Revista Exame

Apesar da pandemia, a 99 não para na pista

Na corrida dos aplicativos de mobilidade para atrair de volta os usuários assustados com a pandemia, a 99 gasta 157 milhões em inovações

Davi Miyake, diretor da 99 no Brasil: esforço para apoiar motorista e proteger o passageiro (Leandro Fonseca/Exame)

Davi Miyake, diretor da 99 no Brasil: esforço para apoiar motorista e proteger o passageiro (Leandro Fonseca/Exame)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 24 de setembro de 2020 às 06h06.

Última atualização em 25 de setembro de 2020 às 14h42.

A pandemia da infecção covid-19 abriu novas frentes de batalha no mercado dos aplicativos de transporte de passageiros no Brasil, disputado pela americana Uber, pela espanhola Cabify e pela 99, primeira startup do país a atingir o estágio de unicórnio (valor de mercado estimado em 1 bilhão de dólares), que faz parte do grupo chinês Didi Chuxing desde 2018.

Surgiu a demanda pela higienização dos veículos, diferentes segmentos da população passaram a utilizar a carona paga, e serviços extras entraram nas plataformas.

À EXAME a 99 revelou com exclusividade o tamanho dos esforços para continuar crescendo no país mesmo durante a crise: 157 milhões de reais investidos neste ano. Do montante, 90 milhões de reais foram destinados à criação de novos produtos. Outros 35 milhões, à segurança de usuários e motoristas. Mais 32 milhões serviram para ações específicas de controle do novo coronavírus. “Trabalhamos muito para garantir a renda dos motoristas parceiros e a comodidade dos usuários”, diz Davi Miyake, diretor de operações e produtos da 99 no Brasil.

Em setembro, a empresa viu o número de corridas voltar a 95% do montante pré-pandemia, segundo o executivo. E detectou uma interessante mudança no perfil do usuário. O cliente frequente que pedia um carro em bairros centrais das grandes capitais rareou, porque muitos deles, de classes sociais mais altas, passaram a fazer home office. O público das regiões afastadas cresceu, no entanto. Sem a opção do trabalho remoto, o trabalhador das áreas periféricas fez as contas e decidiu que vale a pena gastar um pouco mais do que a passagem do transporte público para evitar as aglomerações nos ônibus e no metrô. “Ganhou também o motorista, que roda menos com o carro vazio, ou seja, consegue aumentar a rentabilidade do tempo passado no trânsito porque o volume de viagens aumentou”, afirma Miyake.

O serviço de entrega entre usuários, que estreou no país em junho, já se expandiu fora do eixo Rio de Janeiro-São Paulo para mais de 30 cidades, atendendo quem precisa enviar objetos a amigos e familiares sem romper a quarentena. Para os carros, agora está disponível um serviço de higienização interna que elimina vírus e bactérias.

Dentro dos veículos, para os motoristas que pagarem pela instalação, uma câmera filma todas as corridas e, ao apertar de um botão, manda um alerta para a central de segurança em caso de problemas. Tanto o motorista como o usuário podem gravar no aplicativo os áudios da corrida. O passageiro também ganhou um serviço de assistência no aplicativo que monitora o trajeto e permite pedir ajuda em eventualidades. Todas essas medidas tentam desmentir as previsões de que o transporte compartilhado perderia muito do seu apelo por causa da pandemia.

Dependendo das vantagens e facilidades oferecidas, dá para dizer que alguns aplicativos podem sair da crise em melhor forma.

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