Revista Exame

Na petroquímica Innova não há saudades da Petrobras

A troca do controle acionário dá novo fôlego à gaúcha Innova, que deixou de pertencer à Petrobras e foi comprada pela Videolar


	Flávio Barbosa, da Innova: “Se o mercado não tivesse se retraído no ano passado, estaríamos sofrendo com a falta de produto”
 (Germano Luders/Exame)

Flávio Barbosa, da Innova: “Se o mercado não tivesse se retraído no ano passado, estaríamos sofrendo com a falta de produto” (Germano Luders/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2015 às 04h56.

São Paulo — Para a petroquímica gaúcha Innova, o ano de 2014 foi marcado pela troca de seu controle acionário. Em outubro, depois de um arrastado processo de venda, a Petrobras finalmente transferiu o comando da empresa para a Videolar, do empresário gaúcho Lirio Parisotto.

É que, para ser concluída, a negociação precisou passar pelo crivo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que levou mais de 12 meses para bater o martelo. “Foi um ano perdido, no sentido de preparar a empresa para novos investimentos”, diz Flávio Barbosa, presidente da Innova. “Como o mercado andou de lado, conseguimos manter um bom desempenho.”

Em 2014, a Innova obteve uma receita líquida de 459 milhões de dólares, o que representou queda de 12% em relação ao ano anterior. Mesmo assim, a empresa conseguiu manter sua margem de vendas em 11% . A Innova apresentou também o melhor índice de liquidez corrente — a capacidade de honrar dívidas no curto prazo — do setor.

A compra pela Videolar foi oportuna para a Innova, que nos últimos anos operou no limite de sua capacidade de produção. Em 2013, a Petrobras chegou a anunciar a duplicação da fábrica da Innova, mas o projeto não saiu do papel. “Se o mercado não tivesse se retraí­do no último ano, estaríamos sofrendo com a falta de produto”, diz Barbosa.

“Com o novo controlador, retomamos o fôlego para investir.” Para este ano, estão previstos investimentos de 30  milhões de reais em melhorias do processo, do armazenamento e da logística — o triplo do valor aplicado em 2014. A Innova produz basicamente dois insumos petroquímicos, o estireno e o poliestireno, que são matérias-primas para os fabricantes de embalagens, eletrodomésticos e automóveis.

Em relação ao estireno, pelo menos 30% do consumo brasileiro tem sido atendido pelas importações. “Por ter ficado sem investir, perdemos mercado para competidores de fora”, diz Barbosa. Quanto ao poliestireno, ao contrário, a capacidade instalada brasileira é superior à demanda, e a Videolar era uma das concorrentes da Innova. As duas juntas agora respondem por 70% da produção nacional de poliestireno.

A estratégia é aproveitar a sinergia entre as duas empresas e obter ganhos, principalmente, na logística, já que a Innova possui fábrica em Triunfo, no polo petroquímico gaúcho, e a Videolar, em Manaus. A ideia, também, é tirar proveito da competência da Innova e produzir algumas resinas mais sofisticadas na Videolar.

Para ampliar sua fábrica de estireno, a Innova precisa garantir a matéria-prima com o fornecedor, que, por sua vez, depende da Petrobras. “A petroquímica está parada, aguardando a definição sobre os próximos passos da Petrobras”, diz Barbosa. Enquanto isso não acontece, a Innova aposta em diversificações que não dependam de acréscimo de matéria-prima.

É o caso do projeto de uma unidade para a produção de poliestireno expandido, o isopor, usado em embalagens. “Poderemos abastecer até 25% do mercado nacional, que hoje importa quase a metade do que consome”, diz Barbosa. Ou seja, há muita coisa a fazer.

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCombustíveisEdição 109202EmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasIndústria do petróleoMelhores e MaioresPetrobrasPetróleoQuímica e petroquímicaRio Grande do Sul

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda