Revista Exame

Conheça dez ações mais recomendadas para investir em 2022

A bolsa brasileira se descola da queda em Wall Street, beneficiada pela valorização de matérias-primas como o petróleo; veja as recomendações de bancos e corretoras para o ano desafiador

Bolsa brasileira subiu 8% até meados de março, favorecida pela rotação das ações de crescimento, como as de tecnologia nos Estados Unidos (Germano Lüders/Exame)

Bolsa brasileira subiu 8% até meados de março, favorecida pela rotação das ações de crescimento, como as de tecnologia nos Estados Unidos (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 23 de março de 2022 às 15h00.

Última atualização em 23 de março de 2022 às 15h21.

Inflação nas alturas, aperto monetário mundo afora e eleições presidenciais no Brasil. Se já não faltavam fatores de risco para o investimento em ações em 2022, a guerra entre Rússia e Ucrânia veio acrescentar uma dose extra de incertezas. Além da volatilidade exacerbada com o receio sobre os desdobramentos do conflito militar, as ações passam por forte correção e estão em queda nos Estados Unidos e na Europa.

No Brasil, por outro lado, o Ibovespa subiu 8% até meados de março. A razão? A bolsa local tem sido favorecida pela rotação de ações de crescimento, como as de tecnologia nos Estados Unidos, para as de valor, como as de produtoras e exportadoras de commodities em emergentes como o Brasil. Até a primeira quinzena de março, o saldo entre a compra e a venda de ações por estrangeiros na B3 foi de quase R$ 75 bilhões, o equivalente a 74% de todo o ingresso líquido de 2021. Mas quão sustentável é esse movimento em ano eleitoral, historicamente de aversão ao risco? 

(Arte/Exame)

 

Diante desse cenário recheado de incertezas, a EXAME­ consultou estrategistas e analistas de oito bancos e corretoras para compilar as recomendações da carteira de ações para o investidor atravessar o ano não apenas sem prejuízo ao patrimônio como aproveitando a potencial valorização de empresas resilientes ou que se beneficiam das condições atuais da economia.

O destaque das recomendações são as ações de companhias de petróleo, cuja cotação chegou a disparar mais de 60% neste ano com o ataque da Rússia e a consequente disrupção na oferta global. Petrobras, PetroRio e 3R já subiram entre 10% e 30% neste ano e continuam com perspectivas favoráveis, segundo analistas. As ações da estatal tiveram o maior número de recomendações.

O pagamento de dividendos e o foco no pré-sal, que tem custo de produção menor, estão entre os atrativos. “O plano estratégico da Petrobras até 2026 tinha como piso o preço do barril de petróleo a US$ 40, e o valor está acima do dobro. Prevemos dividendos acima de 20% do valor da ação, o que é muito acima do rendimento da Selic”, afirma Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos. Mas parte do mercado mantém cautela sobre a capacidade de repasse da alta do petróleo às vésperas da eleição e diante de novas ameaças de interferência na política de preços.

Alguns analistas expressam preferência por petrolíferas privadas. É o caso do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), que tem recomendação de compra para a PetroRio, mas não para a Petrobras. Carlos Sequeira, head de equity research do BTG ­Pactual, ressalta a importância para a PetroRio da iminente aquisição dos campos de Albacora e Albacora Leste. “Isso vai mudar o patamar de produção da companhia.”

(Arte/Exame)

Outra commodity que tem apresentado valorização é o minério de ferro. A alta acumulada até o início de março supera 20%, impulsionando as ações da Vale. “O preço do minério deve continuar elevado neste ano, ainda que abaixo das máximas de 2021. Mas isso deve ser suficiente para a Vale garantir grande geração de caixa e distribuição de dividendos”, disse José Francisco Cataldo, head de research da Ágora Investimentos.

O preço do minério depende diretamente da economia chinesa, que tem tomado medidas para estimular a economia. As ações da Gerdau, que também se beneficiam da apreciação do metal, foram as mais recomendadas no setor de siderurgia. A preferência de analistas considera a perspectiva de atividade mais intensa da construção civil, que demanda aços longos, e sua exposição ao mercado americano.

A inflação corrente na casa de 10% ao ano, bem como a elevação da taxa básica de juro para perto de 13% ao ano, afeta setores que dependem do ciclo econômico. Isso não significa, no entanto, que não haja oportunidades. No varejo, as fichas se concentram em empresas de vestuário voltadas para o público de média-alta renda, com maior recorrência de vendas em relação às de eletrônicos e eletrodomésticos.

Companhias capitalizadas para ganhar participação de mercado de forma orgânica e inorgânica, por meio de aquisições, têm ganhado a preferência de analistas. É o caso da Arezzo, que realizou cinco aquisições nos últimos três anos, incluindo a Reserva e as operações da Vans no Brasil. Segundo o Santander, “aquisições recentes e novos projetos tendem a fazer com que a Arezzo apresente crescimento robusto nos próximos anos”. 

Sede do BTG Pactual: banco se beneficia da diversificação de receitas, segundo analistas (Germano Lüders/Exame)

O aumento da taxa de juro, por outro lado, reforça o interesse do mercado pelos grandes bancos. Apesar da concorrência com fintechs e bancos digitais, as maiores instituições financeiras do país voltaram ao radar do investidor, com analistas prevendo que a alta da Selic significará margens maiores no curto prazo. “Resultados decentes combinados a taxas de juro e inflação mais altas e discussões sobre assimetria regulatória (que afetam bancos entrantes) melhoram o momentum das ações de bancos incumbentes”, apontam os analistas do BTG Pactual. 

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