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Guinada à direita? Bolívia terá eleição em agosto marcada por crise econômica e racha na esquerda

Atual presidente, Luís Arce vive briga pública com Evo Morales, ex-líder que tenta disputar eleição mesmo após ser barrado pela Justiça

Crise na Bolívia: ex-presidente Evo Morales estimula protestos contra o governo de Luis Arce, um ex-aliado (Aizar Raldes/AFP/Getty Images)

Crise na Bolívia: ex-presidente Evo Morales estimula protestos contra o governo de Luis Arce, um ex-aliado (Aizar Raldes/AFP/Getty Images)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 31 de julho de 2025 às 20h00.

Última atualização em 18 de agosto de 2025 às 09h45.

Uma Bolívia insatisfeita e em busca de mudanças, com um forte racha na esquerda, votará em 17 de agosto para escolher um novo presidente. O país vive uma crise, com inflação alta e dólares em falta, e a troca de comando gera expectativas. “Esperam-se mudanças que tragam correções na economia e gerem confiança internacional, além de empréstimos, alívios da dívida e chegada de capitais à Bolívia”, diz Carlos Carrafa, diretor do curso de ciência política da Universidade Católica Boliviana.

Há grandes chances de mudança, pois o atual presidente, Luis Arce, de esquerda, desistiu da reeleição. As pesquisas indicam favoritismo de nomes de centro e de direita, que defendem abandonar o modelo nacionalista, adotado desde 2005, e abrir o país ao exterior.

A oposição se divide entre vários perfis, como o empresário Samuel Medina e o ex-presidente Jorge Quiroga. Do outro lado, o partido MAS será representado pelo ministro Eduardo del Castilho, que aparece com chances baixas de chegar ao segundo turno, marcado para 20 de outubro.

A Bolívia vive uma crise em grande parte provocada pelos subsídios, como para a gasolina, pagos pelo governo e que geram dívida em dólares. A medida foi adotada no governo de Evo Morales (2006-19), marcado por um boom na economia do país e por um aumento da distribuição de renda. Arce, ex-ministro de Evo, não conseguiu manter a boa fase ao chegar à Presidência. “Arce é um marxista tradicional, enquanto Evo era mais pragmático e político na economia”, diz Daniel Lansberg, fundador da consultoria Aurora Macro Strategies e professor na Universidade Northwestern

Arce e Evo hoje são inimigos. O ex-presidente, impedido de competir, comanda protestos de rua contra o governo e tenta desestabilizar a disputa. Analistas dizem que há grande risco de alguma tentativa de ruptura e de questionamento de resultados. A Bolívia precisa achar saí-das para duas crises, política e econômica, ao mesmo tempo.

 

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