli/Exame)

Atletas do CNB: investimento do ex-jogador de futebol Ronaldo (Alexandre Batibugli/Exame)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 13 de julho de 2017 às 22h06.

São Paulo – A ascensão global dos games não resulta apenas em milhões de jovens trancados no quarto por horas a fio com os olhos fixos na tela. Há um fenômeno coletivo: os campeonatos de esporte eletrônico, capazes de reunir milhares de espectadores em arenas esportivas ao redor do mundo. O faturamento global esperado neste ano para os e-sports é de 696 milhões de dólares, 41% superior ao registrado em 2016. No Brasil, um marco ocorreu em agosto de 2016 com a criação da Associação Brasileira de Clubes de E-sports, que reconhece 11 clubes participantes em campeonatos de diversos jogos, como o League of Legends, desenvolvido pela empresa americana Riot. A companhia, que tem 100 milhões de jogadores ativos no mundo, encontrou no Brasil um terreno fértil.

O escritório local é responsável por coordenar transmissões ao vivo nas redes sociais desde 2014. Neste ano, fechou com o canal SporTV a exibição inédita de todo o campeonato — de janeiro a agosto. Na final da temporada do ano passado, 10 000 jovens estiveram presentes no ginásio do Ibirapuera. A meta é reunir uma plateia semelhante no Mineirinho, em Belo Horizonte, no dia 2 de setembro.

Os times funcionam à semelhança de outros esportes, como o futebol — numa escala infinitamente menor, claro. Há técnicos, patrocinadores e jogadores. Em janeiro, o ex-jogador de futebol Ronaldo Fenômeno se juntou a outros empresários e comprou parte de um deles, o CNB, criado em São Paulo em 2008 e atual vice-campeão nacional. O valor não foi revelado. Entre os patrocinadores do time está a fabricante de eletroeletrônicos LG. “Quando comecei, era só uma competição entre amigos”, afirma Carlos Fonseca, fundador do time.

Os jogadores, em geral, moram no trabalho e treinam 8 horas por dia. No clube CNB, há cinco titulares e três reservas, com idade entre 18 e 25 anos. Eles têm a manhã livre, mas trabalham até pelo menos 8 da noite. Nutricionistas e psicólogos garantem a saúde dos jogadores. A seleção para a entrada no time é estar entre os melhores do país no ranking online do próprio jogo ou já ter participado de outro time profissional.

Nesse caso, o jogador é comprado como em um clube de futebol. Os melhores ganham até 30 000 reais por mês. O INTZ — atual campeão brasileiro — foi fundado pensando na oportunidade do negócio. O sócio-fundador, Rogério Rodrigues, soube da existência dessas competições com o filho adolescente em 2014. O clube ganha até 150 000 reais mensais com patrocínios. O time faturou em 2016 quase 500 000 reais apenas com a participação em campeonatos e direitos de imagem, segundo estimativas. “Com a popularização do esporte, a profissionalização dos times está avançando”, diz Roberto Iervolino, gerente-geral da Riot no Brasil, que ainda não conseguiu cumprir um feito: levar um time para uma final mundial.

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