Revista Exame

Não confunda terno com costume

Terno ou costume? Qual tecido escolher? Como dobrar as mangas? Vamos ajudá-lo!

 (Divulgação/Divulgação)

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Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 10 de outubro de 2023 às 06h00.

Vestiu um paletó e a calça que lhe serve de par? Todo mundo vai dizer que você está trajando um terno — e não tem por que comprar briga com a fala informal. Só que o nome dessa dupla é costume. Um terno, na verdade, exige uma terceira peça, o colete. Cheio de personalidade, o acessório costuma elevar a autoestima de quem não está com o abdome em dia, além de conferir um ar mais formal ao conjunto. Não à toa, o terno — o verdadeiro — é a escolha mais indicada para noivos, padrinhos e situações mais formais. Versátil, o costume nunca destoa, mas se sobressai melhor em eventos mais despojados.


PADRONAGEM VS ESTILO

O que você deve saber antes de bater o martelo sobre o tecido de seu terno ou costume

1. Risca-de-giz

Quer alongar o visual? Aposte nesta opção. Para fugir do caricato, opte por modelos com riscas menos marcadas.

2. Chalk stripe

Versão mais discreta e descontraída do risca-de-giz, mantém as linhas verticais quase imperceptíveis.

3. Olho de perdiz

Os pequenos pontos brancos, espalhados num tecido preto, dão a impressão de que o tecido é cinza.

4. Príncipe de Gales

Clássico, não passa despercebido. É indicado para paletós com abotoamento simples ou duplo.

5. Window pane

Linhas fininhas formam quadrados discretos, que não destoam de eventos diurnos e despojados.

6. Espinha de peixe

A trama, que forma um discreto ziguezague, geralmente é feita de lã e na cor cinza.


BOTÕES NA MEDIDA

Reparar na quantidade deles no paletó é uma boa dica para achar o modelo mais indicado para cada tipo de corpo

1. Um botão

Para quem não é muito alto, este tipo de paletó é o mais recomendado, pois a lapela dele alonga a silhueta. Abra-o quando
estiver sentado.

2. Dois botões

Não se esqueça desta regra: só o primeiro botão fica fechado, o que deixa a região da barriga ligeiramente em destaque. Por isso, acerte no tamanho.

3. Três botões

Em geral são vistos em paletós com lapela mais curta. Portanto, é uma opção mais indicada para pessoas mais altas. Deixe desabotoada só a casa de baixo.

4. Quatro botões

É uma exclusividade do colete, uma das três peças do terno. Se bem que dá para usar o acessório só com camisa e calça jeans. Deixe aberto o botão inferior.

5. Seis botões

Seja um paletó, seja um jaquetão, cai melhor em quem é magro, pois aumenta o volume. Para um charme extra, deixe aberto só o último botão da direita.


MANGAS BEM DOBRADAS

Como usá-las sem comprometer a elegância

Passo 1

Vire e puxe de uma só vez o punho da camisa até acima da dobra do cotovelo.

Passo 2

Faça duas ou três dobras de baixo para cima com o tecido restante, até que a última dobra cubra o punho.

Passo 3

Finalize deixando as pontas do punho à mostra. Atenção: não funciona com camisas muito justas.


AJUSTES NECESSÁRIOS

O slim está ficando para trás

Dá para dizer que alguns homens não ficam bem de terno? Não. Provavelmente, eles só estão usando modelos com proporções erradas. No passado, era comum ver sujeitos com ternos enormes, que pareciam ter vida própria — os seriados antigos estão aí para provar. Em anos mais recentes, o slim imperou, às vezes com certo exagero.

A pandemia trouxe a importância do conforto para a moda, mesmo no caso dos trajes formais. Nas passarelas, a estética que está dominando agora é a de paletós mais relaxados, desconstruídos, com calças desabadas. Muita calma nessa hora. Lembre-se de que as semanas de moda apresentam conceitos que nem sempre se repetem de forma ipsis literis nas araras. Nem tanto ao céu nem tanto à Terra.

O paletó não precisa deixar você sem ar de tão apertado. A cartilha básica da alfaiataria prega que o comprimento das mangas deve estar dois dedos acima do polegar posicionado rente ao corpo, com os braços esticados. A calça também não precisa ser aquela que parece que vai rasgar quando você se senta. A barra deve estar dois dedos acima do salto do sapato. Essa regra não precisa ser seguida à risca, claro. O importante é se certificar de que, ao dobrar as pernas, só uma parte das meias ficará à mostra.

Todos esses detalhes podem ser ajustados durante a compra de um terno já pronto. Para evitar qualquer equívoco, o ideal é recorrer à alfaiataria sob medida, que entrega modelos ajustados em aproximadamente 90 dias.


Punho firme

Com versões variadas, ele deve sempre acabar na junção do braço com a mão

1. Longo chanfrado

Com recorte triangular nas pontas, é a opção mais comum das camisas usadas em festas.

2. Duplo

Geralmente é confeccionado sob medida, com a manga de uma cor; e a parte dobrada, de outra.

3. Simples

É a principal escolha para camisas do dia a dia. Geralmente carrega apenas um botão.

4. Duplo para abotoaduras

Também chamado de francês, este tipo de punho, o mais luxuoso, não dispensa abotoaduras.


PEQUENO E GRANDE ALIADO

Saiba como dobrar o lenço que vai no bolso do paletó, o pocket square

Para que serve o lenço que vai no bolso do paletó, o pocket square? Atualmente, para você se sobressair em meio a uma multidão de pessoas de terno ou de costume. Não é pouca coisa. Trata-se de um detalhe, seja de seda, seja de algodão, que muda tudo. Na hora de combinar, opte por tons contrastantes. Só não se esqueça de dobrá-lo corretamente.

Duas pontas

Popularizado pelo presidente americano John Kennedy, o modelo pede estampas e cores discretas — você não quer imitar o Rolando Lero.

Reto

Mais sofisticado e minimalista, remete aos anos 1960 e ao estilo discreto de James Bond, que jamais dispensa o acessório, sempre na cor branca.


DETALHES QUE FAZEM A DIFERENÇA

O que muda de um paletó para outro? Principalmente as fendas e os bolsos

1. FENDA ÚNICA

É a que predomina no universo da alfaiataria. A abertura deve ter entre 17 e 22 centímetros.

2. FENDA DUPLA

Inglesa, esta opção deixa o paletó mais ajustado ao corpo, sobretudo na hora de sentar.

3. FLAP

Decorativa, a aba costurada ganhou muita popularidade. Lembre-se de deixá-la para fora.

4. TICKET

O charmoso bolso auxiliar foi criado pelos britânicos para guardar os bilhetes de trem.

5. BESOM

Discreto, é o bolso típico dos smokings,­ embora também combine com paletós em geral.


VIDA LONGA AO TERNO

As traças são velhas inimigas da elegância: como você, elas têm um fraco por bons ternos e costumes. Para conservá-los, abandone aqueles invólucros de plástico, que impedem a ventilação e levam você a esquecer o que há lá dentro. O ideal é recorrer a um bom e velho cabide de cedro, que, além de não deformar seu investimento, repele as traças. Um saquinho de lavanda também é bem-vindo. Mas deixe-o fora dos bolsos, para não deformá-los com o passar do tempo. Outra dica é não deixar de levar o terno ou o costume, de tempos em tempos, à lavanderia.


VAI DE TERNO? GUARDE ESSAS DICAS

1. Se estiver em pé, mantenha o paletó sempre abotoado — só o último botão fica aberto. Ao sentar, abra todos.

2. Evite carregar molho de chaves e carteira volumosa nos bolsos, seja da calça, seja do paletó, pois desconjuntam o todo.

3. Certifique-se, antes de sair de casa, de que dá para abotoar a peça sem contrair a barriga.

4. Leve periodicamente o conjunto à lavanderia, principalmente se você for do tipo que sua muito.


ACERTE DOS PÉS À CABEÇA

Chega de dúvidas na hora de combinar o costume com a meia e o sapato


NÃO SÃO TODAS IGUAIS

Conheça as diferenças entre as lapelas mais conhecidas

1. Lapela alta

Comum nos modelos tradicionais, atrai os olhares para a parte de cima. O único porém: achata um pouco o tronco.

