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Muita calma nesta hora

Grupo Águia, dono de empresas como a agência de viagens Stella Barros, prega a retomada gradual de passeios e vê normalização no médio prazo

Thiago Abrahão, presidente do Grupo Águia: apoio financeiro para os guias turísticos brasileiros, que viram a renda desabar neste ano | André Valentim (André Valentim/Divulgação)

Thiago Abrahão, presidente do Grupo Águia: apoio financeiro para os guias turísticos brasileiros, que viram a renda desabar neste ano | André Valentim (André Valentim/Divulgação)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 18 de junho de 2020 às 05h15.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 12h38.

Quando a pandemia do novo coronavírus começou a se espalhar assustadoramente pelo mundo, entre fevereiro e março, muitos especialistas vaticinaram uma tragédia sem fim para o turismo, o primeiro a ser atingido. Alguns meses adentro da maior crise desde a Segunda Guerra Mundial, com a reabertura da Europa e da América do Norte, o setor começa a se reorganizar e acredita em recuperação total no médio prazo. “Em um período de dois a três anos, as pessoas tendem a ser um pouco mais arredias e preocupadas com a saúde. Mas não vejo o caos atual como definitivo. Algumas coisas são impossíveis de substituir. Existe uma necessidade humana de ter os laços sólidos que o contato virtual não consegue forjar”, diz Thiago Abrahão, presidente do Grupo Águia, que controla a tradicional agência de viagens paulista Stella Barros, a Lynx Aviação Executiva e a operação da empresa de passeios Gray Line no país.

A retomada tende a ser gradual, em sua avaliação. “Relacionamentos pessoais e comerciais são construídos com o olho no olho, o aperto de mão.” Poucos turistas devem se aventurar fora do país em 2020. Assim, os destinos nacionais, que podem ser alcançados de carro ou com um voo curto, ficam em vantagem. Aos poucos, conforme conhecem as novas práticas de aeroportos e companhias aéreas para higienizar e aumentar a segurança sanitária da experiência de voar, os passageiros devem buscar destinos mais longos. “Andar de avião está mais seguro do que outras modalidades de transporte público”, diz Abrahão.

Por outro lado, para o setor de cruzeiros aquáticos o desafio é maior: o navio, com suas muitas piscinas, restaurantes e salões de festa, tem como objetivo promover a socialização dos turistas. Enquanto muitas empresas do setor em todo o mundo pressionavam por uma reabertura rápida da economia, a empresa, que vendeu 90.000 bilhetes aéreos, 500.000 refeições e 200.000 diárias de hotel no ano passado, preferiu esperar, para preservar a saúde dos colaboradores e clientes. O Grupo Águia está começando agora a repovoar seus 14 escritórios, mas prevê uma volta à normalidade somente em cerca de dez semanas.

Assim que percebeu a dramaticidade da situação, lançou um programa de apoio aos guias turísticos, que viram sua renda cair a praticamente zero com o surto da covid-19 e podem adiantar parte dos valores que vão receber quando os turistas regressarem. “Queremos que se sintam amparados. Como empresa, temos de perceber que nosso papel não é só atravessar esta turbulência, mas ajudar quem está junto conosco a atravessar também”, diz o presidente do Grupo Águia. Cerca de 35 guias de turismo receberam a primeira das três parcelas mensais de 1.200 reais do auxílio em junho.

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