2. Lapela alongada

Funciona melhor em paletós mais ajustados e na companhia de uma gravata estreita. Sim, alonga um pouco o tronco.

3. Lapela com pontas

Para quem gosta de se destacar, é a melhor escolha. As pontas fazem com que a lapela vire o foco das atenções.


COLARINHO SEM DESLEIXO

Saiba qual é o mais indicado para cada tipo de gravata

1. Curto

O mais contemporâneo de todos, é o recomendado para combinar com gravatas estreitas e paletós e camisas slim.

2. Francês

É o mais tradicional e o único que se dá bem com todos os tipos de nó de gravata, além de qualquer formato de rosto.

3. Inglês

Repare nas pontas alongadas, que permitem nós de gravata mais encorpados e suavizam rostos mais redondos.

4. Italiano

Seu diferencial são as pontas abertas, que também combinam com nós volumosos, como o Windsor ou o duplo.

5. Americano

É o que tem botões nas pontas (sim, é para fechá-los). Mais informal, dispensa a gravata e pede até chinelo e bermuda.


PELE QUE HABITO

Entenda as diferenças entre os tecidos das camisas

1. Algodão

A qualidade do tecido, natural, está diretamente ligada ao conforto e à durabilidade das roupas.

2. Cambraia

Sinônimo de camisas jeans, destaca-se pela boa maleabilidade, ótimo caimento e diversidade de lavagens.

3. Linho

Leve, é um convite para situações festivas a céu aberto. Lembre-se de que os amassados são parte do charme.


CAMISAS COM ALGO A MAIS

Escolha a padronagem que mais combina com seu estilo

1. Quadriculado

Virou sinônimo dos executivos europeus. Os mais ousados combinam este padrão com gravatas estampadas.

1. Listras

Quanto mais finas e discretas, mais sóbria e social é a camisa. Listras mais grossas pedem momentos de lazer.   

1. Maquinetado

A junção de tons suaves com o relevo desta padronagem envolvente confere uma textura extra.

1. Espinha de peixe

Também chamado de falso liso, provoca um efeito cinético. Evite usar em chamadas de vídeo.

1. Diagonal

Outro modelo que cria uma ilusão de ótica, com a vantagem de favorecer quem está fora de forma.

1. Oxfordine

Sim, é uma opção que esquenta um pouco, embora menos do que padronagens similares, mais invernais.


O BÊ-A-BÁ DOS NÓS

Eis um passo a passo que sempre vale a pena consultar novamente

1. Nó simples

Ideal para gravatas fininhas, é o mais recomendado para golas básicas e curtas, o mais fácil de fazer e o mais indicado para quem está com pressa.

2. Nó duplo

Já domina o nó simples? O duplo fica ligeiramente torto e, obviamente, mais volumoso. Boa pedida para gravatas com pouca estrutura.

3. windsor

Confere um quê de poder graças à robustez. Seu par ideal é o colarinho italiano, cujas pontas são abertas.


NÃO SÃO TODAS IGUAIS

Errar na escolha da padronagem da gravata pode comprometer o look por completo

1. Falso liso

Só chegando bem perto para constatar que esta opção esconde uma estampa discreta e envolvente.

2. Regimental

Remete à Inglaterra e a colégios seculares. Para fugir do ar careta, combine com um costume mais arrojado.

3. College

Outra padronagem que sempre será associada às escolas britânicas e a visuais mais sisudos.

4. Poá

Os pontinhos, clássicos, combinam facilmente com a maioria das camisas e trazem um ar bem-humorado.

5. Pasley ou cashmere

Criada no século 19, teve seu auge nos anos 1930 e voltou a fazer sucesso. Favorece combinações marcantes.

6. Micropadrão

É uma das alternativas mais fáceis de combinar, graças às estampas discretas e aos tons geralmente neutros.


TEXTURAS QUE FAZEM A DIFERENÇA

Escolhida a padronagem da gravata, é preciso bater o martelo no tecido certo

1. Seda

O caimento é inigualável, sobretudo em se tratando de um tecido italiano.

2. Crochê

Ícone dos anos 1960, voltou com tudo, e não só nas festas à fantasia.

3. Algodão

Informal, é usado na confecção de uma grande variedade de padronagens.

4. Lã

Sua textura torna a opção pouco recomendada para épocas quentes.

5. Linho

Alternativa bem casual, é ideal para eventos descontraídos.

6. Jacquard

Com tramas entrelaçadas, tem textura, volume e presença.


CÓDIGOS DECIFRADOS

Acertar no dress code exigido em cada tipo de situação evita constrangimentos

1. ESPORTE

É sinônimo de evento casual, mas não tanto. Para começo de conversa, demanda uma calça jeans ou chino. E precisa ser camisa mesmo, que pode ser combinada com cardigã ou blazer (nada de camiseta). A gravata é opcional, até dispensável. Nos pés, sapatos.

2. ESPORTE FINO

Também é chamado de traje de passeio. No caso de eventos diurnos, um blazer azul-marinho, calça chino cáqui e sapatos marrons dão conta do recado. Para situações noturnas, o ideal é apelar ao costume e à gravata.

3. SOCIAL

Terno ou costume com camisa, gravata e sapato. Eis o que este dress code, também conhecido como passeio completo, espera. Acessórios como lenço, relógio e abotoaduras vão ajudá-lo a se destacar entre os convidados.

4. BLACK TIE

Sim, você vai precisar de um smoking, de uma camisa específica para combinar com o traje e de gravata-borboleta. Se for seguir o que manda o figurino, precisará ainda de uma faixa para usar na cintura e de calça com cetim na lateral.


NO CAMINHO CORRETO

O que difere um sapato de outro e quando é melhor usar cada um

1. CHUKKA BOOT

Feita de couro ou camurça, tem cano médio e solado de madeira. Puro despojamento. Para passeios de verão. (Chukka boot John John)

2. OXFORD

De amarrar, sem abas e com bico arredondado, é o mais formal de todos. Para casamentos e festas refinadas. (Oxford 2Essential)

3. MOCASSIM

É o preferido para usar com a barra da calça mais curta e até com bermuda, sem meia. Para a beira da praia. (Mocassim Fratelli Rossetti)

4. MONK STRAP

É aquele modelo com uma ou duas fivelas e com aba que cruza o peito do pé. Para encontros despojados. (Monk Strap Louie)

5. DESERT BOOT

Variação da chukka, tem solado de borracha crepe, ondulada e áspera. Para caminhadas no campo. (Desert boot Tod’s)

6. BROGUE

Com versões mais formais e outras mais casuais, caracteriza-se pelos furinhos. Atende a situações diversas. (Brogue Louie)

7. CHELSEA BOOT

Eternizado pelos Beatles, este curinga carrega inconfundíveis elásticos laterais. Para happy hours e festas. (Bota chelsea Louie)

8. DERBY

É um oxford repaginado, bem mais informal. Tem abas laterais soltas e bico arredondado. Para festas de amigos. (Derby 2Essential)

9. BOTA SOCIAL

Com cano médio e corpo fino, combina com ternos e qualquer situação formal. Para eventos corporativos e premiações. (Bota social Armani Exchange)


PASSO INDISPENSÁVEL

De que adianta vestir um belo sapato se ele estiver sujo ou malconservado? Modelos mais delicados não podem ser esquecidos no armário — deixe-os ao sol com alguma frequên­cia — nem devem ser usados dois dias seguidos. A limpeza deve ser feita só com um pano úmido, nunca com água ou produto químico. Lustre-os com o material apropriado, mas só esporadicamente, quando o brilho do couro estiver comprometido — utilize uma escova com cerdas macias. Uma hidratação mensal também é recomendada. Um modelador, aquele acessório rígido colocado dentro dos calçados, ajuda a mantê-los com a forma original por muito mais tempo. Outra dica é sempre utilizar uma calçadeira, para não danificar a parte traseira dos sapatos. E olhe sempre por onde pisa, para evitar poças d’água, que danificam o couro, e outros obstáculos indesejáveis.


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